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(N/A): Eu não ia postar hoje (dia 16), mas como é meu aniversário, acho justo, sem contar que, até agora, este é um dos meus capítulos favoritos. E gente, sério, que escrevi esse capítulo inteiro com essa música em modo repetitivo, não consigo imaginar as cenas que lerão sem ela de fundo, é simplesmente perfeito.




Minhas bochechas doíam pelo movimento repetitivo, precisei massageá-las mais de uma vez nos momentos em que ninguém me observava, o que foi uma tarefa um tanto difícil, principalmente quando se é a anfitriã de um dos maiores eventos anuais de toda Nova Iorque e todos os olhares estão pousados em você, espreitando um único deslize, quase que desejando ver a "garota perfeita" falhar.

É definitivo. Perdi-me totalmente na conta de quantas pessoas conheci, reconheci, e apertei as mãos hoje. Chocante o fato de meu pai saber exatamente quem eram toda aquela gente. Nome e sobrenome na ponta da língua. Era quase como se ele conhecesse todos os habitantes de Nova Iorque. Meu espanto, todavia, tinham um ótimo motivo.

Sinceramente, acho que nunca compareceram tantas pessoas a este evento, o que me deixou, ligeiramente, surpreendida. Confesso, havia sim perdido as esperanças quanto o número de pessoas que possivelmente a compareceriam a esta festa depois do... acidente. Sempre foi natural um numeroso grupo de respeitáveis homens e mulheres presentes neste baile, contudo, diante dos últimos episódios, não era totalmente incomum e estranha a minha incerteza. Sabia que tudo poderia sair completamente fora do planejado, ou completamente como planejamos, e assim foi, de alguma inexplicável, sobretudo, maravilhosa forma. E foi assim que conseguimos alcançar o nosso recorde de convidados, com um algoritmo de indivíduos praticamente dobrado.

Façanha impressionante, se me permitem dizer.

A alegria estava, redondamente, explícita no rosto meu e de meu pai, ninguém seria capaz de dizer o contrário.

Sorrio mais uma vez para o idoso de cabelos brancos e dentes amarelados que acabara de ter uma "empolgante" conversa de negócios com o meu querido pai e que agora se dirigia para se despedir de mim, assim como todas as outras setenta pessoas que acabaram de se retirar em direção ao buffet que já estava sendo servido a meia hora, e que não havia sido o suficiente para afastar aquelas pessoas desconhecidas para longe de mim.

Céus... eu não aguentava mais aquilo.

Essa sempre foi a pior parte desses eventos. Eu adorava estar neste tipo de lugar, envolta de pessoas, e eu admito, gostava da atenção que recebia, mas começava a me irritar e me sentir sufocada quando passava do limite, e hoje, com total certeza, eu já havia me esgotado.

Não consigo lembrar nem dois terços das pessoas que vi, muito menos seus nomes; meus pés estavam cansados de ficarem sustentando o meu corpo entediado por quase duas horas, e nem meus saltos superconfortáveis seriam capazes de evitar alguma bolha ou dedos amassados; meu sorriso já não era honesto e eu não sentia prazer algum naquilo, sem contar que já havia começado a suar pela quantidade de corpos que ficavam próximos a mim.

Por Deus, basta para mim.

-Pai. – Tomo coragem de uma vez por todas. – Posso ir ficar com os meus amigos ou fazer o que eu quiser? – Peço com uma expressão que dizia, transparentemente, tudo o que eu sentia.

Vejo sua face mudar rapidamente, seu cenho franzindo de leve e seus olhos demonstrando certa culpa e preocupação, seus lábios se juntam formando um linha, praticamente, reta, o que me faz hesitar com a minha última pergunta. Não queria chateá-lo, e muito menos decepcioná-lo. Se o fizesse, eu, sem sombra de dúvidas, poderia ser declarada a pior filha do mundo.

O Lado Mais Sombrio de Nova Iorque (EM PAUSA)Where stories live. Discover now