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Preto 🥋

Quando eu percebi que ela tava chorando continuei mais calado ainda, me estiquei pegando mais umas gramas da maconha e comecei a tentar bolar na maior dificuldade porque ela não me deixava nem mexer direito com o peso em cima da minha perna.

Letícia: Eu não quis dizer que tô cansada de você, se de alguma forma você entendeu isso.- Falou passando a unha pela minha coxa.- Engraçado que eu até passaria por tudo isso de novo, porque eu sei que no final só se vê nós dois.

Preto: Eu tô ligado que tá difícil, altos bagulhos. Mas pô, se tá complicado demais pra tu, se não tá dando pra aguentar, se quiser pular fora dessa porra é um bagulho teu.- Falei com o cigarro no bico enquanto falava.

Letícia: Tem dias que eu quero só explodir, surtar só pra me sentir mais libertada.- Falou me olhando.- Eu tava feliz ali porque você sabe que eu nem queria ir, tava relaxando, tava vendo você bem, tava com meu pai, minha irmã, meus amigos. Tava matando a saudades do Ryan... Daí ver uma confusão que vai me tirar a paz me fez perder a cabeça.

Preto: Confusão que começou porque aquele moleque é um filha da puta mimado que tava pedindo piroca no cu.- Ela riu, passando a mão no rosto.

Letícia: E você teve que gritar pra todo mundo ouvir que eu sou a sua mulher.- Falou rindo.- "Minha mulher, minha mulher porra, tá maluco? minha mulher."

Preto: Tá ligado, vai que tem alguém com problema na mente. Tive que repetir.- Ela riu.

Letícia: Amor, eu amo você tá bom?! Se em algum momento eu te fiz duvidar disso eu sou uma besta. Mas não há nada melhor que estar com você, passando por momentos bons ou muito ruins, todos eles são confortantes com você.

Preto: Eu também te amo.- Ela concordou com a cabeça.- Tem dias que são fodas e eu tô ligado. Quando quiser sair batendo aquela porta na minha cara eu não vou ligar, vou ficar bolado mas vou te entender.

Letícia: Eu iria começar a fazer isso cada minuto que a gente estivesse juntos.- Falou negando com a cabeça.

Preto: Com quem tu tava?

Letícia; Ryan.- Falou e eu terminei de bolar finalmente no maior esforço.- Ele tava me contando que a Agnes tá brigando muito com ele, pediu até pra sair do movimento, chorou pedindo pra ele sair.

Preto: E ele vai sair? - Acendi, colocando resto do outro no cinzeiro.

Letícia: Não.- Deu os ombros.- Eu acho que sei lá, eu entendo o medo dela. Só que foi assim que ela conheceu, se envolveu sabendo todos os riscos e ele nunca prometeu uma vida na pista. 

Preto: Mas bagulho é que ela tá certa, ver o moleque saindo sem saber se volta. Qual mãe quer conviver sabendo que a qualquer momento pode perder o pai do filho?

Letícia: Você iria sair se fosse ele? - Eu dei os ombros.

Preto: Aham pô, namoral... Iria querer acompanhar meu filho, não tá em trocação por aí preocupado comigo e com o choro do meu moleque, tendeu?! - Ela sorriu.- Por isso te pedi pra colocar o bagulho, não quero filho agora porque agora não quero sair do movimento.

Letícia; E quando você pensa em sair?

Preto; Aliás pô, não sair pra sempre né. Só esperar o moleque fazer uns cinco anos e voltar. Mas é isso, a médica lá não falou que em cinco anos tu ia voltar pra trocar lá o bagulho? - Ela concordou.- Daqui cinco anos a gente vê se tá na hora, se tiver a gente vai, se não tiver dahora o bagulho a gente espera.

Letícia: Que engraçado né... A gente não tem nem um ano de namoro, você não queria nada além de me comer...- Bati na cabeça dela.

Preto: Não fala assim desse bagulho contigo, mó feião.- Ela gargalhou.

Letícia; Mas você disse isso com todas as letras.- Olhei pro cigarro queimando e ri.- Nada além de um fica, e agora estamos aqui.

Preto: É pô, aí é foda. Eu nem queria nada e hoje tô fazendo de tudo por tu, nunca me imaginei assim cara, que caô...- Falei rindo meio bobo por causa da onda batendo.

Letícia: Eu mereço? - Olhei pra ela na hora.- As vezes acho que não faço nada pra você comparado ao que você faz por mim.

Preto: Pô nega, que maluquice cara! - Segurei o rosto dela.- Eu gosto de tá mais falando esses bagulhos, tu faz qualquer bagulho por mim nas atitudes, a única diferença é essa. Eu que te pergunto se eu mereço, te dou maior dor de cabeça e tu ainda tá aqui.

Letícia: Nada que um chá de piroca não resolva toda dor de cabeça.- Falou gargalhando e eu ri.

Desci meu rosto beijando a testa dela e ela tirou o cigarro da minha mão puxando, reclamei com ela tirando da mão dela e ela soltou a fumaça se mexendo. Tomei um pouco do whisky e fiquei olhando ela que ficou calada fazendo carinho na minha mão, que tinha ido parar no peito dela na maior paz ali.

Todo amor do mundo Where stories live. Discover now