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Letícia 🎭

Cabeça: Fala logo o que aconteceu cara.- Falou me cutucando e eu encarei ele.

Letícia: Preto tá usando cocaína.- Cabeça deu os ombros.

Cabeça: Papo reto? - Falou fechando a cara aos poucos.- Vou descer a porrada nele, de preto o maluco vai ficar branco de tanto apanhar.

Letícia: Achei três pinos com ele, mas com certeza não foram os únicos.- Falei olhando pro chão.- Me leva pra vila união, casa do meu pai.

Cabeça: Vai deixar ele sozinho? - Apontou.- Se o maluco não conseguiu resistir, tu vai terminar e deixar ele sozinho?

Letícia: Não tô terminando nada. Só que eu não tô aguento mais porra nenhuma cara, parece que sempre que vai ficar tudo bem algo dá errado, é muito peso pra minhas costas, eu não consigo.- Falei bolada.- Eu não quero ficar longe porque sei o que acontecer, mas se eu ficar perto eu vou me destruir, eu não tenho mais mente pra porra nenhuma.

Ele ficou calado e subiu na moto, montei na garupa respirando fundo e a gente foi saindo do morro. Quando cheguei em casa fui pro meu quarto depois de agradecer a ele saiu sem falar nada.

Me deitei na cama e fiquei olhando pro teto, não deu cinco minutos pro Patrão chegar gritando.

Patrão: Ta fazendo o que aqui? Não ia ficar na casa do teu homem? - Falou debochando.- Agora esse quarto vai ser ocupado por minha filha Bianca, que gosta de ficar comigo.

Letícia: Duvido.- Debochei mais ainda, mandando dedo.

Patrão: Mas é po, os moleques falaram que tu chegou com o cabeça. O que rolou? - Me sentei na cama.

Letícia: Achei dois pinos de cocaína e outro com ele, mas ele usou os três e cheirou hoje e chegou quando eu tava procurando os outros.

Patrão: Ele chegou cheirado? - Confirmei.- Ele te machucou?

Letícia: Só tava muito agitado, não fez nada.- Falei baixo deitando novamente.

Patrão: Vou lá trocar uma ideia com ele, maneirinha.- Falou dando meia volta.

Letícia: Eu vou ficar aqui até descansar um pouco, não to com cabeça pra confusão agora.- Falei me encolhendo e escutei o barulho de moto.

Patrão me olhou saindo do quarto e não deu dois minutos pra porta da sala abrir, escutei a voz do Preto e me sentei na cama, respirando fundo.

Preto: Para com isso cara, volta pra casa.- Tentou entrar no quarto e Patrão entrou na frente dele.

Patrão: Tu acha que vai chegar perto da minha filha depois de ter usado cocaína? - Falou encarando o Preto, que não parava de se mexer.- Se liga então, irmão. Enquanto tiver droga na porra do teu corpo, tu não vai encostar um fio de cabelo dela.

Preto: Eu não vou fazer nada com ela, sai cara.- Falou tentando passar e eu estava respirando fundo pra não surtar, mas era impossível.

Letícia: Você não quer que a gente termine, né? - Falei alto e ele negou repetidas vezes.- Então se senta em algum lugar e fica quieto.

Patrão: Se tu estressar ele, bagulho vai ficar feio. Para de ameaçar.- Me olhou de lado e o Preto me encarava.- Bora caralho, tô com paciência não.

Patrão empurrou ele no sofá e eu coloquei o travesseiro no meu rosto, quando escutei mais de uma moto eu revirei os olhos e escutei baterem na porta. Patrão deixou tudo entrarem e eu só escutei voz do F6, cabeça e balão.

Era tanta voz de homem naquela sala que eu fechei a porta, coloquei meu fone e fui tentar me distrair mas não deu cinco minutos pra alguém invadir meu quarto, olhei pro Patrão que me encarou e eu cruzei os braços.

Patrão: Os moleques vai levar ele pra casa, e aí? - Cruzou os braços.

Letícia: Você sabe o porquê eu não fiquei lá, né? - Patrão apenas me encarou.- Eu fiquei com medo dele me machucar, e eu nunca havia sentido isso sobre ele, e é horrível possibilitar. Mas eu sei que assim ele não tem controle, que não é culpa dele, que eu preciso ajudar ele. Mas meu maior medo é tentar ajudar e ele me machucar, porque eu não vou conseguir perdoar.

Patrão: Bagulho é que nem eu sei. Mas não é fácil assim, ele só tá tendo uma recaída, eu conheço ele, eu tava com ele em todo bagulho desde que ele se viciou nisso. Ele ta frenético só pelo medo de te perder. Ele caiu na tentação, ele quer sair por tua causa, mas não vai conseguir fácil. Andrey vivia me falando que não chegava perto por tua casa, que nunca mais queria esse bagulho, mas ele passou dois meses sem te ter por perto, ele tava carregando um bagulho de culpa nas costas, a cabeça tava maluca.

Letícia: Eu sei de tudo isso.- Falei passando a mão na cabeça.- E eu não quero ser egoista de não está com ele, mas eu só queria um descanso, um pouquinho só.

Patrão: Quer ter descanso e tá se envolvendo com esse maluco? Tá fudida então.- Apontou rindo.

Letícia: Não é pra levar ele pro dois irmãos...- Falei olhando pra porta.

F6: Aí ô, Ryan chegou e tá os dois brigando, vou nem perder meu tempo.- Falou invadindo meu quarto e apontou pra fora.

Patrão levantou resmungando e eu olhei pro F6, fiz careta e ele riu. Me levantei indo até a porta e vi os meninos tudo ali, quando Preto me viu veio na minha direção e eu me afastei, mas ele se ajoelhou abraçando minhas pernas e me pedindo desculpa.

Revirei os olhos tentando andar mas ele me puxou e eu desequilibrei, F6 me segurou pra eu não cair e os moleques tudo começaram a rir, olhei feio pra eles e o Preto voltou a agarrar minhas pernas. Eu pedi ajuda ao Cabeça que não tava fazendo nada além de respirar e levei o Preto pra debaixo da água mais gelada possível.

Todo amor do mundo Where stories live. Discover now