Capítulo 39

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Rose Clark

"E quero chorar, quero aprender a amar
Mas todas as minhas lágrimas se esgotaram
Em outro amor, outro amor
Todas as minhas lágrimas se esgotaram..."

  Another Love - Tom Odell
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Estou conhecendo meu novo apartamento, porém não consigo prestar atenção em muita coisa. Minha cabeça está em outro lugar, completamente diferente desse apartamentinho no West Village. Não dormi bem essa noite e sinto o cansaço dominando meu corpo. Estou preocupada com Darrell, não tenho como não ficar. Ele enforcou Andrew. Uma forma tão agressiva de resolver seus problemas. E, para completar, quase não está falando comigo direito. Na verdade, mal trocamos duas palavras durante a viagem de volta para Nova York.

Meu coração está inquieto. Um mal pressentimento não me deixa raciocinar direito e tudo o que mais quero é sair correndo daqui e perguntar o que aconteceu com Darrell ontem a noite. Fiquei a madrugada toda pensando no que ele me disse, no fato dele estar escondendo as informações de mim e não ter me contado tudo.

Sem falar no que Andrew provavelmente disse a ele, depois que sai correndo. Sabia que não deveria ter ido embora daquele jeito e me arrependi no momento em que a porta do elevador fechou. Também não sei o que aconteceu com Christopher e ele, como aquela conversa pode tê-lo influenciado. Me lembro do rancor que o pai de Andrew falou com Darrell no elevador. Senti calafrios com aquela voz rouca e sem emoção. Ainda mais quando ele insinuou que sofri uma situação traumática.

O Sr. Pierce não acreditou na história que Christopher inventou. Talvez ele não queria acreditar que seu filho é um nojento, ou só tem um faro muito bom para mentiras. Afinal de contas, ele é juiz.

Nem sempre aqueles que se denominam Juízes, possuem a verdade nas veias. Lembro de meu pai me dizer isso uma vez, quando perguntei sobre as leis do país. Tenho saudade dele. No meu lugar, tenho certeza de que saberia o que fazer. Chegaria em Darrell com suas frases bonitas e conseguiria lapidar todos os seus medos. Mas não nasci com esse dom. Sou mais parecida com a minha mãe do que posso admitir.

A única coisa que posso fazer agora, pelo Darrell, por mim e pelo nosso relacionamento, é conversar. Pedir que ele seja totalmente sincero comigo.

— Aqui era o quarto do meu colega, mas ele se mudou faz uma semana... - Sarah diz, ao entrarmos em um quarto bem espaçoso. Olho ao redor, mas ainda não presto atenção como deveria. Minha cabeça está girando, cheia de informações. A morena na minha frente deve ter me perguntado algo, pois está me encarando como se quisesse respostas. - Rose, está me ouvindo?

— Na verdade não, me desculpa, estou com uma enxaqueca terrível. Pode repetir, por favor? - Peço, tentando abrir uma espécie de sorriso. Minha cabeça realmente está doendo e muito mais do que uma enxaqueca.

— Tudo bem. Perguntei se pretende dividir o apartamento com alguém, já que tem dois quartos. - Ela repete o que disse enquanto eu estava no meu transe idiota.

— Sim, pretendo pôr um anúncio de colega de quarto. Se souber de alguém que esteja disposto, pode me avisar. - Andamos em direção a sala e ela apenas assente com a cabeça.

O apartamento é muito bonito e bem organizado. Os móveis são do locatário, então o apartamento seria todo mobiliado. Gosto do estilo industrial e, ao mesmo tempo, rústico, da decoração. Fica bem próxima a uma das pontes de leva até o Brooklyn e é perto da estação de metrô. Logo, é perfeito. No entanto, não me sinto tão animada, quanto estaria com ele ao meu lado.

City LightsWhere stories live. Discover now