Capítulo 42

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Rose Clark
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Em toda família há aquela pessoa que te dá os melhores conselhos. Pode ser sua mãe, ou sua irmã. Talvez seu pai, ou um tio. Bem, na minha, quem é responsável por transmitir os melhores conselhos do mundo, é a minha tia avó Miranda. Quando algo estava errado, e ela estava por perto, eu sempre recebia um abraço e cookies. Mais tarde, ela me enchia de ensinamentos dos quais sempre admirei.

Tia Miranda, todavia, não teve o melhor conselho para a minha primeira decepção amorosa. Acho que não sabia como resolver, pois nunca precisou. Sei que de certo modo estava certa quando me disse que 'o tempo cura tudo'. Às vezes, em diversos casos, pode mesmo curar. Com Brian foi assim. O tempo passou e me ajudou a limpar a sujeira, junto com umas sessões de terapia. Porém, dessa vez, o tempo só está piorando.

Os dias agiram como efeito dominó para minha dor. Cada dia derruba uma pecinha que restava em mim. Tudo bem que só se passaram quatro dias desde que fui embora do apartamento de Sarah, depois de Darrell dar um pé na minha bunda, e que, na maior parte do sábado, fiquei muito bêbada para sentir qualquer coisa. Consequentemente, fiquei com uma ressaca terrível no domingo e não me lembro de muito, além de tomar muita aspirina e dormir bastante.

Então, me lembro mais ou menos o que fiz na segunda, porque tive que sair da cama de Natalie — já que estou ficando com ela nesses dias pós término e a protegendo da irmã/amante de seu ex-namorado — e ir para o estágio no Times. Foi o primeiro dia que, estar no Times, era cansativo e entediante. Sem falar que me lembrava dele. Não fui para a universidade na terça, para evitar de encontrá-lo na aula que fazemos juntos. Voltei para o Times com a mesma animação do dia anterior.

Hoje, quarta-feira, queria muito ter faltado a minha única aula do dia. No entanto, cá estou eu, no grande e luxuoso prédio da NYU, parecendo um zombie sem nenhuma emoção. Quer dizer, gostaria que essa última parte fosse verdade, mas não estou totalmente sem emoção. Tristeza conta como uma emoção e com certeza estou triste.

No momento, faço o meu melhor para parecer o menos triste que consigo. Diferente de ontem, hoje já estou com minhas roupas normais, sem ser o moletom da NYU. Passei até um corretivo para amenizar as minhas olheiras. Finjo que estou prestando atenção no professor a minha frente, que conta as grandes técnicas da comunicação mundial, mas como disse, é puro fingimento. Meu computador está guardado na mochila e minha cabeça está em todos os lugares, menos no Sr. Thompson.

A aula decorre em completo silêncio, a não ser pela explicação do professor e os barulhos de alunos desesperados digitando. Além de piorar tudo, o tempo também decidiu passar bem devagar. Cada segundo mais enrolado que o outro. Está tudo errado na minha vida. De repente, tomo um susto com meu próprio celular, que, é claro, esqueci de por no silencioso. Todos viram a cabeça para mim. Tenho a visão mais desconfortável de todas. Puxo minha bolsa, que estava em meus pés, e procuro pelo aparelho irritante.

— Senhorita, precisa de um minuto para atender? - O professor pergunta, com toda sua ironia e desprezo. Não o culpo, já que estou atrapalhando sua aula que só ocorre uma vez na semana. Minhas bochechas coram, pois os olhares continuam em mim e não sei se procuro o celular na bolsa, ou respondo ao professor.

— Não, me desculpe, vou desligar. - Digo, alcançando o aparelho em um bolsinho escondido. Estou tão exausta de tudo isso, que a minha vontade é de tacar o telefone na parede. Tiro a visão perfeita do celular chocando contra a parede e estraçalhando, quando escuto o professor falar mais uma vez.

City LightsWhere stories live. Discover now