(73)

477 53 6
                                    

(Any Gabrielly)

No trabalho, eu não consegui me concentrar em absolutamente nada. Meu corpo estava atendendo aos pacientes, mas a minha mente estava longe, bem longe. Eu não via Josh desde cedo, quando ele saiu para a academia. Por isso, estava ansiando desesperadamente pelo horário de ir embora. Eu queria e precisava conversar com ele sobre as coisas que estavam me corroendo por dentro. De maneira que quando deu cinco horas da tarde saí da clínica sem nem olhar para trás.

Ao chegar em casa, fui primeiro recebida por Letícia, que, como sempre, fugia de Lurdes que queria lhe dar o jantar.

Lurdes- Impressão minha ou você chegou mais cedo? (Lurdes perguntou assim que me viu)

Eu- Mais ou menos. (respondi, deixando minha bolsa sobre o sofá) Cadê o Josh?

Lurdes Eu acho que ele está lá nos fundos.

Ajudei Lurdes a capturar Letícia, que odiava o momento do jantar, e, logo em seguida, passei direto até a área da piscina, onde havia também um quartinho onde guardávamos toda sorte de quinquilharias. Ao me aproximar, tive uma surpresa: Josh, Cauê e Luca estavam reunidos ao redor de uma mesa improvisada e pareciam muito concentrados no que quer que estivessem fazendo.

Ainda estávamos em Janeiro e, à parte do calor escaldante, os meninos estavam de férias. Era tão bonito vê-los maiores. Ambos estavam com 10 anos. Cauê cada vez mais ele mesmo, sempre fugindo do meu carinho, mas nunca deixando de ser o meu bebê. Quanto a Luca, eu gostava de brincar dizendo que ele estava se tornando cada vez mais um verdadeiro homenzinho. Um mini Josh, assim eu o chamava.

Nenhum dos três me viu à porta, o que me deu a oportunidade de observá-los por mais tempo. Ao que parecia, eles estavam montando um carrinho de controle remoto caseiro com o auxílio de um vídeo do YouTube. Era raro ver Cauê tão concentrado e eu devia aquilo a Josh.

Ele era tão bom para os meus filhos, eu não poderia ter pedido a Deus por mais. Seu dom em cuidar- verdadeiro presente do céu - me fazia fantasiar como seria quando os nossos gêmeos nascessem.

É claro que não dava para negar que, lá no fundo, eu tinha um pouco de medo. Letícia ainda era tão pequena e eu já não era tão nova. Porém, era em momentos como aquele, vendo Josh tão dedicado em divertir os meninos, que eu sentia uma tranquilidade singular me invadir.

Eu- Toc toc! (exclamei, chamando atenção dos três à porta, pois eles não me notariam ali tão cedo, de tão concentrados que estavam) O que vocês estão fazendo?

Entrei no quartinho e me coloquei entre Cauê e Luca. Cada qual segurava uma chave de fenda, enquanto Josh soldava o que parecia ser o motor da pequena engenhoca.

Luca- O Josh tá montando um carrinho de controle remoto, tia.

Cauê- E a gente tá ajudando. (Cauê completou)

Luca- Mais ou menos, né? (Luca disse, enquanto se contorcia de tanto rir)

Mesmo cansada e preocupada, eu me permiti, ao menos, sorrir com aquelas palavras, e eu teria fechado o sorriso quando Josh me olhou, mas notei um certo brilho em seus olhos. Ele estava feliz com alguma coisa.

Eu- Já tomaram café da tarde? (perguntei, tentando encontrar uma maneira de ficar a sós com Josh)

Os três olharam para a ponta da mesa onde haviam três pratos, cada qual com um misto-quente que já devia estar frio, e três copos com suco. Olhei para cada um deles com cara de reprovação, o que os fez rir.

Eu- Vão comer. (ordenei a Cauê e Luca que largaram as chaves de fenda e recolheram o lanche, saindo do quartinho sem protesto)

Josh fez menção de largar o que fazia também e sair, mas eu o impedi num tom brincalhão:

O Malabarista✓Onde as histórias ganham vida. Descobre agora