CAPÍTULO VINTE

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— Claro que você não tem culpa, ninguém tem culpa além do lixo do seu pai, jamais te culparia por algo que ele fez. Por isso eu te digo, todos os Jeon tem o mesmo destino, meu filho, nunca seremos amados. – Respondeu baixo e com a voz embargada.

— Mãe, por que você faz questão de dizer isso para mim? Por que afirma tanto que eu não vou ser amado? – Pergunto receoso e curioso, algo que já me corroía a muito tempo.

Mamãe me dizia isso desde que eu era pequeno, todo dia quando aparecia falando que alguém disse que gostava de mim, que eu fiz um amiguinho novo, sempre era a mesma frase "Desista, você nunca será amado".

Acabei não perguntando, mesmo morrendo de curiosidade por saber, no fundo acabei acreditando tanto que enraizei isso em minha mente. Então eu sabotava todos os meus relacionamentos, e no fim eu ficava sozinho, achando que minha mãe estava certa.

Então eu vi, pela primeira vez em muitos anos, depois do divórcio deles, minha mãe chorar, era um choro doloroso, doido, que transbordava toda dor que ela tinha guardado para si, todo rancor, raiva, tudo estava sendo exposto naquele choro alto e de soluços igualmente alto.

Ela se sentou no sofá novamente, ainda chorando, eu nunca tinha visto minha mãe, Jeon In-Ji chorando, jamais achei que isso poderia acontecer, e por mais que ela fosse alguém  bastante fechada depois da separação, ver ela assim toda quebrada me fazia sentir apenas, pena. Nada além disso.

Seu choro aos poucos foi diminuindo, porém aumentando gradativamente, novamente ela me olhou, e eu vi seus olhos pretos, antes opacos, agora brilhosos por causa de suas lágrimas. Sua feição era uma triste, magoada.

— Eu nunca fui amada, Jungkook... Como você acha que eu me senti quando separei do seu pai? – Me perguntou, porém não esperou resposta e eu nem tinha uma. – Não tem como você dizer que sabe como eu me sinto, porquê só eu sei, o que eu passei, tudo o que eu passei, achando que aquilo tudo era amor...

— Mãe, o que aconteceu? – Me abaixei em sua frente, me apoiando em seus joelhos.

— Seu pai não me amava, Jungkook... durante todos esses anos, seu pai não me amava, ele apenas, manipulava toda situação para que eu pensasse que sim, ele me amava... seu pai era sujo Jungkook, era horrível, maldoso, ele é o tipo de pessoa que sorri vendo alguém chorar e ri quando alguém morre porquê aquilo pode ser vantajoso para ele...

— Mãe... isso tudo é grave, tem certeza disso? – Pergunto com o estômago embrulhado. Ele não poderia ser tão ruim.

— Claro Jungkook, nunca esquecemos do que sofremos em uma relacionamento abusivo, que bate esquece, quem apanha lembra e tudo que sobra, são cacos que precisam ser colados. – Limpou as lágrimas. — Seu pai pode ter me amado em algum momento, porém depois que você nasceu, ele ficou distante, se afastou, chegava mais tarde do serviço, e eu fui atrás para saber o motivo de tudo... e foi tão ruim ver aquilo, você só tinha seis anos, como eu poderia destruir a imagem de herói que você tinha em relação a ele, eu não podia, eu fiz tudo que pude sobre isso, mantive enquanto deu... mas seu pai não me queria mais, ele manipulou tudo, desde que eu descobri a traição, para que eu pensasse que ele fazia aquilo por amor...

— Deveria ter me contado, sabe quanto tempo eu achei que você não me amava e só fingia me amar? Ou como eu me convenci que não seria amado de forma alguma? – Eu estava chateado, mas talvez não mais que ela.

— Minha situação inteira estava uma merda, filho. Eu aguentei durante anos, seu pai tirando sarro da minha cara, brincando com meu amor, brincando com meus sentimentos, até que eu cansei e pedi o divórcio, você ainda era adolescente, tinha seus catorze anos, talvez. Logo depois disso ele sumiu, não quis saber de você, e quando eu descobri que ele se casou com a amante dele e teve uma menina com ela, eu me culpei, culpei você, culpei todo mundo, mas eu jamais culpei ele, não até superar totalmente e entender o que era um relacionamento abusivo.

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