capítulo 5

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Rose Clark
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Nesse exato momento, estou em um dos prédio da NYU esperando na sala da minha orientadora, Savannah. Passei a última hora sentindo uma mistura de coisas. Primeiro veio a frustração, depois fiquei muito irritada e agora estou nervosa. Timothy nunca foi agressivo, mas era ciumento. E me encontrar com Darrell trancada naquela situação, foi péssimo. Piorou a situação mil vezes.

Primeiro que, ficar trancada com Darrell foi horrível. Não por conta de sua presença irritante. Acho que me acostumei com seus comentários. Mas bem antes de Timothy gritar meu nome e todos os meus nervos se alertarem, estava me desculpando com Darrell. Foi bem babaca o que eu disse sobre o pai. Deveria aprender que as pessoas têm problemas. Citar a família nunca é uma boa ideia. Pelo menos a ideia de conversar não foi minha.

Minha cabeça está latejando. Me inclino na cadeira e apoio os cotovelos nos joelhos. Massageio as têmporas na tentativa de acabar com a dor. Não comi antes de sair. Além de atrasada estava com vergonha. Vi como Tim me olhou. Como se eu estivesse suja. Só por me imaginar com Darrell. Ele me deixou tão desconfortável, que me pergunto onde foi parar o menino por quem me apaixonei. Fico mal de pensar que eu posso ter causado isso. Destruí tudo de bom que ele sentia por mim. Agora só me resta a parte suja.

Afasto esse pensamento e tento observar a sala de Savannah. Para uma funcionária da Universidade de Nova York e uma das orientadoras mais requisitadas, ela não exerce o papel. Savannah é excêntrica. Como se vivesse nos anos setenta até hoje. Gosto disso. Além de despretensiosa, e acho uma boa qualidade para uma pessoa que orienta jovens totalmente perdidos.

— Ah, meu Deus, Rose. Eu sinto muito pelo atraso. - Savannah pede ao entrar na sala, trinta minutos atrasada. Me desperto dos meus pensamentos e abro um sorriso.

— Não se preocupe, não estou aqui a muito tempo. - Minto.

— Mesmo assim, você sabe como sou dispersa com os horários. - Ela afirma e se senta na cadeira do outro lado da mesa à minha frente. A mesa é estranhamente organizada, comparada ao resto da sala e sua própria vida. Não tem nenhuma plantinha ou papel fora de ordem. - Vamos ao que interessa, então.

Direta, outro ponto positivo. Gosto de pessoas diretas. O que é curioso, já que não estou sendo nem um pouco direta com meu ex. Me repreendo mentalmente. Um problema de cada vez.

Seu cabelo ruivo ondulado cai sobre o ombro enquanto ela busca por um papel em sua mesa. Está em ordem alfabética, até encontrar o meu papel não demora muito. Reparo que hoje não está com seus colares de cristais. Só com sua saia longa e blusa de tricô.

— Hoje vamos conversar sobre os estágios, acho que você já sabe. - Faço que sim com a cabeça, um pouco desanimada. - Agora que está no início do seu segundo semestre do terceiro ano, os estágios são remunerados. Sei que no início decidiu não se candidatar a nenhum, pela questão financeira, mas agora não há mais motivos. Separei algumas empresas e diferentes vagas para você analisar. Temos alguns jornais iniciais. Campos de pesquisa, política, esportes...

— O New York não está mais disponível, certo? - A interrompo. Me arrependo na mesma hora. Ela nota o sofrimento em minha voz e tira os olhos dos papéis em suas mãos.

— Não, querida. É uma empresa muito disputada e eles deram preferência para os estagiários que começaram no primeiro ano.

Eu sabia, mas me sinto mais devastada do que da primeira vez que escutei. Não aceitei o estágio no primeiro ano, porque tinha que pagar minhas despesas em Nova York. O estágio ocuparia meu tempo depois da faculdade e não queria pedir dinheiro para os meus pais nem para a tia Miranda. Perdi uma grande oportunidade, mas pelo menos estava na NYU.

City LightsWhere stories live. Discover now