Nossa amizade tinha sido abalada por diversos motivos. Sexo, minha paixão secreta pelo moreno e minha tentativa fracassada de afastar ele da mulher que realmente amava.

Podem dizer qualquer coisa sobre mim, menos que eu não tentava de tudo quando queria algo.

Ser boa nunca foi uma de minhas qualidades, e fazer as coisas como se deve é algo que ainda estou aprendendo. Dia após dia. Ninguém nunca me ensinou o que era certo ou errado apropriadamente, e eu nem cheguei a questionar se isso iria fazer diferença um dia. Aparentemente fez.

Me tornou essa coisa confusa que tenta construir alguns bons princípios hoje em dia.

Dizer que eu tive uma queda por Storm era um eufemismo, a Reed de sete anos atrás, e a de três anos atrás, tinha penhascos e abismos por ele, ainda que ele só me visse como uma amiga e uma boa parceira de cama pra passar o tédio na época. As esperanças me cegaram, no entanto, agora enxergava claramente. Adam, assim como Greg e Peter, era apenas  mais um dos irmãos que a vida me deu.

Entretanto, embora tenha reconhecido a verdadeira realidade, me classificava como uma pessoa inapta para se ter uma vida amorosa. Me apaixonava pelos caras errados. Sempre.

E tomava atitudes ruins quando gostava de alguém.

Peter, que uniu Greg, Adam e eu em um único grupo, e foi o responsável por sermos tão inseparáveis como somos hoje -  apesar dos atritos - já havia dado em cima de mim também. No primeiro ano da faculdade, em uma festa para calouros, depois de quatro ou cinco doses de tequila.

Eu ri bem na cara do pobre Peter.

Ele era lindo, mas era o Peter, não conseguiria sexualizar ele nem se seu pau estivesse bem na minha cara. Mesmo sendo o mais velho, era como se fosse o nosso irmão mais novo. Nosso pirralho.

Eca, beijar Peter soava como incesto de muitas formas.

— Estou cansada — Tento convencer Gregori a me poupar.

— Chuveiro, já — aponta para a porta ao lado da entrada do seu quarto, a que fica no início do corredor que leva a cozinha.

Ele acaba de perder o teto, vou deixar que vença ao menos essa discussão.

Me levanto, pegando as roupas e dando a volta no sofá.

— Não esquece de trazer a toalha — digo, indo até o banheiro.

Tudo é exatamente como já estou acostumada todas as vezes que venho visitá-lo. Um copo de plastico azul na pia com três escovas de dentes e uma bisnaga de pasta quase vazia, não entendo porque tantas escovas já que ele tem apenas uma boca; há um enxaguante bocal, uma caixinha de fio dental e creme para barbear na mesma bancada.

No pequeno armário acima da pia, nem preciso abrir para saber o que tem dentro, vários analgésicos e pomadas cicatrizantes, além de um pacote de barbeadores.

Tudo na casa dele, até mesmo no banheiro, grita: um homem solitário mora aqui!

Fecho a porta, penduro as roupas dele na barra superior do box de vidro e começo a me livrar das minhas. Na frente do espelho retangular do armário, me impressiono com o hematoma no meu rosto. Ao menos Anica sabia dar um bom soco, me sentiria mal se tivesse apenas espancado alguém que todos acreditam ter me acolhido amavelmente.

Não, não me sentiria mal por aquela vadia, meu único arrependimento é ter quebrado apenas o seu nariz.

Quando estou completamente nua, noto as marcas de unhas abaixo das minhas costelas e em algumas regiões da minha clavícula, marcas vermelhas e pequenos cortes com gotinhas de sangue coagulado.

2 •Esqueça Ela - Blue Sky CityOnde as histórias ganham vida. Descobre agora