Capítulo 104

211K 8.5K 17.8K
                                    

A viagem para a minha terra natal é familiar e fácil, apesar da neve caindo. Me forço a deixar sair cada grito, literalmente gritos, grito o mais alto que consigo no meu pequeno carro antes que chegue à minha cidade natal. Gritar é muito mais dificil de se fazer do que eu pensei que fosse ser, especialmente quando não gosto de gritar. Me sinto chorado e desaparecendo. Dava tudo para voltar a minha vida para o meu primeiro dia de faculdade, teria aceitado o conselho da minha mãe e tinha mudado de quarto. A minha mãe estava preocupada por a Steph ser uma má influência, se nós duas soubéssemos que o rapaz rude de cabelo encaracolado é que ia ser o problema. Que ele ia tirar tudo de mim, me torcer, me rasgar em pequenos pedaços e assoprar o monte em vez de costuras os pedaços juntos novamente.

Estive apenas a duas horas de distância mas parece que tenho estado mais longe. Não tenho estado em casa desde que parti, por causa do Harry. Se não tivesse acabado com o Noah tinha voltado muitas vezes. Me forço a parar de pensar no Noah antes de ir abaixo outra vez. Os meus olhos continuam focados na estrada quando passo pela casa do Noah e entro na rua da minha mãe.

Quando chego à porta não tenho certeza se devo bater ou não, me sinto estranha para bater, mas não me sinto confortável para apenas entrar. Como é que tanto mudou desde que fui para a faculdade?

Decido apenas entrar e a minha mãe está no sofá castanho de coro, toda maquiada, em um vestido e saltos. Tudo parece igual, limpo e perfeitamente organizado. A única diferença é que parece mais pequeno, talvez porque fiquei na casa do Ken a noite passada. A casa é quente e o familiar cheiro de canela enche os meus sentidos. A minha mãe é obcecada com velas e tem uma em cada comodo. Tiro os meus sapatos na porta, sabendo que a minha mãe não vai querer neve no seu chão polido de madeira. A casa é pequena e não é a mais apelativa por fora, mas o interior está decorado lindamente e ela fez o seu melhor para mascarar o caos do casamento dentro dela, adicionando pinturas e flores.

"Gostaria de tomar café Theresa?" ela me pergunta antes de me abraçar. Herdei o meu vicio de café da minha mãe.

"Sim por favor." digo pelos meus dentes rangidos.

Sigo ela para a cozinha, insegura de como começar uma conversa.

"Então vai me dizer o que aconteceu?" ela pergunta e senta na pequena mesa da cozinha.

Respiro fundo e bebo do meu café antes de responder. "O Harry e eu terminamos."

"Porquê?" ela pergunta.

"Bem, ele não é a pessoa que eu pensava que ele era." digo. Envolvo as minhas mãos em volta da xícara de café em uma tentativa de me distrair da dor e me preparo para a resposta da minha mãe.

"E quem é que você pensou que ele era?"

"Alguém que me amava." não tenho certeza de quem eu pensava que o Harry era.

"E agora pensa que ele não ama?"

"Não, ele não me ama."

"O que te faz ter tanta certeza?" ela diz calmamente. 

"Porque confiei nele e ele me traiu, em uma forma terrível." eu sei que estou deixando de fora os detalhes, mas sinto a estranha sensação que preciso proteger o Harry dos julgamentos da minha mãe. Repreendo-me por ser estúpida, por sequer considerá-lo, quando ele claramente não faria o mesmo por mim.

"Não acha que devia ter pensado nisso antes de ir morar com ele?"

"Sim, eu sei. Vá em frente e me diz o quão estúpida eu sou, me diz que você me avisou." digo.

"Eu te disse, eu te avisei sobre rapazes como ele. Eu namorei com rapazes como ele antes, nunca acaba bem. Estou apenas feliz que acabou antes que tenha mesmo começado. As pessoas cometem erros Tessa, normalmente não tão grandes como este, mas ainda tenho certeza que ele vai te perdoar." ela bebe um gole do seu café, deixando um circulo cor de rosa na xícara.

AFTER 2 (Tradução Português/BR)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora