2 - Dia 1

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Não há razãoNão há vergonhaNão há famíliaA quem eu possa culparNão me deixe desaparecerEu vou lhe contar tudo

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Não há razão
Não há vergonha
Não há família
A quem eu possa culpar
Não me deixe desaparecer
Eu vou lhe contar tudo

One Republic - Secrets

Atualmente.

— Suas coisas estão...? — Greg me atira uma blusa sua e uma samba-canção, ambas as peças de roupa caem sobre minha cabeça. As ponho no meu colo.

— Na soleira — respondo, e bufando alto para ter certeza de que estou escutando ele vai até a entrada e sai porta afora, voltando segundos depois com duas bolsas  grandes de estampa militar e uma mochila preta.

— Na soleira... — repete afinando a voz. — Pelo visto já sabia minha resposta antes mesmo de perguntar.

Faço a melhor cara de paisagem que posso.

Não é que eu soubesse, é que Gregori odiava contrariar mulheres, ele dizia que quanto menos estresse tivesse, teria uma vida mais longa e menos enxaquecas. Ele até sabia dizer não, quando as pessoas aceitavam um, o que não era meu caso.

Agarro a barra da minha regata detonada e a puxo até a altura do sutiã, prestes a me livrar dela.

— Pode parar — escuto ele atirar as bolsas no chão da sala atrás do sofá onde estou após parar de beber o whisky e sentir pontadas de sono. Viro a cabeça, para entender a interrupção.— Você não vai vestir minhas roupas e dormir na minha casa suja desse jeito, igual uma porca — grosso.

Os olhos dele nem tremem ao me ver de sutiã, é a mesma reação que se tem ao ver um outro homem se trocando na sua frente. A maioria dos caras mal consegue ficar em um local fechado comigo sem suar.

Só que com Gregori é diferente, não há esse tipo de atmosfera entre nós, não mais, a tensão sexual é completamente inexistente.

Somos parecidos demais, e eu tenho pessoas de menos com quem contar, ter alguém por perto que não queira entrar nas minhas calças constantemente é quase um milagre, e um alívio.

É exatamente por isso que ele é a pessoa em quem mais confio. Todos querem um pedaço de mim, mordiscar um pouco da indomável Reed, a garota rebelde, a loura tatuada - tudo sempre se resume á um desafio para me ter na cama, ou um paliativo para me levar para a cama. Exceto por Greg. Ele não é assim, não comigo, há mais ou menos sete anos.

Cruzar certas linhas de uma amizade e retornar para o ponto inicial como se nada tivesse acontecido era algo que poucas pessoas eram capazes de fazer.

Nossos outros amigos já haviam tentando desbravar esse caminho; Adam Storm, que namorava a atual investidora da nossa galeria Rebel Angels arts, onde antes era apenas um estúdio de tatuagens, tinha passado muitas noites comigo. Mais noites do que poderia contar, e menos do que eu havia desejado. Depois disso, nunca mais fomos os mesmos um com o outro.

2 •Esqueça Ela - Blue Sky CityWhere stories live. Discover now