Reed Spencer é o caos em pessoa, encrenqueira, problemática até o último fio de cabelo prateado e precisa - urgentemente - de um teto temporário enquanto procura um bom apartamento.
E quando não se é tão amigável, nem gentil, ou ao menos simpática...
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Quando você sentir o meu calor Olhe nos meus olhos É onde meus demônios se escondem É onde meus demônios se escondem Não se aproxime muito É escuro aqui dentro.
Demons - Imagine Dragons.
Antes.
Posso ter cogitado dormir com Reed Spencer quando a conheci, mas isso definitivamente não passa pela minha cabeça agora. Nesse momento, meu único pensamento é evitar seus chutes habilidosos e nocautea-lá de uma vez, antes que ela o faça comigo.
Desvio do seu gancho de direita no meio do ringue, e recuo.
Hoje ela está particularmente agressiva, assumindo uma postura de ataque incomum.
— Você luta como uma garotinha — ela ataca outra vez, tentando me acertar no rosto, a clavícula suada pela tensão gerada por seu corpo.
Como o habitual, nas lutas Reed usa o cabelo longo e prateado preso em um rabo de cavalo; as vezes ela alterna entre usar legging e short's folgados, mas sempre opta por tops pretos e justos que se aderem formidávelmente aos seus seios, e os deixa no lugar não importa os movimentos que ela faça.
Protejo o rosto, já que ela está tão empenhada em acerta-lo, e procuro por brechas em seus golpes.
— O que aconteceu? Viu Adam com a namorada e caiu na real? —provoco, sabendo que não devo, porém não resisto a testar seu temperamento.
Três meses atrás, Reed conhecera Adam, poucos dias antes de me conhecer, e isso bastou para torna-lo sua atual obsessão.
De acordo com ela: Adam era sensível por baixo de toda selvageria, e isso o tornava único e especial.
Talvez o tornasse mesmo.
Pela minha língua grande, ganho uma joelhada bem nas costelas e perco o fôlego por um momento.
Porra.
— Cacete, eu tava brincando — cuspo a proteção dental no chão do ringue. Reed me imita, mas mantém os punhos cobertos pelas luvas de box erguidos.
— Na próxima eu miro nas suas bolas — vocífera, se balançando de um lado para outro, decidindo seu próximo passo.
Hoje, ela está especialmente de mau humor. As sextas-feiras costumam deixa-lá feliz, é o único dia que ela pode me espancar livremente, porém, nem a mera hipótese de me fazer perder os dentes a anima.
Algo está errado.
— Aconteceu algo? — me atrevo a perguntar.
Somos amigos, mas não nos conhecemos a tanto tempo. Três meses não é o suficiente para que alguém mostre todos os segredos obscuros de sua alma, e Reed é fechada como um cadeado com sete trancas. Ou talvez quatorze.
