(65)

706 63 2
                                    

(Josh Beauchamp)

(Oito meses depois)

Eu ainda estava me adaptando ao meu novo estilo de vida, mas já me sentia incapaz de viver de outra maneira. Tudo era muito irreal até aquele momento. Pelo menos, por cinco ou seis noites sonhei que ainda morava na rua, debaixo do mesmo viaduto que me abrigou por um longo tempo. Mas então era um verdadeiro alívio abrir os olhos e ver Any em meus braços.

Any.

Ny.

O amor da minha vida, posso dizer com segurança.

Nunca foi tão bom amar. Nunca foi tão bom ser amado.

Eu costumava pensar que não teria grande sorte no amor, mas olhe só para mim agora. Casei-me com uma mulher linda, com aquela que me resgatou de uma vida de azares. Desde que deixei a rua, todos os amanheceres, mesmo chuvosos, eram belos para mim. Mas, ao me casar com a Any, aquilo que já era bonito, tornou-se maravilhoso.

Ela tem verdadeiramente o dom de colorir os dias, os meus dias. Abrir os olhos pela manhã e fitar os seus é o meu exercício preferido. O castanho tão castanho de seu olhar sempre desperta o que há de melhor em mim. E o seu cheiro é como bálsamo que leva para longe todas as minhas preocupações.

Mas, mais do que isso, com ela tenho aprendido muito.

[...]

Numa madrugada de sábado para domingo, acordei de repente e pensei em ir ao banheiro - eu tinha essa mania -. Ao me levantar, ouvi uns balbucios desconexos vindo da babá eletrônica que ficava ao lado da nossa cama, mais especificamente ao lado de Any, sobre o criado-mudo. Então rodeei a cama e olhei para o pequeno monitor, vendo que Letícia estava acordada e em pé sobre o berço, aparentemente entediada, enquanto falava meias palavras.

No mesmo instante, fiquei preocupado com a ideia de ela conseguir se pendurar naquele berço. Ela era esperta. Por isso, esquecendo-me completamente da vontade de ir ao banheiro, resolvi descer até o andar debaixo - nossa suíte ocupava todo o terceiro andar da casa - e ir até o quarto de Letícia.

Eu- O que você tá fazendo acordada, princesa? (perguntei ao abrir a porta, que já estava entreaberta, e ser recebido com um sorriso)

Desde que Any e eu nos casamos, tenho ficado cada vez mais próximo de seus filhos. De certa forma, acho que isso tem feito bem a todos nós. Joaquim e Cauê são como irmãos mais novos para mim, mas também acho que existe uma certa dose de paternidade em nossa amizade. E com Letícia não é diferente.

Há quase 2 meses, a Leh me chamou de pai. Foi inesperado. Any e eu rimos por quase 1 minuto, até que concordamos que não havia mal algum naquilo. Eu não era o pai biológico, mas poderia ser, sem custo algum, o pai de coração. E assim foi.

Eu- Tá sem sono? (fiz uma nova pergunta ao me aproximar do berço)

Letícia- Colo. (ela murmurou, abrindo os bracinhos na minha direção)

Any vivia me dizendo que era preciso não ceder a todas as vontades da Leh, principalmente quando se tratava dos seus pedidos de colo durante a madrugada, pois, uma vez em meus braços, ela não iria mais querer sair. Porém, resistir a aqueles olhinhos era quase impossível. Eu nunca conseguia.

(Any Gabrielly)

De todas as maravilhas do mundo, o Josh é a primeira. Sua sabedoria e bondade não são deste planeta. Antes de nos casarmos e até mesmo de namorarmos, eu já amava a sua presença. Costumava pensar que, mesmo que não chegássemos a ter um relacionamento, ter a sua amizade já seria o suficiente. E nunca foi tão bom amar alguém.

O Malabarista✓Onde as histórias ganham vida. Descobre agora