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-Ashley Scott, venha cá agora! – Uma poderosa voz ressoa atrás de mim, fazendo-me morder o lábio inferior em puro nervosismo.

Dou uma meia-volta e enfim dou de encontro com a minha melhor amiga, que caminhava firmemente em minha direção, com uma expressão indecifrável e, levemente, tensa, pelo o que pude perceber.

-O quê foi? – Pergunto receosa. De um lado, eu estava preocupada, do outro, ligeiramente assombrado com o que ela poderia dizer.

-Acha mesmo que sou cega, hum? – Suas mãos se posicionam em cada lado do quadril, seus olhos me encaram semicerrados, como se assim fosse conseguir ler a minha mente, e, bem, estamos falando de Audrey, tenho certeza de que aquilo acabaria funcionando e ela realmente se tornasse telepata. Nunca se sabe.

-Do que você está falando? – Pergunto, intercalando nossos braços logo em seguida e a guiando para alguma parte do salão – sem ser as sacadas, é claro – que não estivesse com um enorme aglomerado de pessoas curiosas e intrometidas que amariam saber sobre cada detalhe das nossas vidas, o porquê exatamente eu desconheço, entretanto, sei o suficiente para ter total ciência de que isso, certamente, aconteceria com facilidade em uma sociedade como a nossa.

-Do que eu estou falando?! – Ela abre a boca em perplexidade. – Oh, não sei, não sei, só talvez do último acontecimento mais comprometedor para você...? – A pretensão evidente em seu tom de voz exagerado.

-Abre logo o jogo, Audrey. – Peço, consideravelmente cansada para entrar naquela série de enigmas que a morena me proporcionava.

-Bem, não é tão comprometedor assim, só a compromete em nossa aposta, é claro.

Aposta?

Ah... aquela aposta. A aposta

-Mas o que aconteceu que a comprometeria? Oh, já sei, você não aguentou e se declarou para Nick? – Provoco-a, arrancando-lhe somente um sorrisinho cínico e um rolar de olhos.

-Muito pelo contrário, mi amore. Eu vi você saindo, e logo depois o Beaumont, daquela sacada ali. Ninguém mais saiu, e ninguém mais tinha entrado, além de vocês dois, portanto, presumo que estavam sozinhos... e sabe o que isso significa?

-Não, o quê? – Questiono em puro desdém e ignorância.

-Que algo aconteceu! – Diz em tom de obviedade. – E, se aconteceu o que eu acho que aconteceu, estou prestes a ganhar um par novinho de sapatos daquela coleção da Chanel maravilhosa que você comprou na primavera.

-Oh, agora eu entendi tudo. – Suspiro tentando reforçar a minha indiferença que não era assim tão verdadeira quanto eu queria que aparentasse ser.

-E então? O quê aconteceu? Quero saber de tudo. – A garota a minha frente diz eufórica.

-Se você quer assim tanto saber, lá vai... – Pauso dramaticamente. – Nada. Nadinha de nada. – Digo de forma entrecortada, soltando apenas a verdade no final e tendo a visão da queda de sua expressão como maior prazer.

Céus, ela realmente pensou que aconteceria algo?

Tá, não posso julgá-la, pensei o mesmo no momento...

-Não é possível, Ash. – Cruza os braços, incrédula. – Desembucha, sabe que não precisa ter vergonha comigo.

-É sério, não rolou nada.

-Isso eu já entendi, não aconteceu nada romântico, como eu queria que tivesse... – Murmura no fim. – Mas algo aconteceu, sinto isso.

-Sente? – Pergunto em uma risada entrecortada.

O Lado Mais Sombrio de Nova Iorque (EM PAUSA)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora