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Luna Oliveira

O sexo com Russo, na maioria das vezes, se tornava algo maçante e muito constrangedor para mim, principalmente quando ele estava no estado em que se encontrava agora. Me sentia muito usada, uma porcaria, como se eu não fosse digna o bastante para ser respeitada por ele.

Sinceramente, jamais seria capaz de entender a cabeça dele. Se não sentia ciúmes do Théo, como falou, por que armou aquele circo na frente dos meus amigos? Agora, todos ficariam sabendo que eu estava transando com um traficante, e com certeza pensariam o pior dos motivos para justificarem isso.

Me virei na cama para encará-lo. Ele estava quieto demais, o que já era muito suspeito, e falou muito pouco desde que descarregou em mim um caminhão de ofensas. Ao contrário do que imaginei, encontrei ele de olhos fechados, ressonando baixinho enquanto dormia.

Suspirei, olhando para o teto sem acabamento daquele barraco. Sei que devia estar me preparando para o que estava prestes a acontecer na minha vida; uma bomba explodiria a qualquer momento em minhas mãos e eu não tinha para onde correr.

Como olharia para os meus amigos depois de tudo? Théo não ia querer nem mais olhar na minha cara depois de praticamente ser agredido por nada.

Deixei os pensamentos um pouco de lado e me concentrei no barulho insistente de um celular apitando no chão do quarto. Acho que era do Russo. A barra de notificações subia sem parar; parecia ser uma emergência.

Eu estendi o braço para pegá-lo do chão e colocar em cima da cômoda, sem nenhuma intenção de xeretar sua vida, mas foi inevitável não olhar para a tela acesa do celular quando uma nova mensagem chegou, talvez a décima, pelo que contei.

O número estava salvo como "minha nega", e a mensagem perguntava onde ele estava que ainda não tinha chegado em casa. Logo, presumi que era a mulher dele.

Mas o que me deixou sem reação mesmo foi acabar descobrindo sem querer o nome verdadeiro do Russo. Carina o chamava de Diogo na mensagem.

Larguei o celular de qualquer jeito em cima da cômoda, como se tivesse sido pega em flagrante cometendo um crime, e me sentei no colchão, olhando brevemente para o homem deitado logo atrás de mim.

Ele dormia tão profundamente que sequer se deu conta de que eu mexi nas suas coisas, e eu jamais — em hipótese alguma —, admitiria aquilo em voz alta. Sei lá do que ele era capaz de fazer por conta de um erro tão bobo.

Já estava pensando em me vestir e ir embora daqui quando comecei a ouvir umas pancadas na porta da rua.

— Eu sei que você está com alguma vagabunda aí dentro, Russo! Abre essa merda agora! — Arregalei os olhos, dando um pulo na cama quando escutei a voz estridente de uma mulher vinda lá de fora.

Russo despertou do meu lado e olhou bolado para a direção de onde vinha o barulho. As porradas na porta se tornaram ainda mais fortes, deixando claro a força incontestável que aquela mulher tinha.

— Meu Deus... — Choraminguei e comecei a vestir minhas roupas rapidamente, me atrapalhando para colocar a calça. — Acho que é a sua mulher, Russo. — Falei sussurrando, com os olhos cheios de lágrimas, e ele me olhou com uma indiferença palpável. — Eu estou ferrada, ela vai acabar comigo.

Ele deu de ombros e começou a vestir a própria roupa, depois saiu pisando duro em direção ao corredor do barraco. Entrei em pânico.

— O que você vai fazer? Ficou louco? Não pode abrir a porta, ela vai me pegar aqui. — Murmurei em voz baixa e segui atrás dele. O desespero começou a bater dentro de mim, não queria apanhar. — Por favor, não faça isso... — Implorei, terminando de ajeitar a blusinha no corpo. Só faltava colocar os sapatos, que ficaram em algum canto lá no quarto.

Sombras do Amor [M]Kde žijí příběhy. Začni objevovat