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O silencio e a tensão pairavam sobre o ar daquela pequena sala que possuía um aspecto úmido e, agora, tenebroso. Podemos concordar plenamente que nenhum de nós gostaria de estar ali, com um assassino, barganhando para que ele abrisse a boca e tivéssemos, finalmente, uma prova de tudo o que descobrimos.

-Quer falar logo? – Andrew insistiu, impaciente com Richard que apenas nos encarava após o seu pedido.

-Certo. – Ele engoliu seco, relutante, porém, derrotado. – Antes de eu abrir o bico eu preciso que me prometam algo. – Hesita ao nos encarar.

-Que tipo de promessa? – Nick o questiona, seus braço cruzados, uma posição defensiva assumindo em seu corpo.

-Eu preciso que vocês me garantam que eu e minha família não seremos machucadas, sei que têm acesso a melhor polícia de Nova Iorque.

Amor...

Das três, uma, não é?

-Por que alguém iria ferir sua família? – A minha melhor amiga lhe indaga. – Sem ofensas, mas já ofendendo, vocês são irrelevantes, não têm poder ou influência, não há nada que possamos querer que venha de vocês. – Audrey fala com o seu habitual tom de repulsa.

Ela sentia raiva daquele homem, e, sem sombra de dúvidas, demonstraria isso, com o maio prazer e mais belo sorriso estampado em seus lábios.

-Porque a família dele foi ameaçado para ele fazer o que fez. – Jacob responde, concluindo após segundos pensativos, dando poucos e lentos passos ao rodear o lugar. – Por alguém que ele conhece, alguém que ele reconhece, mas que não fez o trabalho sujo, não é mesmo? – Ele se volta para o nosso refém que abaixa a cabeça e perde toda a valentia que aparentava ter até minutos atrás enquanto nos ameaçava com uma arma.

-Vocês não entendem. – Ele suspira. – A minha família é tudo para mim, eu faria qualquer coisa por eles. Meu filho só tem oito anos, jamais deixaria que o machucassem. Minha amada esposa deixou tudo para se casar comigo e entregou sua vida para o nosso filho, eu não poderia permitir que a machucassem por minha causa!

Repentinamente, sinto pena dele, sinto remorso e até mesmo me compadeço do homem.

Sejamos sinceros, o que não faríamos pelas pessoas que amamos?

-Rose era uma colega de trabalho, mas também amiga intima da família. Eu não queria... eu... eu não. – E assim, o Sr. White se desmonta em choro acompanhado de soluços e fungadas. – Eu ainda consigo escutar suas súplicas, as suas indagações do porquê eu estava fazendo aquilo. Ainda a vejo em meus sonhos. Ainda vejo todo o sangue... as sirenes, o seu corpo sendo levado... – Sua respiração é ofegante, seus olhos incertos e dispersos, é visível que seu corpo treme e seu estado mental já não está mais estável. – Eu fiz aquilo! Eu a matei. Por Deus, eu matei Rose! Como eu pude? Como...? – Seguro firme a mão de Audrey, aterrorizada com aquela cena, não conseguindo evitar que lagrimas se formassem no canto dos olhos ao ver Richard, um homem que um dia já foi tão gentil, inocente e amável, se transformar... nisso que está a minha frente.

Ele a matou, a matou no lugar de sua família. Se culpa por isso, se arrepende do que fez, mas..., mas continua um assassino.

Céus, eu não posso condená-lo, eu não tenho esse direito. Eu mesma estou sendo ameaçada. Eu mesma estou sentindo na pele o que isso faz com uma pessoa que antes tinha a vida "perfeita". Sei que tudo o que eu já fiz até agora, todas as loucuras e insanidades foram causadas por "simples" ameaças de um homem que se autodenomina Cavaleiro.

Eu não posso julgá-lo, afinal, será mesmo que, em seu lugar, eu não teria feito o mesmo?

-Ele... aquele desgraçado, miserável... ele disse que mataria todos, disse que tinha pessoas importantes, pessoas poderosas ao seu lado, disse que se eu não o obedecesse seria a minha mulher que possuiria uma bala em sua testa, e meu filho... meu pobre Jeremy, disse que seu destino seria ainda pior, o faria sofrer antes de pôr um fim na vida do meu garotinho. – A face do homem ainda preso assumia um novo tom de vermelhidão pelo choro recorrente, seus olhos ressequidos e brilhantes pelas lagrimas, seu nariz escorrendo e sua boca trêmula.

O Lado Mais Sombrio de Nova Iorque (EM PAUSA)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora