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26
Luna Oliveira

As ruas da favela estavam um formigueiro por conta do baile. E aqui estava eu agora, entrando na quadra após ser convencida a comparecer de uma forma nada legal pelos meus amigos. Eles ficaram me enviando áudios e fotos até que eu acabei perdendo o sono, me arrumei e vim.

Pela última mensagem de Igor, eles estavam me esperando perto do palco onde umas dançarinas do morro dançavam. A primeira que encontrei foi Gabriela, ela estava rindo e conversando sozinha, deu até pena de ver.

— Está falando com quem, doida? — Cheguei por trás dela, causando-lhe um susto.

— Amiga! Você veio! — Me abraçou apertado, o hálito de álcool chegando até minhas narinas. Isso porque ainda não eram nem duas horas da manhã. — E está muito gata, puta que pariu! — Ela me olhou de cima a baixo toda de boca aberta.

Fiquei um pouco sem graça porque era a primeira vez que fui capaz de perceber o seu olhar com segundas intenções. E ela me olhava como se eu fosse a garota mais linda do local.

Escolhi um vestido vermelho justo e curto justamente para chamar a atenção. Hoje eu queria sair completamente da minha zona de conforto.

— Por que você não pode me amar do jeito que eu te amo, Lua? — Perguntou de repente, me pegando desprevenida.

— Você está bêbada, Gabi. — Bufei, puxando o copo da sua mão. — É melhor você ir para casa, vamos, eu te levo.

Gabriela negou com a cabeça e começou a fazer uma birra que me fez desistir de levá-la embora, mas fiz uma nota mental para ficar de olho nela.

Laura apareceu logo depois junto com Igor, que nos arrastaram até a meiota onde alguns conhecidos da época do colégio estavam dançando.

— Olha lá o seu preferido, ele não passa de um canalha, está vendo? — Gabriela rosnou em meu ouvido e me fez olhar em direção a um dos camarotes lá em cima. — Nunca vai te dar valor.

Russo estava com uma garota de cabelo ruivo sentada em seu colo, ela se esfregava no colo dele, mas o mesmo parecia não se incomodar enquanto trocava meias palavras com os amigos. Senti algo estranho, raiva, talvez? Porém não me apeguei muito àquele sentimento ruim.

Vingança. Era tudo sobre isso agora.

— Não me importo com ele, Gabi.

Puxei Laura pelo braço e a levei até a barraca de bebida comigo. Nós duas pegamos dois copos de whisky com pedras de água de coco.

Enquanto eu dava um gole generoso na minha bebida, dois homens emparelharam do nosso lado. Acho que eram de outra comunidade porque nunca nem vi por aqui. Laura logo se rendeu e estava beijando o mais velho, o outro ficou me olhando meio xoxo, mas deixei claro o meu desinteresse.

Esperei até que Laura estivesse satisfeita em engolir a boca do garoto e voltamos para perto dos nossos amigos.

Dancei, curti, bebi mais ainda... Era perto das três e eu já nem conseguia contar quantos dedos tinha nas mãos. Me diverti à beça, como não fazia há tempos. Sem me importar com o amanhã, ou nos julgamentos que eu receberia na rua.

Alguns caras chegaram em mim, outros apalparam a minha bunda, e eu estava alegre demais para me importar.

Estava descendo até o chão com as meninas e pagando calcinha para geral, quando um cara parou ao meu lado e falou alguma coisa incompreensível no meu ouvido. Eu não entendi nada, só reparei nele apontando para o camarote onde Russo estava.

Avisei a Laura que voltava em minutos e subi para o camarote, logo de cara me deparando com Russo tragando um cigarro e outra garota pendurada em seu pescoço.

Sombras do Amor [M]Where stories live. Discover now