Capítulo 17: Quanto Mais Longe, Melhor

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Andrew

Era agora ou nunca.

Corri para o outro lado da sala como se minha vida dependesse disso, porque realmente dependia. Sem que eu entendesse o real motivo, Kane havia invadido o local. Como eu não sei, mas com certeza já vinha planejando isso. Eu estava sem acesso aos poderes de Amberly por ela estar sem eles, assim eu parecia indefeso. Tenho que me lembrar de que meu poder é o melhor no ataque, mas não em agilidade. Morreria em alguns segundos se enfrentasse essa frente de batalha apenas com adagas.

Norman estava se escondendo das armas e atacando aos poucos com as costas na parede que nos defendia dos outros. Cheguei ao seu lado o mais rápido que pude sem ser arranhado, por mais que eles quisessem me acertar. Norman tinha sido atingido de raspão em baixo do olho, por um tris não ficou caolho. Acho que nesse momento, todos tinham jogado o tratado de paz no saco.

─ Garoto, venha aqui ─ ele mandava eu ir mais perto. ─ Você teleporta apenas com os poderes da Amberly, não é? Está sem eles ─ tentava dizer escondido para que ninguém ouvisse, o que deveria ter dado certo. No meio dos tiros e do caos, ninguém queria ouvir uma conversa que não acrescentaria em nada. ─ Para vencermos isso aqui, vou precisar que você liberte a sua irmã.

─ Mas ela tem que ser a prisioneira, ela tem que estar segura ─ tentei argumentar, mas minhas palavras não eram nada agora.

─ Sua irmã vai escapar de todo jeito. Tome ─ ele tirou um comunicador do bolso e colocou um deles em seu ouvido. ─ Vá atrás dela e liberte-a. Você precisa dos poderes dela ─ balancei a cabeça em concordância e coloquei o comunicador em meu ouvido. ─ Não me desaponte ─ saí em disparada tentando bolar passagens na minha cabeça para não atravessar o exército inimigo. Decidi que pegaria a entrada de serviço, pequenos túneis que davam para diversas partes do santuário. Como um lugar tão grande pode estar tão bem escondido?

Eram paredes disfarçadas, porém se você apertasse uma plaquinha na parede, que indicava o nome do cômodo, uma porta se abria e se fechava ao entrar. Por dentro tinha cheiro de mofo e quase cheguei a bater a cabeça no teto. Por pouco eu conseguia ficar em pé. Luzes de emergência brilhavam o caminho, enquanto eu tentava acertar o corredor certo. Sorte que tiveram pequenas placas dizendo o caminho. Parecia algo do passado adaptado para o novo. Se tivessem tochas no lugar de luzes e paredes de pedra irregulares no lugar do cimento eu acreditaria que estava na idade média.

Mas tenho sorte que tenha durado tão pouco.

─ Amberly ─ saí da passagem secreta, que na verdade era uma passagem mais prática para as pessoas que trabalhavam aqui, e fui chegando para perto de sua cela, mas algo estranho me amaldiçoava, a porta estava aberta. Quando entrei haviam três corpos, dois soldados e uma mulher, a mesma mulher que tinha me colocado de volta a minha cela, a mesma mulher que me entregava comida todos os dias. Queria ter conhecido-a melhor, não deveria ter evitado tudo durante meu exílio. ─ Merda ─ xinguei a mim mesmo e sai andando em passos rápidos e ágeis. O sangue estava fresco, ela não deveria estar longe.

Se ela for atingida vai virar problema meu, vão supor que eu deixei ela fugir, tudo pelo que ambos lutam acabaria. Não sei o que aconteceria se um de nós morresse. Somos tão conectados mentalmente que tenho medo de ambos morrerem. Mantive meu caminho pelos corredores, na esperança de encontrar uma mulher de um metro e sessenta, com uma camiseta branca e calça preta andando por aí. Não seria difícil de achar, eu só tinha que continuar procurando.

Não quis dar muitas chances, mas entrei no banheiro feminino em procura de Amberly. Credo, eu nunca tinha sequer olhado dentro de um, mas tenho sorte que todos estavam por aí, sem se preocupar com seus dejetos, ou até mesmo já te-los feito nas calças. O ataque inesperado dava medo em qualquer um, não julgo qualquer um que tenha se cagado de medo. Acho que eu faria o mesmo dependendo da situação.

─ Amberly? ─ tentei chama-la mais uma vez, mas diferente das outras vezes, obtive respostas. A voz da minha irmã era chorosa, porém sempre tentando esconder o mínimo. Ela queria soar controlada, mas tudo que conseguiu foi vacilar.

─ O que você quer? ─ ela dizia com certas falhas na voz. Enquanto recuperava o fôlego fazia mais barulho que o necessário, estava chorando e não percebeu. Ela estava se encarando no espelho do banheiro como se pudesse mudar alguma coisa olhando para seu reflexo.

─ Eu quero te ajudar ─ tentei chegar perto dela, mas ela evitava a todo custo. Acho que ela não se importava com o ataque, mas ninguém viria até o banheiro só para atirar na porra toda. ─ Vamos sair daqui, eu e você. Vamos fugir desse caos e decidir o que fazer até que nos encontrem, ok? ─ enquanto eu falava, não ouvi nenhuma fungada de nariz ou algo do tipo, ela parecia ter parado até de respirar.

Na verdade ela estava com uma faca tentando abrir a coleira do mesmo jeito que Janet fizera quando foram capturados pelo Stryker. Infelizmente. Minha irmã não era tão habilidosa. Com minha própria adaga, cortei os sistemas e logo senti os poderes da minha irmã voltando para parte de mim as como ela deve ter voltado a vida. Amberly estava pálida, mas eu não sabia se era pela falta de luz solar, falta de seus poderes ou se estava anêmica. Com certeza minha irmã não comia a muito tempo, teria que comprar algo bom para ela comer.

Ao sairmos do banheiro, minha irmã deu uma última olhada de relance para tudo isso, talvez esperando alguém aparecer antes de ir embora. Não havia ninguém, os tiros ainda estavam longe, então tínhamos que aproveitar essa fuga. 

─ Preciso visitar uma pessoa, então você vem comigo ─ balancei a cabeça concordando, quanto mais tempo eu conseguir ficar com ela, melhor. Se ela tinha assuntos para resolver, então ambos iríamos resolver. Encarando meus olhos, e eu os dela, Amberly segurou a minha mão e eu sabia que íamos saltar.

Quanto mais longe da guerra, melhor.

I Think We're Alone Now - Temporada 3 (CONCLUÍDA)Where stories live. Discover now