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Luna Oliveira

Saí cedo do morro e voltei quando já eram quase três horas da tarde. Recebi um monte de mensagens perguntando onde eu estava, respondi meus amigos, e eles me mandaram uma foto tomando açaí na praça perto de casa.

Antes de me juntar a eles, passei em casa para tomar um banho e ver como a minha irmã estava. Lara lia um livro deitada na sua cama, tão concentrada que nem notou quando eu entrei.

— É tão bom ver você voltando com alguns hábitos antigos. — Comentei, e ela levantou a cabeça, abrindo um sorriso. Lara sempre gostou muito de ler e desenhar, desde pequena. O nosso pai sempre dizia que ela seria artista quando crescesse, que o mundo todo um dia teria a honra de conhecer as suas obras de arte.

— Eu peguei emprestado na biblioteca do colégio. — Ela deu de ombros e me mostrou a capa do livro "O pequeno príncipe".

— Estou indo na praça me juntar ao pessoal, você quer me acompanhar? — Perguntei esperançosa. Não queria forçar a barra com ela, Lara ainda estava se adaptando ao convívio novamente.

— Não, quero terminar esse livro até amanhã. — Ela disse, franzindo o cenho.

— Ok, daqui a pouco estou de volta. Qualquer coisa, você pode subir lá em cima.

Lara concordou e voltou a dar atenção à sua história. Eu fechei a porta do quarto e fui me encontrar com meus amigos.

Igor foi o primeiro que eu vi, ele estava em pé e articulava bem animado algo para as meninas. Com certeza era fofoca, aquele ali adorava falar mal da vida dos outros. Quando se juntava com a Gabriela, então... não tinha quem parasse.

— Está falando da vida de quem, hum? — Eu cheguei por trás dele, o abraçando pela cintura. Igor riu e me abraçou de volta.

— Passo mal que você me conhece tão bem! — Ele piscou os olhos para mim.

Dei risada e me sentei ao lado da Laura.

— É de uma tal de Ritinha, ela está ali perto do bar. — Laura cochichou no meu ouvido, apontando de um jeito discreto para o outro lado da calçada.

Apertei os olhos, por conta da minha miopia, e vi a Ritinha na companhia das suas amigas dentro do bar. Para minha infelicidade, não só ela como também o Russo e a mulher dele.

— Ritinha e Carina dividindo o mesmo espaço e sem se matarem no soco? — Murmurei, achando a cena mais estranha de toda a vida. Elas nunca se bicaram, menos ainda quando a Carina encheu ela de porrada.

— Pois é, mona, parece que as duas agora têm uma inimiga em comum para atacar. — Igor me olhou todo debochado.

Gabriela gargalhou e concordou com a cabeça.

Levantei as sobrancelhas quando entendi que aquele inimigo era nada menos do que eu.

Decidi esquecer um pouco daqueles três e foquei completamente nos meus amigos. Em determinado momento, Igor saiu para comprar bebidas na adega e nós ficamos ali mesmo na praça enchendo a cara enquanto jogava conversa fora.

Russo estava me ignorando de propósito, e Carina adorava tudo aquilo, era claro. Ela fazia questão de ficar pendurada no pescoço dele, me lançando olhares a cada dez segundos.

Já estava ficando de saco cheio e pensando em voltar para casa, quando Russo se desgrudou dela e veio caminhando na minha direção. Carina fez uma cara de surpresa e correu atrás dele.

— Por que está fazendo isso comigo, Russo? — A voz dela estava embargada e os olhos cheios de lágrimas. Mesmo não querendo, senti compaixão. Apesar de ser uma vaca comigo, ela não deixava de ser a vítima da história. — Por que você continua esfregando essa vadia desgraçada na minha cara? O que eu te fiz?

Sombras do Amor [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora