Prólogo

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Rose Clark
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Às vezes me pergunto se tudo que se passa em livros e filmes de romance, realmente acontece na vida real. Sabe a parte de encontrar alguém de uma forma bizarra e de cara já planejar o casamento com a pessoa? Sem intrigas, problemas ou qualquer merda do tipo. Tenho quase certeza de que isso não existe.

Hoje a única coisa que posso comparar na minha vida, com um filme de Hollywood, seria um trágico passado amoroso. A pior parte da protagonista. O ex-namorado que só te causa problemas. Sem a parte do clichê. Só a parte que a protagonista dorme com o ex e ferra com tudo.

Tá, isso pode ser um pouco clichê.

Hoje, depois de uma noite muito confusa com muita bebida, acordei completamente atordoada. Não estava em casa. Nem vestida. Minha cabeça doía e girava, sem falar no enjoo. Acordei de tanta dor. Meu corpo precisava de remédios, ou qualquer coisa que ajudasse na ressaca. Depois de uns segundos me acostumando com o que via, tomei o maior susto. Estava na cama de Timothy, meu ex-namorado. Na hora que percebi o que tinha acontecido, um desespero percorreu meu corpo.

Tudo o que eu não precisava era de um problema com Tim agora. Também não gostei da sensação de sair pelo quarto procurando as minhas roupas. A vergonha misturada com arrependimento. Me senti suja. Desde que deixei de ser uma adolescente idiota, prometi que nunca mais faria isso. Transar com alguém sem motivos. Só para safar um desejo. Ou a falta dele.

Da primeira vez que fiz isso, não entendia muito das coisas. Era ingênua e acreditei na palavra de quem não podia. Tudo bem que não era para ser uma noite só. Eu namorava Brian há oito meses. Mas depois dele tirar minha virgindade e sair para explorar outras meninas, decidi que não tinha mais um namorado.

Só depois que me mudei para Nova York, entrei na universidade e conheci Timothy, que essa vergonha passou. Porque ele me fazia bem. Me deixou confortável para finalmente sentir algo diferente do que a minha primeira vez. Tentou de todas as formas me ajudar a esquecer o que tinha acontecido com Brian, para ontem estragar tudo. Para falar a verdade, nem lembro direito o que aconteceu.

Sabia que ir em uma festa, em plena quinta-feira, não daria muito certo. Porém o que eu pude prever era um dia de ressaca sozinha, na minha cama e vestida. E eu precisava sair.

Fui embora de fininho, fazendo o maior silêncio ao sair da cama de Timothy. Ele não parecia muito sóbrio ontem, tenho certeza que só acordou depois das nove. Já eu, levantei sete horas e segurei o impulso de vomitar, só para não fazer muito barulho. O deixei lá, sem saber como lidar com a situação.

Porque o fato é: não sei lidar com os meus sentimentos sobre o assunto. Demorei muito tempo para esquecer a sensação de sujeira que se instalou em meu corpo, depois de dormir com Brian no ensino médio. E agora, cá estou eu, deitada no meu quarto e com o mesmo sentimento.

Passei o dia todo me concentrando nas aulas, no trabalho e problemas que terei de enfrentar com os projetos do terceiro período da universidade.

São sete horas da noite agora.

Doze horas se passaram desde que saí do apartamento de Tim e ainda me sinto enjoada. Meu turno no Riger, bar em que trabalho de garçonete, começa em uma hora. Hoje não é um dia de trabalho comum, o que me anima um pouco.

Mesmo assim, mantenho as mãos sobre o alto da barriga e fito o teto branco, sem me mover desde que cheguei do campus. Ainda estou vestindo o moletom da NYU e a calça preta que usei, já que não podia sair na rua de pijama. Preciso de um banho, mas tenho certeza de que se me levantar coloco tudo para fora.

Ouço passos no corredor e logo depois a porta do meu quarto se abre. Minha melhor amiga e colega de apartamento, Natalie, entra e se joga ao meu lado. Seu sorriso normalmente me conforta, mas hoje me sinto sem energia para retribuir o gesto. Me endireito na cama com calma, enquanto observo Natalie pousar a cabeça nas mãos. Ela me olha cheia de animação e foi assim que me convenceu ontem de ir à uma festa idiota.

City LightsWhere stories live. Discover now