AFTER 2 (Tradução Português/BR)

Capítulo 154

Parece que passaram horas antes do Harry finalmente chegar em casa. Durante esse tempo eu tomei banho, limpei a cozinha, e li 50 páginas de Moby Dick no meu notebook. Na maior parte do tempo passou comigo pensando nos possíveis comportamentos de Harry e o que ele irá dizer. Ele não quis que eu fosse embora, é uma coisa boa. Certo? Espero que sim. Não me lembro de toda a noite passada, mas lembro de algumas coisas.

O Harry estava bastante bêbado, zangado e agressivo. Eu causei isso, por ser irracional e ter beijado um rapaz na frente do Harry, mas gostaria que ele tivesse sido mais compreensivo, devido ao meu estado. Mas também, Harry e a compreensão são duas coisas que normalmente, não andam juntos. Só quero que ele me perdoe.

Quando ouço a porta da frente se abrir, fico instantaneamente imóvel. Tudo o que tenho preparado para dizer, desaparece da minha mente, coloco o notebook na mesa e sento no sofá.

Quando o Harry passa pela porta, ele está usando um blusão cinzento e as suas típicas calças pretas. Ele não sai de casa exceto de preto e, de vez em quando, branco, por isso o contraste é um pouco estranho, mas o blusão faz com que ele pareça mais novo, de alguma forma. O cabelo dele está bagunçado e puxado para cima, e os seus olhos têm um circulo preto em volta deles.

Na sua mão está um abajur, diferente daquele que ele quebrou na noite passada, mas muito parecido.

"Hey." ele diz e passa a língua pelo seu lábio inferior antes de puxar o seu piercing com os dentes.

"Olá." murmuro em retorno.

"Como... como passou a noite?" ele pergunta.

Levanto do sofá quando ele se dirige até a cozinha.

"Bem..." minto.

"Isso é bom." ele diz.

É evidente que estamos pisando no terreno muito levemente, com medo de dizer a coisa errada.

Ele fica perto do balcão e eu perto da geladeira.

"Eu humm... comprei um novo abajur." ele mostra o abajur nas suas mãos antes de se sentar no balcão.

"É bonito." me sinto ansiosa, muito ansiosa.

"Eles não tinham um igual ao nosso, mas eles..." ele começa.

"Desculpa." deixo escapar, interrompendo ele.

"Eu também... bem, mais ou menos."

"Mais ou menos?"

"Sim... quero dizer, desculpa por alguma coisa, mas não por tudo."

"Ok..." quero pedir para ele explicar melhor, mas decido não fazer isso.

"Bem, desculpa por tudo, desculpa mesmo. A noite passada não era para ser assim." digo.

"Isso é, sem dúvida, verdade."

"Foi uma noite terrível. Devia ter te deixado explicar antes de ter beijado alguém, foi estúpido e imaturo de mim."

"Sim, foi. Eu não devia ter que me explicar, você devia ter confiado em mim e não ter saltado para conclusões." ele encosta o seu cotovelo no balcão atrás dele e eu perco tempo com os meus dedos, tentando não pegar na pele em volta das minhas unhas.

"Eu sei, desculpa."

"Eu ouvi isso das primeiras dez vezes Tess."

"Você vai me perdoar? Você estava falando em me expulsar daqui."

"Não estava falando em te expulsar, estava só dizendo que relacionamentos não funcionam."

Uma grande parte de mim estava rezando para que ele não se lembrasse das coisas que ele disse na noite passada. Ele me disse, basicamente, que o casamento é para estúpidos e que ele devia estar sozinho.