Capítulo 36 (Parte 2)

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Rose Clark
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  O rosto de Darrell empalideceu. Ele está imóvel, em choque e tenso. Vejo, mesmo que de longe, a aflição em seu olhar. Não está vendo nada de fato, mas olhou para o telão atrás dele, alguns instantes atrás. John, o irmão mais velho está de terno e com um sorriso tranquilo. Tão vivo. Se parece tanto com Darrell. As pequenas covinhas, a cor dos olhos, a esperança no olhar.

Meu Deus, isso é um desastre.

Não sou muito de rezar, porém no momento estou mandando as minhas preces diretamente para Darrell. Estou torcendo para que ele não desabe. Quero andar até ele e ver se está tudo bem. Será que posso puxá-lo de cima daquele palco?

— Engraçado, não é? - A voz de Andrew soa bem atrás de mim. Ele está perto demais, por isso dou um passo à frente. Não respondo, pois não quero dar confiança. Ergo os ombros, refazendo minha postura e não tiro os olhos de Darrell. - Ele parece bem abalado com tudo isso. Deve ser difícil perder o irmão, ainda mais depois do que fez. - Viro o rosto para encará-lo. Como poderia imaginar, ele está sorrindo. Que homem asqueroso, fala do sentimento dos outros como se não fosse nada.

O fito com total desprezo. Noto suas pupilas dilatadas e fico apreensiva. Não duvido nada de que esteja drogado. Torno a olhar Darrell. Seu pai está falando algo sobre as doações, mas parece estar no fim do discurso. Já Darrell está perdido. Olhar vazio e ombros caídos. No que será que está pensando? Preciso ir até ele, agora.

— Com licença, Andrew. - Começo andar, mas ele segura meu pulso. Rapidamente me solto o encaro. - Não faça isso novamente. - Ameaço entre dentes. Não gosto dele desde o momento em que Darrell o respondeu, ou me escondeu atrás dele. Não deve prestar nem um pouco.

— Se fosse você, não iria atrás dele. - Ele diz, inclinando a cabeça. Ergo uma sobrancelha para sua ousadia. - Darrell não é como você pensa, Rose. Principalmente se tratando do passado. Aposto que ele não te contou metade das coisas que fazia.

— Você é um babaca, sabia disso? - Pergunto, falando o mais baixo que posso.

— Sou, mas não pense que ele é diferente. - Solto um ruído de desprezo e cruzo os braços. Quando o olhar dele desce para o meu corpo, estalo a língua e mudo a postura.

— Olha só, eu não te conheço, mas sei que demonstrar um pouco de respeito pelas pessoas é sempre bom. - Ele sorri maliciosamente em resposta.

Estou de costas para o palco, então não vejo quando Darrell desce. Apenas sinto sua mão fechar na minha. Ele está frio, diferente das outras vezes. Me preocupo de imediato. Deixo de olhar para Andrew e observo Darrell encará-lo cheio de raiva.

— Nunca mais fale com ela. Nem olhe para ela. É o único aviso que vou lhe fazer hoje. - Sua mão aperta a minha com força. Ele está praticamente espumando pela boca, de tanta raiva.

— Que fofinho, você brincando de casinha. Ela sabe o que aconteceu? Você contou tudo para ela sobre John e Brooke? Em, Connor? - Os dois se encaram como homens das cavernas. Seus olhares queimam de ódio. A primeira coisa que passa pela minha cabeça é: quem é Brooke?

Não tenho tempo de perguntar, porque Darrell me puxa para longe. Saímos do salão principal para o saguão vazio do hotel. Ouço passos bem atrás de nós, o que me diz que Andrew não desistiu. Rezo para chegar no quarto de hotel o mais rápido possível. Lá eu pergunto a Darrell sobre Brooke, ou sobre que merda Andrew está falando.

— Claro que não falou nada, não é? - Andrew pergunta bem atrás de nós.

— Não fode, Pierce. - É tudo o que Darrell responde. Me sinto em um tiroteio, mas sem nenhuma arma ou colete à prova de balas.

City LightsWhere stories live. Discover now