𝟶𝟸𝟿

19K 1.2K 431
                                    

Minha quarta-feira foi difícil. Carina ficou perturbando minha mente no salão e soltando várias indiretas no ar, enquanto eu era obrigada a escutar tudo em silêncio. Só não foi pior porque depois eu me diverti bastante com o Théo no shopping do centro.

O resto da semana passou voando, o salão estava com um ritmo acelerado, ainda mais porque era dezembro e o Natal estava cada vez mais próximo. E aí já sabe, né? As meninas queriam tudo ficar disfarçadas nessas datas, era fazendo uma extensão atrás da outra.

— Não vejo a hora de comer o meu peru de Natal... — Igor falou com um sorriso malicioso aberto no rosto. Me engasguei sem querer com o refrigerante que eu bebia e deixei escapar algumas gotículas na mesa.

Foi nojento, confesso, mas era inevitável não pagar uns micos de vez em quando com o Igor do seu lado. O menino só falava abobrinha.

— Ai me poupe né viado, ninguém quer saber dos seus babados não! — Gabriela retrucou, se matando de tanto rir.

— Até parece que você não gosta de um peru também, cara de pau. — Iggy a olhou com indiferença e deu de ombros, causando uma vermelhidão incomum no rosto da Gabi.

— Você me respeita que eu não sou da mesma laia que a sua. — Ela balançou os cabelos, toda se achando. Gabriela começou a aderir o black power, ficou lindíssima demais.

A minha amiga ficou ainda mais bonita com o decorrer dos anos, fazia o maior sucesso aqui na comunidade. Os envolvidos todos babavam nela, corriam atrás, prometiam mil e uma coisas, mas nunca vi a Gabi rendendo conversa para nenhum. Isso que eu achava daora na minha amiga, ela sabia muito bem o próprio valor e nunca se diminuía.

Não conseguia acreditar que ela me convenceu a acordar cedo em pleno sábado. Marcamos de almoçar os três juntos hoje, na pensão de uma conhecida do Igor.

— Quando vamos no brechó da Luiza? Semana passada tinha uns vestidos lindos lá, fiquei de boca aberta. — Gabriela falou, levando um copo cheio de cerveja à boca.

— Estou precisando comprar umas roupinhas mesmo. — Fiz biquinho enquanto me olhava por cima. As minhas roupas de antigamente já não me serviam mais, ainda mais depois que eu comecei a pegar peso de novo.

Por conta disso meu guarda-roupa se resumia a vestidos e saias.

— Amiga, você ficou babado com esse cabelo. Adorei... — Igor falou, me encarando com os olhos brilhando.

— É? Gostou? — Eu sorri, passando a mão em meus cabelos. — A Sasah me encheu tanto falando que eu precisava mudar, que acabou me convencendo.

Meu cabelo estava grande à beça, batendo na cintura. Tomei vergonha na cara e comecei a cuidar dele melhor, apesar da correria estava bem hidratado. Semana passada a Sabrina colocou na minha cabeça que eu precisava de uma mudança na minha aparência, porque desde que me conheceu eu usava o cabelo preso em rabo de cavalo.

— E ela estava certíssima, né? Não é por nada não, amiga, mas não aguentava mais ver você toda xoxinha com aquele cabelo sem graça. — Igor rebateu, me olhando todo debochado. Revirei os olhos, rindo.

Sempre tive o costume de manter meus cabelos presos e com a cor natural da raiz, que era castanho escuro.

— Pois eu não acho. A Lua está linda agora, mas antes ela também estava perfeita. — A Gabriela saiu em minha defesa, se inclinando na cadeira para me abraçar. Apoiei minha cabeça no seu ombro, sentindo o perfume doce da minha amiga.

— A sua opinião não conta, né querida, você vive para puxar o saco dela.

— Epa, eu não puxo saco de ninguém, hein! — Gabriela fechou o semblante. Eu gargalhei, não discordando do Igor. A verdade era que Gabi sempre me viu com um olhar diferente das outras pessoas.

Sombras do Amor [M]Waar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu