— Muito interessante, Rose. E o que você fará lá, pegar café para algum supervisor? - Bingo. Nicole Clark mostra a cara mais uma vez. Sentir sua frieza pelo telefone é um pouco melhor, mas não mais fácil.

— Mãe. - Megan a repreende e continuo em silêncio. Em meu ouvido, meu celular vibra. Observo a tela acender e vejo que há uma chamada em espera. É Darrell. Não deixo que eles continuem falando, me despeço para atender a outra ligação.

— Não tem problema, Meg. Já estou acostumada, agora preciso ir. Amo vocês e até o feriado. - Desligo e atendo a outra chamada, ignorando a fraqueza na minha voz.

— Rossy, onde você está? - Darrell pergunta, assim que atendo.

- Oi? Estou na sala de estudos... por quê? - Pergunto confusa. Não nos falamos a dois dias e ele do nada me liga assim.

— Qual delas? - Há uma urgência em sua voz, o que me deixa mais aflita.

— Na dez, no prédio de comunicação.

— Estou indo aí, não se mexa namorada. - Ele desliga o telefone, me deixando sem mais explicações.

Odeio o poder que tem sobre mim. É tão difícil para o meu corpo escutar a voz dele e não se acender todo. Darrell não pode fazer isso comigo, pode? Acho que no momento não estou me importando, porque fico ansiosa até a porta se abrir e ele entrar na pequena sala de estudos. Seu sorriso aberto e a postura relaxada não condizem com o mesmo cara que me deixou na porta do meu apartamento, naquele dia. Ele segura dois copos térmicos na mão e carrega uma coisa sexual estranha. Ou talvez eu tenha esquecido como estar perto dele é estranho. Todo o cômodo fica mais carregado de energia.

— Sabe quem ainda usa as salas de estudo? - Ele pergunta, ofegante. Percebo que seu peito sobe e desce com rapidez. Parece que ele correu uma maratona. Nego com a cabeça, segurando um sorriso. - Os nerds sem amigos. Sério, sabia que você era nerd, mas passar um tempo a mais na universidade? Maluquice.

— Você veio correndo? - Questiono, dessa vez segurando o riso. - Tipo, em uma maratona?

— Sabe como é difícil atravessar o campus em cinco minutos? Ainda mais se o campus for a cidade de Nova York? - Não tenho resposta para isso, então fico em silêncio, observando seus traços. Os braços levemente apertados na jaqueta jeans escura, a gola da camisa preta que deixa uma parte de pele aparecendo. Ele continua perfeito como sempre e seu efeito sobre mim não diminuiu, então... - Não tinha café, mas garanto que o chocolate também é bom. - Ele estende um dos copos para mim e fico de pé para pegar.

Ele está do outro lado da mesa, mas com calma passa por ela e me encontra. Seus olhos estão grudados nas minhas pernas e faço uma nota mental de sempre usar saia. Quando escolhi minha roupa hoje cedo, estava buscando algo mais formal para o trabalho. Me senti desconfortável sem meu suéter e meu tênis. Mas agora a saia preta e justa, que vai um pouco acima do joelho e a bota de salto valem totalmente a pena.

— Por que veio aqui? - Pergunto, esperando que ele me olhe nos olhos. Demora uns segundos para que isso aconteça, pois ele percorre todo o meu corpo. No instante que ele umedece os lábios, o meu mundo se despenca.

— Você está de saia. - Ele diz, como se eu não soubesse.

— Mega observador você, como sempre. -Digo, contendo um sorriso.

— Não deveria ser permitido você usar isso. - Ele toma um gole de chocolate quente, como se estivesse nervoso. Continuo de pé, igual a uma idiota, amando o efeito que eu tenho sobre ele.

— Foi para isso que veio? Me observar e se perder nas palavras? - O provoco, inclinando a cabeça de forma inocente.

Quando faço menção em me sentar na cadeira de couro, ele deixa o copo na mesa e segura minha cintura. Depois se senta e me coloca sobre a mesa. Me ajeito, fazendo com que os livros não acabem no chão. Ele leva a cadeira para frente, para ficar entre as minhas pernas. Suas mãos percorrem a lateral do meu corpo com delicadeza e ele as observa. Deixo meu copo perto do dele e passo as mãos pelo seu cabelo.

City LightsWhere stories live. Discover now