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Assim que chegamos no prédio tão familiar para mim, todos se sentam no sofás enquanto Jacob espera do lado de fora e eu corro para buscar seu disfarce da vez, veremos a surpresa que ele terá...

Era mais do que claro que faríamos rapidamente essa operação, nada de enrolar, nada de dar bandeira, entraríamos, acharíamos o que precisávamos, e, por fim, daríamos o fora, sãos e salvos, sem nenhum rastro sequer deixado para traz. Não tínhamos o luxo de sermos pegos, ou termos a mínima suspeita. Nada poderia sair fora dos trilhos.

Sem contratempos. Sem situações inesperadas. Sem distrações.

Era assim que devíamos fazer.

Mas não foi totalmente assim que aconteceu...

Encontrando-me com Jacob, que tentava não chamar muita atenção do lado de fora, – o que era um pouco impossível – lhe entrego, mais uma vez, o disfarce para Jacob o qual, mais uma vez, expressa seu desgosto pelas peças escolhidas.

-Tô começando a achar que faz isso de propósito. – Me encara, suspeitoso como eu já deveria ter imaginado, e como faz com tudo e com todos. – Não é possível que não haja peças normais e masculinas naquele achados e perdidos.

Sinceramente, nunca vi pessoas mais desconfiada em toda a minha vida. Não que ele não estivesse errado de desconfiar de mim nesse quesito em específico.

-Ora, mas por que eu faria isso? – Questiono, um sorriso tão falso quanto ingênuo tomando conta de meus lábios.

-Por que, não é? – Sua ironia é clara como o sol e eu continuo com um sorriso cínico estampado enquanto ele colocava os óculos de oncinha que eu havia encontrado. Certamente uma mãe, na casa dos cinquenta, que tem uns três filhos e tira foto de qualquer coisa que aconteça, esqueceu-se do óculos quando foi tentar separar uma briga entre os filhos.

Sim, um óculos pode dizer muita coisa e eu desvendei tudo com uma simples e rápida olhada no objeto.

-Vamos. – Falo ao vê-lo "pronto" com os acessórios arranjados no achados e perdidos.

-Graças a Deus ninguém vai me reconhecer vestido assim. – Ouço Jacob murmurar logo atrás de mim.

Nego com a cabeça, rindo das reclamações do Beaumont.

Nossos amigos estavam na entrada, somente nos aguardando para dar continuidade no plano.

-Seu gosto me surpreende cada vez mais, Beaumont. – Audrey é a primeira comentar – obviamente – quando entramos juntos e aproximamo-nos de onde o restante dos nossos colegas continuavam posicionados; soltando um riso abafado por entre os dentes, não deixando de caçoá-lo enquanto pode.

-Vai se ferrar. – Revira os olhos, sua paciência esgotando-se a cada segundo que passava vestido com aquela echarpe vermelha, o chapéu de jazz e, não deixando de citar, o icônico óculos de oncinha.

-Quanta hostilidade. – Se faz de inocente e ele não se da o trabalho de revidá-la, seu rolar de olhos substituiu qualquer palavra que poderia ter dito para evidenciar seu descontentamento.

-Vamos fazer isso rápido, certo? Eu vou na área burocrática, pego a chave, encontro com vocês já no corredor, me esperem lá e não sejam óbvios ou questionáveis quando seguirem para o ponto de encontro, ouviram? – Dessa vez sou eu quem passa as ordens, sendo elas claras e objetivas, não tínhamos tempo para discussões.

Os quatro concordam e já seguem em direção ao corredor onde teriam de me esperar.

Expiro profundamente, procurando o oxigênio necessário para criar a coragem que precisava.

O Lado Mais Sombrio de Nova Iorque (EM PAUSA)Where stories live. Discover now