Reed Spencer é o caos em pessoa, encrenqueira, problemática até o último fio de cabelo prateado e precisa - urgentemente - de um teto temporário enquanto procura um bom apartamento.
E quando não se é tão amigável, nem gentil, ou ao menos simpática...
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Ela está enlouquecendo Ela está ficando pra trás Ela não consegue encontrar seu lar Ela está perdendo a fé Ela está caindo em desgraça Ela está por toda parte
Avril Lavigne - Nobody's Home.
Atualmente.
Eu vou matá-la. Isso já tem se tornado um hábito, essas intromissões inoportunas.
Luana se levanta do carpete, onde até então estava de joelhos à minha frente. Fecho o zíper da calça furiosamente, quase arrebentando o flash com o excesso de força.
Ela limpa os cantos da boca borrados de batom com os dedos, com uma expressão descontente por não concluir seu serviço.
Posso garantir que estou ainda mais descontente.
Mais batidas na porta me fazem praguejar alto enquanto procuro a droga da camisa com os olhos. Acho a peça branca jogada no braço do sofá e a pego, elaborando um esporro mentalmente para dar na infeliz que aguarda na entrada.
Me visto completamente e espero Luana terminar de alinhar seu vestido antes de ir até a maçaneta, inflando o peito e deixando os palavrões na ponta da lingua.
Eu vou matá-la.
Giro a maçaneta, pronto para cuspir palavras bem sujas em Reed. Ela é a única pessoa que esmurra portas como se fosse um inimigo e nunca manda mensagem quando vem me visitar.
Uma baita empata foda.
Quando a vejo, meu vocabulário extenso em palavrões horrendos se esvai.
Usando jeans, uma blusa preta toda suja e meio rasgada, acompanhadas de uma jaqueta cheia de terra, Reed me olha com seus olhos que ficam entre cinza e azul-claro, nublados como o céu está agora. Seu cabelo branco, totalmente platinado, está preso no topo da cabeça, evidenciando o rosto ossudo, e deixando o belo roxo ao redor do olho esquerdo bem aparente.
Apoio uma mão no batente, apertando as vigas da madeira com firmeza e inflando as narinas.
— Atrapalho? — ergue seus olhinhos travessos e curiosos sobre meu ombro.
— Reed — seu nome sai com seriedade da minha boca. Tem a porra de um hematoma imenso no seu rosto. — Que porra é essa?
— Calminha, calminha, já resolvi tudo — tenta me apaziguar erguendo as duas mãos para que eu relaxe. Não estou relaxado, não mais, não como estava minutos atrás com a boca de Luana no meu pau em um... Estou nervoso, na verdade, beirando a irritado.
Ela é particularmente especialista em fazer meu humor mudar drasticamente. Eu diria que Reed tem o dom de despertar o pior em mim. Não que houvesse um lado melhor para ser despertado.
