25. AQUELE QUE SE FOI

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   Lisa estava me ajudando a vestir o uniforme, o médico não gostou nada da ideia

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   Lisa estava me ajudando a vestir o uniforme, o médico não gostou nada da ideia. Mas ele deixou, claro, eu teria que voltar para o hospital. Contra minha vontade, claro. Não precisava ficar em um hospital, mas obviamente que ninguém me deu ouvidos. Era um pouco frustrante, Lisa estava com um vestido preto. Ela terminou de abotoar o meu uniforme e me olhou hesitante, colei nossos lábios.

— Estou pronto! — Falei sorrindo para ela, Lisa me puxou delicadamente para fora.

O médico me lançou um olhar preocupado e hesitante, parem com isso! Que saco, odeio quando hesitam assim. Por causa dessa merda que muitos morrem no trabalho, hesitavam em atirar no bandido. Bandido não hesita, eles atiram na sua testa na primeira oportunidade. Acenei para o médico, Soobin insistiu em ir. Meu braço estava enfaixado, Layla estava no carro também?

Vi Jimin encostado no carro e Rosé dentro do carro, Soobin saiu do carro e correu até mim. Ele abraçou minhas pernas, eu queria agachar. Mas levaria uma bronca se fizesse.

— Papai! — Soobin soluçou, ele me olhou. — Eu estava com saudades, pensei que você não ia voltar nunca.

Fiz uma careta, peguei sua mão e fui até o carro. Jimin apertou minha mão e foi para o seu carro que estava ao lado do meu, acenei para Rosé e para as crianças. Jimin ainda mancava um pouco, seu braço também estava enfaixado. Layla fez birra querendo vir no meu colo, ela não podia e nem sei se conseguiria ficar com ela no colo. 

— Ei, você não pode vir na frente. — Falei para ela, Lisa deu partida. — Querida, papai tá machucado. Você terá que ficar no colo da mamãe.

— Naum quelo! — Ela falou com os braços cruzados, tentei mostrar meu braço enfaixado. — Vou ficar com vucê, papai.

— Eu estava com saudades de você pirralha. — Ela riu, Soobin me encarava. — De você também, cabeção.

Virei para frente, não demorou para chegarmos onde seria a cerimônia. Tinham vários carros estacionados, Lisa pegou Layla que pediu para ficar no chão. Ela correu até minhas pernas e abraçou, Lisa se desculpou com o olhar. Soobin ficou entre eu e Lisa, forcei-me a agachar e dei um abraço na minha filha.

— Não pode bagunçar aqui, tem que se comportar! — Sussurrei no ouvida dela, beijei sua bochecha.

Alguns policiais vieram me cumprimentar, Lisa ficou rígida quando viu o meu superior. Era de se imaginar que ele estaria aqui, Lisa e ele não se dão muito bem. Principalmente depois da minha primeira internação no qual eles discutiram, o cara já devia estar escalando alguém para substituir Joohun.

Ele sorriu e veio nos cumprimentar, minha esposa sorria na força do ódio. Contive a vontade de rir, ele bagunçou o cabelo de Soobin e acenou para Layla. Quando ele saiu Lisa revirou os olhos, fomos até a enorme pedra. Nela tinha o nome de todos os policiais que morreram em combate algum dia, agora incluía o nome de Joohun.

Rosé puxou Lisa para irem conversar com as mulheres, Layla ainda estava agarrada na minha perna. Soobin foi com a mãe, peguei a mão de Layla e fui até os policiais, me sentei e coloquei Layla no colo. Era o único com uma criança aqui, quem poderia julgar a ela? Tinha me visto hoje e todo machucado, ela não vai sair do meu pé tão cedo.

Tomamos um café e conversamos um pouco, cada um falou sobre um recruta que morreu. Falamos momentos engraçados ou marcantes com tao recruta, eu vou falar de Joohun. Jimin falou do Chen. Ele morreu tão jovem, o garoto no qual salvei de um tiro chegou atrasado. Ele me olhou incrédulo, tinha alguns lugares vazios. Mas ele se sentou ao meu lado, sorri para ele.

— Sua vez Jeon. — Chanyeol me avisou, pensei em que falar.

— Bom, eu vou falar do Kim Joohun. — Todos bateram palmas, soltei um longo suspiro. — Uma coisa marcante que vivenciei com ele foi quando tivemos que ir juntos para uma missão, o cara era totalmente certinho. — Alguns recrutas soltaram umas risadinhas baixas, umedeci os lábios. — E um péssimo motorista, estávamos em uma perseguição de carro. Acho que eu correndo era mais rápido que o carro, lembro-me de ficar mandando ele ir mais rápido. "Até uma lesma é mais rápida!"

Os recrutas riram, mordi o lábio. Ele era um cara importante, não podia chorar aqui. E isso era um dever difícil quando se tinha que falar da segunda pessoa que eu era mais próxima de Seul, isso era uma tortura.

— Mas acima de tudo ele era em exemplo, sempre fazendo o melhor para o departamento e para Seul. Se ele pudesse mover céus e terra para cumprir seu ofício, ele faria. — Layla me encarou, sorri. — Ele é um herói, irei levar todos seus ensinamentos comigo até o fim da minha vida.

Todos bateram palmas, adoraria falar mais. Poderia passar o dia todo falando, mas não podia. Tinham muitos outros recrutas para serem lembrados e honrados. Deveríamos virar um shot quando terminássemos, mas não podíamos. A maioria estava em recuperação, proibido qualquer bebida alcoólica. Invés disso chupamos um limão cada um, era idiota. Mas era o meu departamento, tínhamos que fazer algo estúpido.

Lisa pegou Layla no colo e levou até Rosé, Rosé não gostava de barulhos de tiro e ainda tinha Ryunjin. Lisa não se importava, ela voltou correndo. Peguei uma arma e fui até a frente da nova pedra com nomes dos recrutas mortos, Soobin e Lisa estavam do meu lado. Yumi e Kwan estavam grudados em Jimin, o garoto que salvei estava por perto também.

— Um. — Contamos em uníssono, Yumi tampou os ouvidos. — Dois. — Lisa colocou as mãos no ouvido de Soobin. — Três.

Atiramos para três vezes, coloquei a mão enfaixada no peito. Todos os soldados estavam fazendo o mesmo, gritamos nome de cada um dos recrutas. Eu falei o de Joohun, claro. Quinze policiais mortos, começamos perdendo naquele dia. Mas conseguimos no final, eu só não me lembrava como.

Cantamos o hino nacional e depois voltamos todo para o salão, alguns recrutas já estavam indo embora e outros estavam conversando. Lisa pegou Layla, me despedi de Jimin, Rosé e as crianças.

— Agora de volta para o hospital, mocinho. — Lisa falou assim que entramos no carro, ela deu partida.

— Sim, senhora.

Olhei para janela, todos os momentos que passei com Joohun apareceram na minha mente. Agora era o momento de deixá-lo partir, deixá-lo descansar. Adeus, Joohun.

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 𝖲𝗎𝖽𝖽𝖾𝗇𝗅𝗒 𝖬𝗈𝗆𝗆𝗒Onde as histórias ganham vida. Descobre agora