A Prometida

Capítulo 47

CAPÍTULO QUARENTA E SETE - PRIMOS

— Me diga logo. — Sam estava enrolando em me falar o que era a outra informação que ele tinha conseguido. Disse que precisava me mostrar algumas coisas antes de falar.

— Olhe. — Ele virou o computador para mim me mostrando duas crianças. — Esses são Matteo Austin e Matteo Robert quando crianças. — As duas crianças eram muito parecidas. Olhos azuis em tonalidades diferentes, pele um pouco bronzeada e cabelos loiros. Sam então abre uma foto de Austin de alguns anos atrás, um pouco mais novo e dar pra ver claramente a semelhança. Seus cabelos tinham escurecidos e agora adotaram um tom de castanho claro, e apesar de seu olhar ter mudado e ficado um pouco mais duro, seus olhos continuavam os mesmos.

— Não tem nem como negar que é ele. — Solto um suspiro e só quando Sam me olha preocupado que percebo que o mais importante ele está me mostrando agora. Levo a mão a boca, chocada demais pra dizer alguma coisa sinto a mão de Sam apertar meu ombro.

— Quando eu vi o nome Robert, algo em minha mente apitou, então passei dois dias para conseguir as fotos dos dois irmãos em uma ficha policial que por sorte foi digitalizada a alguns anos. Tive que comparar. — A foto que estava sendo mostrada no computador agora era a que Sam tinha me mostrado algumas semanas antes do meu pai quando chegou ao país. Ele tinha os mesmos olhos do menino ao lado de Austin, o mesmo cabelo, também um pouco mais escuro e a mesma pele, mas o que chama mais atenção era a semelhança entre ele e Austin, que até aquele momento, eu não havia notado o quanto era gigante.

O vômito veio até minha garganta e eu engoli de volta.
— Você não pode tá falando sério. — Minha voz saiu engasgada, num esforço enorme que até meus pulmões queimaram.

— Seu pai e Austin são irmãos, você e Dylan são prim...

— Por favor não continue. — Interrompo Sam. Respirar tinha se tornado muito difícil.

— Tay, isso não é um problema, casamento entre primos é algo mais comum que você imagina, na minha fami...

— Sam, por favor... — Começo a chorar. — Isso não pode ser verdade, simplesmente não faz sentido de forma alguma. — Meu corpo inteiro treme e ele me abraça, fazendo eu desmoronar ainda mais.

* * *

Sam tinha ido embora a algumas horas, eu estava mais calma mas ainda em choque. Sai do meu quarto e fui para o dele, ele ainda não tinha chegado mas estava perto. Deitei em sua cama e inspirei seu cheiro, quanto mais eu pensava, mais dúvidas eu tinha. Será que ele sabia? Sam poderia estar errado? Era um sonho longo daqueles que parecem ser verdade? Se fosse um sonho eu provavelmente teria acordado agora.

Dez minutos depois ele entra no quarto o rosto cansado quase me desarma, ele sorri ao me ver e vem em minha direção, mas antes de chegar na cama eu pergunto ou afirmo o que quero saber.

— Somos primos?! — ele se assusta, arregala os olhos e tenta falar algo mas nada sai. A resposta que eu precisava e então caio no choro novamente. Ele tenta me abraçar mas eu o empurro.

— Mel, converse comigo, por favor, eu imploro, converse comigo. — Ele pede, e eu até gostaria, mas tudo que eu consigo fazer é chorar, chorar e chorar. Meu corpo inteiro treme e eu consigo ver o desespero no olhar de Dylan nos poucos momentos que consigo enxergar-lo entre as lágrimas. — Me deixe ajudá-la — Implora e eu consigo ver as lágrimas descerem pelos seus olhos. A falta de ar aumenta cada vez mais, entro em desespero ao puxar o ar e não senti-lo. Dylan que até então tem respeitado meu espaço se joga na cama e me puxa para seus braços, minha mente manda empurra-lo mas o meu corpo sem forças agradece o seu toque. — Me desculpe me desculpe me desculpe... — Ele repete sem parar, enquanto me balança em seus braços. Pouco a pouco consigo respirar novamente, minhas pernas deixam de formigar e meu corpo relaxa me levando ao sono profundo com um pesadelo antigo de volta.