22

349 34 217
                                    

Uma fortíssima claridade atinge minhas pálpebras que haviam se acostumado com o escuro daquele sono profundo.

Vozes abafadas e longínquas soavam em algum lugar próximo de onde eu estava.

Abro finalmente meus olhos, mesmo que com uma certa, ou melhor, grande, dificuldade. O ambiente se tornando, aos poucos, cada vez mais visível aos meus olhos que ardiam pelo contato repentino com aquele brilho intenso.

Me sentia sonolenta e grogue, uma sensação parecida com a que eu imagino ser a de uma ressaca. Minha cabeça doía, chegando até a latejar, como se meu cérebro pulsasse dentro do meu crânio e fazia com que toda a extensão de meu rosto doesse juntamente com ele.

Aquilo me incomodava.

Observo, então, o lugar que eu me encontrava, meus olhos varrendo pelo arredor. O chão, abaixo de mim, era gélido, quase glacial. A sensação de estar cercada por muralhas, deteriorava ainda mais os meus sentido. Na verdade, eram apenas as imensas prateleiras que, pela grande quantidade, criava um labirinto interno e acabavam gerando este efeito em mim, em parte acredito que tenha sido pela pancada.

Céus, eu havia levado uma pancada! Agora eu me lembro...

Mas como exatamente eu vim parar aqui?

Corredores e mais corredores de papeis e arquivos cercavam a minha figura, pequena se comparada aos objetos que estavam ao meu redor. Tentava, a todo custo, reconhecer aquela cena que me era familiar, mas não reconhecida inteiramente.

Ponho meus cotovelos no chão, apoiando o meu tronco, ainda meio deitada, porém tentando me reerguer e ter alguma visão a mais, ou pelos menos entender o que aquelas pessoas diziam. Por causa, especialmente, disso, foco minha mente nos sons a minha volta, distraindo-me da dor excruciante que ainda me assolava.

-Nós chamaremos uma ambulância agora! – A voz de uma mulher ressoa dominante.

-Não entende que não podemos?! – Outra exclama em alto tom.

-Eu não ligo para as consequências, nós iremos chamar uma ambulância! – Ela soa pausadamente, de forma tenebrosa e autoritária.

-Se chamarmos, acha que não ligarão para o pai dela? E junto dele viram os paramédicos, e todos começarão com aquelas perguntas idiotas, como por exemplo, a mais comum e previsível: "que raios estávamos fazendo para deixar a nossa amiga ter levado uma pancada na cabeça de um extintor?" – Seu tom era pura sátira e fúria, uma mistura perigosa de todas aquelas emoções negativas. – Acha mesmo que não nos meteremos em encrenca?

-Entende que ela pode ter sofrido uma concussão?! – Sua voz sobressai a do garoto. – Eu não ficarei parada, vendo minha melhor amiga machucada, sabendo que podia ter feito algo para remediar a situação.

-Thompson, até eu, que não vou com a cara da Scott, acredito que tínhamos que chamar uma ambulância. – Uma terceira voz se intromete. – Tenha senso.

-Viu só? O Jacob está usando o cérebro, por que não experimenta?! – A mulher retruca rudemente.

-Por Deus, vocês dois, parem de gritar! – Uma outra quarta voz se junta a gritaria, uma voz masculina, dessa vez. – Primeiramente, Audrey e Andrew, vocês dois não param de brigar desde que nos encontramos hoje, então, ou sejam maduros e parem de agir como irmãos birrentos que se provocam todo o tempo, ou caem fora daqui. – Ordena firmemente, impaciente com aquele cenário. – Segundo. – Suspira acalmando-se, igualmente aos outros. – Porque não perguntamos para Ashley o que ela acha, hum? – Aponta com o braço esquerdo em minha direção e só então reconheço quem são as pessoas que falam, e também que Nick já havia notado que eu estava acordada primeiro que todos e nem mesmo eu reparei que ele havia me visto. – Se preocupam tanto em ficar brigando que nem se deram conta de que ela já está acordada. – Diz nervoso, os braços soltando-se finalmente, rentes ao corpo do loiro.

O Lado Mais Sombrio de Nova Iorque (EM PAUSA)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora