— Erga os punhos — aconselha, fazendo menção de se aproximar. — Não quero uma vitória fácil.

Deixo os braços pairarem ao lado de meu corpo.

— Reed, sério, pode falar se precisar — insisto.

Não sei como funciona para garotas se abrirem, nem sei ao certo se gosto da ideia de um desabafo todo emotivo. Só que Reed está sempre comigo e Peter, vamos para todas as festas juntos, dormimos em bancos de praça e tocamos fogo em latas de lixo.

Até lutamos juntos. Isso a coloca no mesmo patamar que Adam e o pirralho em minha vida. Não tenho tanta proximidade com ninguém além deles, exceto por ela.

Embora não conheça ela tanto quanto deveria. A loira é um mistério quando se trata de sentimentos. E por mim tudo bem, nunca fui bom em lidar com emoções. Esse é o papel de Adam, e justamente por isso ele atraiu a atenção dela.

Ela avança outra vez, com tudo, esquecendo de suas defesas.

Meus pés são mais rápidos, eu me movo no momento exato em que ela pisa errado, dentro do meu espaço o bastante para que eu lhe dê uma rasteira.

Sua perna vai para frente e Reed desliza para trás, mas não sem antes rodear meu pescoço com o cotovelo e me levar junto.

Ela só pode ser idiota, porque meu peso sobre o seu torna o impacto da queda ainda maior, ainda que isso não pareça abala-la.

Imbatível, Reed gira, mal se recuperando da queda, jogando seu peso por cima de mim enquanto tento processar. Ela é ágil e mais flexível do que eu, são suas vantagens.

Rapidamente, a loira inverte os papéis.

— Não quero conversar — responde, e me acerta na bochecha.

Pisco, atordoado. Suas pernas imobilizam meus braços juntando-os ao meu tronco.

— Porra! — tento agarrar suas coxas para movê-la, no entanto, Reed tem pernas definidas e fortes. — Não seja uma vaca, estou tentando falar com você.

— Eu não quero falar! — me mostra os dentes, as luvas de box apontadas para mim como uma ameaça.

Ela é doida, eu sei disso desde que pus meus olhos nela.

É difícil de ler alguém tão complicada e explosiva. Mesmo assim, eu consigo enxergar algo, algo por baixo da raiva.

É exatamente assim que eu fico quando algo dá errado, quando alguma merda acontece.

— Pode bater na minha cara se quiser, mas isso não vai resolver seu problema.

— Eu não tenho um problema — retruca, com uma expressão feroz e assassina.

— Sim, você tem, e talvez eu possa ajudar, o que só vai saber me contando — é um risco a se correr. Ela pode quebrar meus dentes.

Reed mantém os braços erguidos, as mãos em posição, a postura tensa e em alerta.

Minha mandíbula dói um pouco, nada fora do normal. O soco dela é bom, mas já recebi melhores. Seu ponto forte são os chutes, os malditos chutes.

Ela suspira.

— Problemas com minha tia — simplifica. Oh.

— Que tipo de problemas?

— Problemas ruins. Bem ruins — continua. — Ela não tem uma boa relação com o álcool.

Reed tem um muro sólido ao redor de si, e eu não a julgo, também tenho o meu. Ela dá detalhes vagos da situação, e mesmo isso lhe parece custar muito.

2 •Esqueça Ela - Blue Sky CityWhere stories live. Discover now