24

344 34 53
                                    

O letreiro iluminado, escrito "Lanvin" era o suficiente para sabermos que havíamos chegado ao nosso destino.

Audrey e eu, geralmente, tínhamos marcas especificas para certas ocasiões e, na maior parte do tempo, elas eram bem diferentes, em todos os aspectos. Enquanto Audrey escolhia Cartier, eu optava por Tiffany; ela caminhava para a Prada e eu para a Chanel; sua escolha de lei seria Schiaparelli, e a minha, certamente, Versace. Mas, quando não estávamos no preto e branco e decidíamos ter um momento no cinza, com certeza a marca que se destacava era Lanvin. Uma grife francesa de grande prestígio com sede em Paris, sendo uma das casas mais antigas que sobreviveram durante todos estes séculos, e que, de forma certeira, atingia as expectativas e gostos de Audrey e eu, sendo uma das únicas a qual íamos juntas.

Ao adentrarmos o ambiente que transpassava o sentimento e emoção de estarmos fazendo comprar em Paris, uma das vendedoras logo nos reconheceu, aproximando-se das duas garotas do Uper East Side e sem mais delongas adivinhando a ocasião para a roupa da vez. Bem, sempre íamos nesta loja comprar os vestidos para o baile beneficente do Dia de Ação de Graças, então era previsível o motivo da nossa aparição nesta loja.

-O quê as senhoritas pensaram para este ano? – Pergunta à nenhuma de nós em específico. – Possuem alguma ideia de modelo, cor...?

-Eu acho que quero cores claras, realça bem o meu tom de pele. Algo leve, talvez se fosse de seda criaria esse efeito. – Divaga consigo mesma. – O tamanho não importa, curto ou longo... para mim tanto faz. – Volta-se para a atendente.

-Com ou sem estampa?

-Com, talvez algo florido...? Isso sempre me remete as folhas caídas do outono, marca registrada do Dia de Ação de Graças. – Fala confiante. – Ah, e por favor, tons de outono, mas claros, sem mangas. – Relembra a moça.

-Certo, acho que tenho uma sessão perfeita para a senhorita. – Minha melhor amiga se anima alegação. – Podemos? – A mulher, que não aparentava ser muito mais velha, pergunta, estendendo o braço para que a acompanhássemos.

Caminhamos pelo chão brilhante e álgido da loja, nossos saltos tilintando contra o piso, uma outra porta sendo aberta e a lojista pedindo para que adentrássemos.

-Aqui temos vestidos que chegaram neste último verão, muitos deles são peças únicas e que vieram da sede em Paris, a maioria da coleção não veio para a América, por isso a pequena quantidade. – Explica a minha melhor amiga que assente e caminha com toda a sua exuberância até os cabides onde os belos vestidos ficavam expostos. E céus, como eles era deslumbrantes! Agora entendo por que a vitrine não é digna de apresentá-los.

-E a senhorita? Já tem alguma ideia do que quer? – A vendedora volta-se para mim assim que deixa Audrey no que parecia ser seu próprio parque de diversões. Eu juro, os olhos da garota nunca brilharam tanto quanto agora.

-Eu prefiro cores neutras, de preferência cores do outono, sabe? – Ela assente com um sorriso amigável e prestativo. – Por favor, sem estampas, o máximo minimalista, não gosto de rendas ou pedrarias, babados talvez, não faço questão de ter ou não ter mangas, e não tem problema o tecido ser reluzente, são só coisas "coladas" no vestido que eu não gosto muito. – Explico a ela.

De fato, o estilo minimalista era o mais atraente para mim. Sou uma pessoa que prefere um colar brilhante ao invés de pedrarias em toda a saia do vestido. Além de que o ar elegante que uma peça de uma cor única provoca é de outro nível.

-O quê acha de um tom champanhe? – Sugere com uma das sobrancelhas arqueadas, tendo certeza de que seria uma ótima opção para mim. – Sei que geralmente com o seu tom, cores escuros destacam mais, mas acho que o champanhe vai brilhar em você, não é branco, nem bege voltado para o marrom, portanto, acredito que seria uma ótima pedida para a senhorita. E continua na paleta de cores nudez que sempre há no outono.

O Lado Mais Sombrio de Nova Iorque (EM PAUSA)Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora