(29) fear. fear. fear.

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vince

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vince.nt hacker
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  EU ESTAVA COM MEDO. NÃO ERA UM SEN-
timento incomum, eu sentia medo regularmente. Mas dessa vez era diferente. Eu tinha acabado de assinar o termo de responsabilidade que levaria à união das duas empresas como uma sociedade única, e isso significava apenas uma coisa: eu estaria me casando com Nailea Devora em algum momento nos próximos meses. Ou semanas. Só Deus sabe.

Então, sim, eu estava com medo. Medo de voltar para o meu apartamento e encarar a garota ruiva que eu sabia que estaria lá. Ela me mandou uma mensagem há um tempo, me dizendo que faria o jantar para nós dois.

Ela não sabia que a reunião acabou há quatro horas atrás. Mas não voltei pra casa até que fosse noite, e extremamente necessário.

Parei o RX-7 na minha vaga, mas não desci imediatamente. Me recostei no banco e fiquei lá por uns dez minutos. Talvez mais.

Quando o meu celular vibrou no meu bolso, eu sabia quem era e sabia que o meu tempo havia acabado.

Medo. Medo do adeus inevitável que me esperava a alguns andares acima.

Mal registrei o caminho, e só voltei a consciência quando abri a porta e o cheiro de algo temperado ricocheteou.

Medo. Medo. Medo.

Encontrei Raven na cozinha, de frente para a pia. Ela está usando uma das minhas camisas, uma calcinha azul, um par de meias pretas e nada mais.

Tem música tocando, então ela não percebe imediatamente que eu cheguei. Ela está dançando, na verdade. Rebolando o quadril de um lado para o outro, usando uma colher de pau como microfone enquanto canta alto. Quase dou risada, quase. Então me lembro o motivo da minha crise de poucos minutos atrás.

─ Oi! ─ ela quase grita, animada, e corre para me receber com um selinho longo. ─ Eu fiz o jantar. ─ ela me puxa pela mão até estarmos em frente ao fogão. ─ É uma sopa de... Muitas coisas, na verdade. Mas eu prometo que é uma delícia.

─ Não duvido de você, amor. ─ ela sorri e me beija de novo. ─ Eu vou tomar um banho antes, ok? Você pode por a mesa enquanto isso?

─ Claro, claro. ─ aceno com a cabeça, sorrindo um pouco, e passo por ela até o meu quarto.

Tiro a roupa e os sapatos, entrando debaixo do fluxo de água. Está morna, nem quente e nem fria, mas não é o suficiente. Giro o botão para o gelado, e deixo a água escorrer pelo meu corpo, apoiando as duas mãos na parede.

Puta merda, o que é que eu vou fazer?

Quando penso que já fiquei tempo suficiente no chuveiro, saio, com a toalha enrolada no quadril. No quarto, abro o closet e vejo a prateleira de Raven ali, com alguns pijamas e vestidos. Suspiro muito, muito pesadamente, e pego uma cueca, calça e camiseta. 

bad day  ꪵWhere stories live. Discover now