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Preto 🥋

Não tinha outra, quando minha perna melhorou eu sai voando pro hospital, bagulho já se passava das cinco da manhã e eu entrei, procurei saber por ela e a mulher falou o quarto, abri a porta na euforia e a Laura tomou um susto, junto com o F6 que tava encostado na parede.

F6: Caralho, zé buceta.- Falou assustado.

Preto: Que preparamento do caralho é esse que se assusta com uma porta? - Encarei ele feio.

F6: Me assustei porque te vi, não por causa da porta.- Laura riu fraco e eu fui pro lado da Letícia que tava cheia de fio no braço e pelo peito.

Mas o que mais me deixou bolado foi ver o estado que ela tava, o rosto tava inchado, tinha alguns resíduos de sangue pelo rosto, os braços tudo roxo, o pescoço todo arranhando, perdi meu chão ao ver ela assim.

Laura: Ela ainda não acordou, não deu nem um sinal de vida...- Falou baixo e eu olhei pra ela.- Mas precisamos esperar ao menos 24h pra ele poder falar o que pode acontecer ao certo.

Balancei a cabeça com a mesma vontade de mais cedo, de chorar igual um moleque chorava por causa de um jogo perdido ou por não ter o que queria.

F6: Calma irmão, calma.- Chegou do meu lado, me abraçando.- Tu acha que ela vai te deixar solteiro? Tu tá fudido se acha que sim.

Preto: Que vacilo do caralho.- Falei baixo esfregando a mão no rosto.- Puta que pariu.

Me afastei do mano olhando pra ela e neguei com a cabeça, a mão dela ainda tinha a aliança  eu fiquei encarando aquele bagulho, como eu queria a mina perto de mim se não conseguia nem defender?!

Laura: Ei, Preto. Eu acho melhor você ir embora, quando tem caso assim de agressão física muito exposta, os médicos sempre chamam polícia pra acompanhar. Não vai demorar muito pra eles vir aqui.- Falou tentando falar com calma.

F6: Te prometo que só saio desse quarto com ela cara, fica tranquilo! Vou cuidar dela namoral, papo de irmão.- Falou me encarando.

Preto: Jae, jae.- Falei baixo andando pra fora do quarto.

Olhei pra Laura que balançou a cabeça e eu sai atordoado dali, fui andando atrás da minha moto e se pá, nem sei como eu cheguei la. Meti o pé pro morro e não consegui nem pisar em casa, fui direto pra boca e a única coisa que veio na minha mente foi a branquinha.

Era isso que eu precisava pra me acalmar, precisava de cocaína de uma maneira inexplicável, mas meu nariz ardia atrás, minha mente só via ela na minha frente.

Fui na salinha de drogas e achei o pino, peguei três balançando a cabeça e quando entrei na minha sala tomei maior susto, quando vi o Patrão parado ali me encarando. 

Patrão: Me da! - Falou apontando pra mim e parou na minha frente estendendo a mão.

Preto: Me da o que cara? Tá maluco.- Ri sem graça.

Patrão: Me da o pino que tu pegou, tá achando o que? Nada disso é bagunça não caralho, me dá logo.- Falou mais bolado batendo na minha mão. 

Eu já tava na neurose máxima, mas quando ele bateu na minha mente os pinos caíram e tudo se abriu, vi a coca espalhada no chão e não deu outra, me perdi nos pensamentos e fui me abaixar pra cheirar, senti um puxão na minha blusa que quase rasgou.

Patrão: Virou moleque? Virou emocionado nessa porra? - Me empurrou.- Vem com essa de novo não, toma porra do rumo na tua vida.

Preto: Me deixa, Bruno.- Falei alto, tentando passar por ele.- Se mete na tua vida, porra.

Patrão: Tô me metendo na do meu irmão, qual foi? - Falou me segurando.- Para irmão, aquilo ali não vai tirar a Letícia do hospital não, mas quando ela sair, o nojo que ela vai tomar da tua cara se tu usar isso, vai ser pior.

Preto: Se liga, Bruno...- Falei olhando pra ele e apontei pra minha cabeça.- Isso aqui tá uma confusão, eu preciso organizar minha mente!

Patrão: Eu te ajudo a organizar agora, papo dez. Mas longe daquele bagulho ali.- Falou apontando pra direção oposta da salinha.- Faz horas que tu não dorme, bora pra casa. 

Preto: Não vou pisar na casa que tem altos bagulhos da Letícia, não vou.

Patrão: Bora pra casa do cabeça, para de dificuldade.- Falou me puxando.

Encarei a salinha querendo entrar lá e cheira aquele bagulho como se não tivesse outro dia, mas ele me puxou com tanta força no bagulho que eu olhei feio pra ele e ele continuou a andar. Mas minha mente tava uma mistura de altos bagulhos, tava ficando maluco e pareceu que eu nem precisei usar nada pra me sentir assim.

Todo amor do mundo Where stories live. Discover now