Capítulo 36 (Parte 2)

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— Conta para ele que você era um viciado que fodeu a namorada do irmão. - Paramos subitamente. A respiração de Darrell se torna irregular e ele permanece olhando para frente. - Fala com quem ela tava naquela noite. Explica o porquê de seu irmão sair drogado por aí.

— Cala a boca. - Darrell ordena, soltando a minha mão. Sinto um nó na barriga. Não faço a mínima ideia do que está acontecendo.

— Está com medo dela descobrir? Só porque achou uma vadia um pouco mais gostosa do que Brooke, não quer dizer que é melhor que ele. Você sabe né? - Enjoo. É isso o que a fala dele me causa.

Como uma pessoa pode falar desse jeito, com tanto desrespeito. Quero responder, mas estou em choque.  Diferente de Darrell, que se vira e vai para cima de Andrew. Ele segura o colarinho do terno e puxa com força.

— Eu mandei você calar a boca, seu merda!

Assim que a frase saí de sua boca, Andrew ri. Por que ele precisa provocar tanto? O que ele ganha com isso? Um desespero toma conta de mim quando Darrell fecha o punho e da contra a cara dele. Nunca o vi com tanta raiva. O ódio que sai de seu corpo me deixa nauseada. Esse não é o garoto por quem me apaixonei. Ele o soca mais uma vez, depois outra. Então, Andrew está no chão e Darrell em cima dele. Não posso deixar que isso continue. O que pode acontecer com Darrell se o pegarem aqui, batendo em um cara?

— Darrell, solta ele! - Peço, me aproximando. Ele não para. Mesmo com medo, levo a mão até seu ombro e aperto com força. - Por favor, para! Você vai matar ele. - Grito.

Não sei se foi o toque, ou o meu aviso estridente, mas ele o solta. Sua mão está toda arrebentada e sangrando. A respiração está descontrolada e vejo lágrimas em seus olhos. Não percebo de cara, mas estou chorando também. Ficar em choque é uma merda. Minha cabeça gira e minhas mãos tremem. Preciso sair daqui o mais rápido possível.

— Rose... - Darrell sussurra, pedindo a minha atenção. - Por favor, me deixa explicar tudo.

Não estou assim pelo o que Andrew falou. Não estou nem aí para isso. Estou assim pois esse não é Darrell. Essa raiva não é dele. Nunca foi assim. Se eu não tivesse pedido ele bateria até matar...

Por Deus, não.

— Tá tudo bem. - Minto e viro de costas. Incapaz de continuar aqui, corro em direção ao elevador.

Pressiono o botão com pressa. Meu rosto está quente e molhado. O vestido de cetim está me apertando. Não consigo respirar desse jeito. Entro no elevador e me olho no espelho. Continuo a mesma, tudo continua igual, mas agora eu acabei de deixar a pessoa que mais amo nesse mundo sozinha. Não deveria tê-lo abandonado. Merda.

Aperto o botão de abrir a porta várias vezes, na intenção de sair, mas já é tarde demais. Ainda estou com o paletó dele. Seu cheiro me acalma. Passo as mãos pelos bolsos e encontro o cigarro de um lado. Do outro, encontro o celular e o cartão do hotel. Chego na porta do quarto onde ele me deixou mais cedo e a abro. Fico imóvel dentro do quarto.

Depois de longos segundos, ando em direção a cama, onde deixei meu celular. Me jogo nela e alcanço o aparelho. Ligo para Natalie, na esperança de que ela tenha um conselho ou uma solução, mas está desligado. O celular dela nunca está desligado. Me lembro que não nos falamos muito essa semana por conta da minha não mudança. Minhas coisas continuam no apartamento, mas durmo com Darrell desde quarta. Amanhã vou procurar um apartamento. Quer dizer, se conseguirmos sair daqui.

As acusações de Andrew continuam na minha cabeça. Brooke, esse nome nunca mencionado antes. Abro a aba de pesquisa do celular e coloco o nome de John. As notícias de quatro anos atrás sobre sua morte aparecem na tela. Ao que me parece, houve muitas críticas sobre o estado dele, já que o boato de que estava drogado foi lançado por um site de fofoca. Não teve nada comprovado, mas sei que é verdade. Talvez Christopher tenha escondido as provas.

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