(46)

994 99 11
                                    

(Alguns dias depois)

Joaquim entrou na cozinha como quem quer dizer alguma coisa, mas não sabe como. Ficou um tempo atrás da bancada, observando Any preparar um salmão grelhado. A morena não o havia visto ali, pois estava suficientemente distraída com a música que tocava em seu celular. Por isso, ao se virar e ver o filho, ela se assustou levemente, levando uma mão ao peito e dizendo:

Any- Credo, Joaquim! Que susto!

O garoto riu baixo, mas logo interrompeu o riso, deixando que um semblante sério tomasse conta do seu rosto.

Joaquim- Mãe.

Eu- Fala.

Joaquim- Posso te perguntar uma coisa?

Any parou o que estava fazendo e jogou um olhar desconfiado para o filho, tendo um sorriso torto e pequeno nos lábios.

Any- O que é que foi, Joaquim? (ela perguntou, brincalhona)

Joaquim- Você deixa eu fazer uma tatuagem?

Any riu, voltando sua atenção para o salmão e respondendo:

Any- A resposta, você já sabe qual é.

Joaquim- Por favor, mãe. O Pedro e o Thiago vão fazer.

Joaquim, que já esperava aquela resposta, apoiou os cotovelos na bancada e suspirou alto. De maneira que Any o escutou e se virou, perguntando:

Any- Você não acha que é muito novo para isso, não?

Joaquim- A vó disse que você fez a sua primeira aos 15 anos também. E ela deixou.

Any- Minha mãe e eu somos duas pessoas diferentes, Joaquim. Eu não vou deixar e nem adianta insistir.

Joaquim- É só uma no antebraço, mãe.

Any foi até a sala de jantar, onde apanhou uma garrafa de vinho, e depois retornou para a cozinha, sempre com Joaquim a seguindo.

Joaquim- Eu prometo que não te peço mais nada. (o garoto insistiu)

Any- Você falou a mesma coisa quando eu te deixei furar a orelha. (a morena contra argumentou e, virando-se na porta da cozinha, segurou o rosto do filho) Aliás, deixa eu ver uma coisa aqui. Cadê aquele brinco que você infernizou a minha vida para comprar?

Joaquim- Tá guardado. Eu enjoei dele. (Joaquim respondeu se desviando das mãos da morena)

Any- E quando enjoar da tatuagem, vai arrancar o braço?

Joaquim- Eu não vou me enjoar dela. Por favor, mãe!

Any colocou um pouco do vinho em uma taça e, virando-se para o filho, escorou-se na pia para responder:

Any- Quando você fizer 16 anos, eu deixo.

Joaquim- Qual é, mãe?

Any- Joaquim, ou é isso ou é nada.

O garoto deixou o semblante cair, mas, por fim, se contentou. Afinal, sabia que não conseguiria mais do que aquilo.

Any- Combinado? (Any perguntou)

Joaquim- Combinado...

Any- Agora, vem cá, me dá um abraço.

Joaquim, mesmo contrariado, foi até a morena e a abraçou, ouvindo-a dizer logo em seguida:

Any- Você sabe que eu sinto o maior prazer em te dar as coisas, filho. Mas tudo tem o tempo certo, tá?

Joaquim- Tá bom, mãe.

O Malabarista✓Where stories live. Discover now