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— Você tem certeza que a Bruna disse: "Eu vi sua irmã", Lua? — Gabi estava ansiosa, mas ainda parecia cética com o que eu contava sobre minha conversa rápida com Bruna ontem.

Minha irmã estava sumida há tanto tempo, sem notícias reais, que parecia quase irreal acreditar que ela estivesse bem e viva.

— Sim, ela disse que viu minha irmã e que ela não estava bem. — Meus olhos se encheram d'água só de pensar que Lara poderia estar sofrendo ou passando por dificuldades na rua. — Meu coração diz que é verdade, Gabi. Que ela precisa de mim.

— Desculpe cortar seu barato, mas estamos falando da Bruna. Não dá para levar em consideração o que ela diz, aquela garota te odeia. — Murmurou, e quanto mais eu pensava, mais via que Gabriela tinha razão. Bruna não falaria aquilo sem motivo, ou mentiria ou queria algo em troca.

— Eu sei, mas preciso da verdade, entende? — Suspirei, observando a movimentação das motos. — Vou procurá-la depois, talvez amanhã não dê, a Gigi pediu para comprar coisas que faltam no salão. Mas vou correr atrás. Preciso saber se Lara está machucada, trazê-la de volta para casa.

— Posso falar com a Bruna por você. — Gabi sugeriu, mas recusei. Era minha luta, eu precisava enfrentá-la. — Ela não vai crescer para cima de mim.

— Não, eu vou fazer isso. — Falei firme. — Sozinha.

Gabi concordou e não insistiu.

— Russo veio me confrontar de novo por causa do Théo. — Compartilhei depois do silêncio entre nós. — Me viu saindo da casa dele de manhã e não gostoy.

Gabriela virou para me olhar e revirou os olhos.

— Ele não se manca. — Bufou, acendendo um cigarro.

— Por que ele não me deixa em paz? Não entendo, já paguei o que devia.

— Porque ele gosta de brincar com as pessoas, Luna, é o que ele faz. Brinca com a vida delas. — Gabi parecia irritada. — Por favor, não caia nessa.

Fiquei calada, tudo estava confuso. Russo, que há alguns meses mal suportava minha presença, agora tentava se enfiar na minha vida feito um rato.

— Você não vai deixar ele se aproximar, né? — Gabi perguntou insegura.

Encolhi as pernas, me ajeitando na calçada em frente a casa dela.

Eu seria forte o bastante para mantê-lo longe? Ele só me fez mal, mas... algo me confundia.

— Eu... eu não sei. Às vezes, acho que sim. Mas às vezes... fico perdida. — Confessei, envergonhada. Era difícil admitir em voz alta que alguém que me humilhou tanto tinha a capacidade de mexer comigo dessa forma.

— Não acredito nisso, não acredito que estou ouvindo isso, não vindo de você. — Gabriela murmurou, chocada. — Sério? Você se sente mexida por um homem que destruiu a sua vida? Que te obrigou a fazer sexo com ele? Que te bateu inúmeras vezes? Ele te marcou para sempre, Luna, é isso que pessoas horríveis como ele fazem.

— Ele não me forçou a nada, Gabi. Fui eu quem escolheu pagar a dívida com sexo.

— Isso importa? Tenho certeza que ele não te deu outra escolha, sabia bem o que você faria para salvar sua irmã e te induziu a fazer aquilo sem você perceber. — Gabriela se levantou, olhando furiosa para mim.

— Por que se importa tanto? Se eu quebrar a cara, é problema meu! — Levantei também, irritada com toda a proteção exagerada dela.

— Porque me importo com você, quero o seu bem. Diferente daquele cara, que é casado e fica indo atrás de você.

— Será que esse é o verdadeiro motivo, Gabi? Porque parece que você tem uma queda pelo Russo! — Esbravejei sem pensar, me arrependendo na hora.

Gabriela me encarou com espanto, e vi seus olhos castanhos começarem a se encher de lágrimas. Ela estava magoada comigo. E, droga, eu estava irritada demais para pedir desculpas!

— Caraca, Luna, você não pode ser tão cega assim! — Gritou Gabriela, com o rosto corado, secando com raiva as lágrimas que escorriam, atraindo olhares da mercearia próxima.

— Do que você está falando? — Cruzei os braços, envergonhada por acusá-la daquele jeito. Gabriela sempre detestou o Russo, muito antes de eu me envolver com ele.

— Eu sempre fui apaixonada por você, droga! — Ela explodiu, deixando-me atônita. Pera... Eu entendi errado ou Gabi realmente tinha acabado de falar que... Não... — É por isso que me importo! Não é por aquele cara, é porque eu te amo! Sempre amei!

— O quê? — Mal consegui formular uma resposta.

O mundo parecia desabar. Não podia ser real, não podia ser verdade que minha melhor amiga acabara de se declarar para mim assim.

— Nunca percebeu? Nunca viu como eu te olho? — Gabriela pareceu rendida, exausta por guardar aquele segredo por tanto tempo. Porque, sim, eu não fazia ideia dos sentimentos dela.

— N-não, claro que não. Você sempre me empurrou para seus amigos, Gabi, inclusive para o Théo. E por Deus, você nunca me contou que também gostava de garotas.

— Porque, mesmo amando você, eu queria sua felicidade, mesmo que não fosse comigo. — Ela disse, chorando agora. Queria abraçá-la, dizer que tudo ficaria bem, mas fiquei em silêncio. — Aquela vez que nos beijamos foi o melhor dia da minha vida. Meu coração quase parou, e eu nunca esqueci.

— Era um jogo... — Sussurrei, negando com a cabeça. Por que ela nunca me contou seus sentimentos?

— Eu sei que meu amor não é correspondido, e isso machuca. Muito. Te amei em segredo por anos. E dói ver você entregando seu coração a alguém que não merece.

Desviei o olhar. Quanto tempo ela me amou? Quanto tempo escondeu isso?

— Eu... não sei o que dizer. Preciso de um tempo. — Falei, afastando-me de sua casa, sabendo que ela precisava de mim, mesmo assim, fui embora.

— Lua... — Ela implorou, mas continuei caminhando, afastando-me dos problemas, mesmo sabendo que poderia estar sendo egoísta, especialmente sabendo quanto ela sempre esteve ao meu lado. Mas... eu não podia dar nada, pelo menos não agora.

 eu não podia dar nada, pelo menos não agora

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Sombras do Amor [M]Where stories live. Discover now