Capítulo 32: Lute

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Andrew

Minha vida ficava cada vez mais complicada, tanto que não me impressiona que os livros viraram minha maior fonte de companhia.

Poemas em específico, poemas de uma mulher, uma americana sem muito destaque, mas adorava cair nas minhas provas de interpretação. Emily Dickinson era seu nome, pelo que ouvi era uma poeta depressiva, mas certos poemas seus provam o contrário. Nunca fui de gostar muito de poemas, mas de uns tempos para cá tudo que eu precisava era experimentar algo novo. William Blake e Langston Hughes têm sido meus prediletos. Dois americanos e um inglês, para mim é justo. Todos seus livros são encontrados na biblioteca da Comissão, duvido que não tenha de tudo aqui, até os mais clichês da nova geração. Admito que antigamente eu tinha curiosidade sobre os livros da saga Crepúsculo, já que eu assisti os filmes no cinema, mas ainda bem que minha tia me convenceu a não comprar nada.

Consigo sentir muitas coisas a minha volta, tudo muito ampliado. Após o experimento, enxergo melhor, cheiro melhor, sinto tudo melhor, até mesmo as coisas ruins são ampliadas. Mesmo assim, minha força era impressionante, meus reflexos também, eu diria que era impossível Janet ou minha irmã me vencer.

Não sei se meu pai estaria orgulhoso de mim e tenho até medo de mostrar. Se é que posso chama-lo de pai, porque Amberly não chama e não a julgo. Trent nunca foi um dos melhores, e nunca será um deles, mas um resquício de atenção que eu busco dele não pode ser descartado. Tenho tentado provar meu melhor para ele e para minha família a vida toda, agora vou precisar de muito para deixa-lo orgulhoso. Acho que nunca conseguiria isso de todo jeito.

Norman me informou que se encontrou com Amberly e Kane ao seu lado. Deveria ser difícil depois de tanto tempo se juntarem pessoalmente para acabar com uma ameaça maior. Uma ameaça maior do que uma guerra de território entre eles. Dessa vez, um invasor quer tomar parte de seus homens e territórios, e eles precisam fazer alguma coisa. Esse invasor no caso Janet, uma mulher que deveria estar morta. Mesmo que nós fossemos amigos, eu nunca quis que ela voltasse a vida, além do mais já tinha começado a superar. Amberly tinha que vir e interferir com tudo. Tanto que nós perdemos, tudo isso e Amberly trouxe apenas sua namorada. Na minha cabeça, isso era egoísmo de sua parte.

Todo esse tempo eu pensei que minha situação não poderia ficar mais estranha, agora eu sou um ser aprimorado para enfrentar até os piores dos piores. Eu não sei citar as Entidades Cósmicas, mas mesmo se soubesse, eu ainda sou inferior e entendo meu lugar.

Comecei a me preocupar quando meu silêncio foi invadido pelo toque do meu celular. Um número estava discando, um número desconhecido. Tive medo de atender, sempre tive medo de falar pelo telefone, mas dessa vez era diferente. Poderia ser algo importante.

─ Alô? ─ atendia, ansioso e angustiado pela resposta. É por isso que odiava falar com número desconhecido, além do mais não sei o que pode me aguardar.

─ Olha só se não é o VanCite número dois ─ Janet respondia. Por um momento senti certo alívio por ser uma voz familiar e não qualquer outra pessoa suspeita. Mesmo assim, eu não confiava em Janet.

─ O que você quer? ─ parava de me distrair com qualquer outra coisa e foquei no telefone, em prestar atenção em suas palavras. 

─ Eu quero que transmita uma mensagem ─ meus nervos estavam à flor da pele. Estava perdendo a paciência com Janet, se é que podemos chamá-la assim. ─ Estou com Amberly aqui. Eu sei que ela é importante para vocês e é por isso que vou matá-la caso queiram me impedir ─ engoli em seco. Ela não poderia estar dizendo a verdade. ─ Podemos negociar também, mas vocês precisam estar abertos para isso e parar de fazer reuniões entre si. Vocês pensaram que eu não fazia ideia do que estava acontecendo, mas na verdade eu sempre estive espionando de longe ─ as informações eram tantas que estava esquecendo o verdadeiro ponto. Janet está ameaçando Amberly, é isso que iria falar para Norman.

─ Não pode matar a minha irmã ─ tentava argumentar, mesmo que seja óbvio de refutar.

─ Posso, e se tentarem algo contra mim, não vou me importar em acabar com ela e sua medíocre família ─ com certeza não era Janet falando, e tenho medo de descobrir o que era. Depois que pararmos ela, vou ir atrás de respostas. Vou ir atrás do que aconteceu com ela, porque a nossa Janet nunca faria ou falaria uma coisa dessas, muito menos ameaçar minha irmã. ─ Fiquem longe do meu caminho ─ desligava na minha cara.

O problema ficava cada vez maior e, quanto mais avançávamos, também parecia que regredimos. Tenho saudade dos velhos tempos, de quando nosso pessoal não traía desse jeito. Apesar de eu nunca ter interesse em Rebecca, não posso dizer que a traí, além do mais nem namoramos. Quando a questão era a nossa causa, nunca houve traidores. Agora tudo parecia novo, parecia complicado demais para mim, e Janet tem tudo na palma de sua mão. Era impossível de bolar um plano contra ela.

Amberly já deve ter sacado o jogo dela, já deve saber de tudo. Não sei como Janet ainda não a matou por ter traído-a, mas quanto mais ela demorar, melhor. Realmente espero que Kane e Norman tenham um plano mesmo se eu não souber. Uma parte de mim anseia por uma luta, talvez seja a mesma parte dos experimentos. Quero lutar, quero sangrar, é para isso que fui modificado, mas tenho que controlar esses instintos sempre agora. Isso tudo foi um perigo que eu tive de assumir.

Se a antiga Janet está aqui, por favor, lute.

I Think We're Alone Now - Temporada 3 (CONCLUÍDA)Where stories live. Discover now