Capítulo 13

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   Rose Clark
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Sempre tive problemas com a minha mãe. Meu pai diz que somos parecidas demais, por isso há conflitos. Não sei ao certo o motivo, mas comecei a evitar as ligações dela quando me mudei. Me afastei para não escutar seus comentários carregados de críticas e exigências. Sei mais ou menos como os problemas familiares funcionam. Por isso que entendo o silêncio de Darrell. Se ele precisa conseguir uma namorada de mentira para agradar o pai, ou qualquer coisa do tipo, o assunto deve ser delicado.

Quando penso que ferrei com o clima da conversa e toquei em um assunto muito pessoal, ele desvia o olhar da ponte e me fita.

— Meu pai é um desses babacas que só se importa com a merda da imagem. Eu não faço muito bem para a imagem dele, e preciso mudar isso. - Quero perguntar o porquê, mas não sei se devo. Ele parece ler meus pensamentos e continua em uma explicação. - Ano passo eu recusei meu fundo de investimentos e agora preciso do dinheiro, por conta da banda. Então, tenho que ter mais compromisso e aparecer como um herdeiro perfeito.

Suas últimas palavras saem como um palavrão. Darrell Connor é o tipo de rico que tem fundo de investimento. Nossa. Definitivamente, ele tem problemas com o pai, e preciso pensar duas vezes antes de me meter nisso. Estou tão desesperada assim por um estágio, que me envolveria em problemas da família de Darrell?

Não, não estou desesperada, estou desempregada.

O Sr. Tornelle disse que me pagará o salário desse mês, então tenho um mês para conseguir algo novo. Posso muito bem aceitar qualquer vaga de estágio, mas não quero desistir tão fácil assim.

— Nesse caso você só precisa que eu apareça como sua namorada e nada mais? - Pergunto, cautelosamente.

— Sim, só preciso do seu rostinho bonito. - Sorrio, feliz pelo sarcasmo estar de volta e destruir o clima sombrio que se instalou no carro.

— Então se eu pesquisar seu nome na internet, não vai aparecer nada sobre um serial killer, que assassina as namoradas de mentira, ? - Ele sorri, mas logo parece pensar de verdade sobre a pergunta.

— Não sobre isso, mas não acho que pesquisar meu nome na internet ajudará na sua decisão. - Sua resposta me deixa apreensiva. Deixo a bolsa de gelo, que está quase derretido, no chão do carro e seco a mão em meu suéter. Ainda está dolorido, mas não me importo. Minha atenção agora, está voltada para essa conversa.

— Darrell, se fizermos isso mesmo, precisa ser sincero comigo. Se eu pesquisar seu nome, o que vai aparecer? - Indireto o corpo, ficando de frente para ele, mesmo que seu olhar esteja voltado para o lado de fora de novo. Sou muito pequena comparada ao banco de couro do carro, chega a ser desconfortável. Me ajeito e apoio a cabeça no encosto do banco.

Ele demora para responder e fico mais apreensiva. Sei da reputação que Darrell tem na NYU. O típico garoto problema, que foge de relacionamentos, e que todas as meninas gostariam de ficar. Mas não o conheço além disso. Já vi momentos em que ele não parecia o mesmo Darrell, molha calcinha da universidade, mas não o bastante para saber sobre o seu passado. Sobre tudo que pode, ou não, ter feito.

— Como meu pai se preocupava tanto com a imagem, decidi acabar com a dele. Achei que se me metesse em confusão, o nome dele seria afetado. - Ele faz uma pausa, direcionando um olhar apático para mim. - E foi. Só que agora tenho que consertar as coisas. Por isso preciso da sua ajuda.

Faço uma nota mental para pesquisar o nome de Darrell quando chegar em casa. Por hora, tenho que decidir se confio em sua resposta ou não. Reúno todas as informações que possuo sobre o garoto sentado à minha frente. Conheço sua mãe, não pessoalmente, claro, mas Jane Davis parece ser uma mulher bem transparente. Acho que ele puxou isso dela, porque mesmo com o rosto inexpressivo, seu tom de voz é carregado de urgência. Ele precisa realmente da minha ajuda.

City LightsWhere stories live. Discover now