— Reed Spencer — o tom mau humorado que se aproxima de mim me leva a aumentar a velocidade dos passos.

Pensando melhor, quero bater. Quero bater nele como se fosse um saco de pancadas. Péssimo dia para não estar usando anéis, fariam um ótimo estrago na sua cara de cachorro raivoso.

Acho uma porta, não há nenhuma placa nela,  então a abro.

Uma lâmpada luta para permanecer pendurada ao fio que se adere ao teto, a coitada pisca, fraca, ficando mais segundos apagadas do que acesa. Ainda assim, consigo enxergar as caixas de papelão e estantes de aço com pilhas de papéis. O cômodo fede a poeira.

Greg ainda está há alguns passos de me alcançar. Bato a porta assim que entro e me encosto nela. Não demora para que ela passe a tremer pelas batidas dele.

— Abre essa merda.

— Não.

— Reed...

—  Não vou abrir — só porque ele é incrivelmente sedutor quando está irritado, isso não quer dizer que eu irei ceder. Eu tô muito puta. Tô? Bem, tenho que estar. — Vai embora.

Silêncio se instala, até a música da boate não passa de um ruído aqui dentro.

O primeiro rebote vem.

— O que tá fazendo? — quero saber, assustada com o barulho. Ao ouvi-lo ofegar, deduzo o que pode ser.

— Arrombando a porra da porta, então é melhor que não esteja escorada nela.

Merda. Merda. Merda.

— Espera — suspiro com pesar. — eu vou abrir  — ou ele vai acabar quebrando alho. Quem sabe quebre a si mesmo. Não é lá má ideia...

Faça cara de má, de brava, você está brava.

Fico ereta, tentando montar uma armadura imaginaria contra seu charme.

Abro a porta.

Greg está parado na minha frente, uma mão segurando-se no batente como se fosse capaz de arrancar a viga de madeira do lugar. A luz pisca e tudo se resume a escuridão. A lâmpada chia e dois segundos depois a luz retorna, mas as íris de Gregori são toda a ausência de luz que preciso para me sentir perdida. Desnorteada.

Ele não diz nada. Apenas me olha.

Esse é o diferencial dele dos demais. Em situações como essa, homens falam demais. Todos eles. Até mesmo Louis. Até mesmo Adam.

Gregori só fica em silêncio, me encarando, perfurando-me com tanta intensidade que pode ser que acabe fazendo um buraco no meu rosto com o olhar.

— Quero bater em você — digo entredentes, buscando entender como me sinto na sua presença. Por dentro, minha cabeça rodopia e eu espero que a tequila seja a única culpada.

Ele se curva na minha direção, a luz pisca, o escuridão nos cobre mais uma vez e quando retorna o seu rosto está muito perto. Pisco algumas vezes para processar a distância que havia entre nós segundos atrás e que agora praticamente sumiu.

— Bate — pede. — eu gosto — me incita.

Minha boca fica seca com o desafio e meu braço se levanta sem que eu perceba. Só me dou conta do que estou fazendo quando minha palma aberta voa na direção de seu rosto soltando um estalo quando encontra sua pele.

Ele segura meu pulso, mantendo meus dedos espalmados no lado direito de sua bochecha e mandíbula. Greg sorri, como uma víbora.

Já bati em homens antes por prazer, o meu e o deles, mas nada dessa forma. Isso nem é sexo, ainda, só que é tão gostoso como se fosse.

2 •Esqueça Ela - Blue Sky CityWhere stories live. Discover now