Capítulo 40

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CAPÍTULO QUARENTA - MEIAS VERDADES

Só liguei meu celular depois do almoço, as mensagens de Anna da noite anterior foram carregadas instantaneamente, eram mais de trinta. A hora seguinte a eu ter visualizado e respondido suas mensagens passou rapidamente enquanto nós duas trocavámos mais mensagens. Ela afirmou que todos estavam interpretando errado sua repentina aproximação com Maison e que na verdade não era tão repentina, eu decidi acreditar nela.

— Menina? — Lucy abriu uma frecha da porta e eu pulei da cama correndo em sua direção. — Que saudades menina. — ela disse ao eu abraça-la.

— Eu também Lucy, e o Albert? Ainda não vi ele depois que cheguei. — comentei ao solta-la e puxar a senhora para minha cama. 

— Acabou de chegar e está conversando com Dylan, que história é essa de que ele pode ser preso? — perguntou com desgosto. — Ele realmente fez algo de errado? — balancei a cabeça em negação e suspirei profundamente, eu precisaria de muito oxigênio pra explicar tudo que estava acontecendo, ou pelo menos uma parte.

***

— Você não pode ser tão egoísta assim! — minha vontade era bater e chutar o homem teimoso que me encarava.

— Quem está sendo egoísta é você. Maison vai encontrar uma maneira de me inocentar sem que eu precise denunciar o ganha pão de tanta gente — rio incrédula.

— Não tente mascarar seu egoísmo como boa causa. — ele tenta segurar meu braço mas me afasto rapidamente. Nós dois estávamos em seu escritório, ele encostado em sua mesa e eu andando ao redor sem conseguir ficar parada. — A manchete do nosso casamento será lindo "noivo é preso por ter matado homem que tentou tirar a honra de sua noiva" —  O julgamento seria na semana do nosso casamento.

— Eu não matei ninguém. — Dylan diz com raiva.

— Não é pra mim que você tem que provar. — uso o mesmo tom e pego uma taça enchendo-a com o whisky no decantador.

— Não serei preso e a manchete do nosso casamento não terá nada de trágico. — por alguns segundos ele pareceu uma criança emburrada mas logo voltou a ser o homem de negócios egoísta.

— Isso se você entregar o vídeo e explicar o que acontece lá. — ele suspira

— Tudo bem Lia, mas só quando for a única opção que me resta. — ele abriu os braços me convidando para um abraço, e apesar da minha mente saber que ainda faltava muitos assuntos a ser resolvido, me permitir esse momento.

Ele tirou a taça de minhas mão e me aconchegou em seus braços, beijou o topo da minha cabeça que estava apoiada em seu peito, traguei seu cheiro como uma viciada que estava em abstinência por muito tempo.

— Sinto sua falta. — ele murmurou contra meus cabelos enquanto acariciava minha nuca com um das mãos e me puxava contra sim com a outra.

— Eu também. — beijei seu peito por cima da roupa e apertei meus braços ao seu redor ainda mais, queria que nós dois fossemos um só. — Mas a gente ainda precisa conversar. — o clima acabou e nós dois nos afastamos apenas o suficiente para olhar o rosto um do outro.

— Agora? — assenti. — Tudo bem. — ele apontou para o sofá dentro do escritório. Peguei minha taça com Whisky e sentei em uma distância segura do seu corpo. — Certo, eu... — alguém bateu na porta e sem muita espera abriu.

— Desculpa incomoda-los mas é que tem um homem que não para de ligar, o nome dele é Geysan Luriz.

***

Geysan queria marcar a sessão de fotos para amanhã, disse que não podia mais adiar que já tinha estourado prazo. Tudo bem, ficaríamos mais uns dias aqui para resolver isso e talvez fosse até melhor.

— Ele não ficará feliz em saber que o novo rosto da marca dele está sendo investigado por homicídio. — reclamei dando uma rápida olhada para Dylan que estava sentado em minha cama enquanto eu mexia em meu armário, precisava levar alguns documentos no dia seguinte já que era de menor e meus pais não estavam aqui para assinar a permissão de expôr minha imagem.

— Vai começar esse assunto novamente? — Seu tom me irritou e sem pensar muito puxei o papel que tinha escondido no meio dos meus documentos e joguei nele

— Tudo bem, então vamos mudar de assunto. — cruzei os braços e fiquei em pé na frente dele que olhava o papel com estranhamento.

— O que é isso? — perguntou dividindo o olhar entre o papel e eu

— Não finja que não sabe. Encontrei no escritório do papai, em cima da mesa. Tirei uma cópia e guardei.— Ele engoliu em seco e em silêncio olhou o papel mais algumas vezes, eu sabia que sua surpresa não era pelo conteúdo escrito e sim por eu o ter.

— Tay...

— Sem enrolação, quero a verdade agora. — ele massageou as têmporas e depois de um suspiro pesado começou.

— Seus pais tinham algumas dívidas, nós não sabemos bem quais eram e com quem. — Dylan colocou o papel de lado e esfregou os olhos com um evidente cansaço.

— Quero saber de tudo. — ele olhou em meus olhos por alguns segundos e voltou a olhar para os papéis.

— Você é muito parecida com Isabel, quando começou a aparecer na mídia essas pessoas te reconheceram. Meu pai já ofereceu dinheiro a eles mas eles querem você. — mordi o lábio ao acompanhar o olhar dele para o papel.

— E quando Anna começou a ser envolvida nisso? — ele deu de ombros com uma naturalidade fingida.

— Não sabemos como mas eles coletaram muitas informações sobre sua vida e sabem que quem faz nossa segurança é a empresa do Kaysen. Eles pretendiam ameaçar Anna para fazer com que Kaysen te entregasse para eles. — ele finalmente voltou o olhar para meus olhos.

— E o que aconteceu na manhã do acidente?

— Kaysen conseguiu rastrear de onde tinham mandado a carta, eles estavam indo lá mas ele não contou o endereço para ninguém, nem para o nosso pai. Então não sabemos como rastrear-los mais.

Repassei o que ele disse algumas vezes na minha cabeça, suas expressões, seu tom de voz. Senti vontade de rir mas ao invés disso fui até a porta do quarto e abri, indicando que ele saísse.
— Preciso de um tempo para pensar. — ele não protestou. Estava louco para fugir dali, era óbvio.

Fechei a porta e quase que no automático preparei um banho na banheira, no dia seguinte eu precisaria está impecável, e eu não deixaria transparecer qualquer suspeita das suas mentiras. Talvez eu tivesse sido precipitada atirando aquele papel nele e dando tempo para que ele inventasse uma desculpa ou talvez ele nunca tivesse pretendido me contar a verdade.

Mas de qualquer forma ele preferiu continuar mentindo e ainda usar o nome dos meus pais para isso.

Continua. . .

A PrometidaWhere stories live. Discover now