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(Josh Beauchamp)

(20 dias depois)

Ouvi duas batidas na porta do banheiro e, logo em seguida, a voz de Any soou do lado de fora:

Any- Está tudo bem aí, Josh?

Terminei de afivelar o cinto da calça, notando que, mesmo assim, o jeans ficava um pouco frouxo, e abri a porta com certa dificuldade. Minhas mãos ainda vacilavam.

Eu- Estou sim. (respondi por fim ao ver Any)

Ela me olhou por alguns segundos e, logo em seguida, se aproximou de mim, ajeitando a gola da minha camisa que eu nem havia percebido que estava desarrumada.

Eu- Acho que emagreci além da conta. (brinquei percebendo que a camisa havia ficado relativamente grande)

Any sorriu largo e, com uma mão no meu ombro, disse com seu jeito engraçado:

Any- Esse problema, a comida da Lurdes resolve.

Ri baixo. Any, sempre me fazendo rir.

Eu- Realmente, eu sinto falta da comida dela... E dela também, é claro.

Any- Ela vai gostar de saber disso.

Rimos juntos e, então, o silêncio se instalou de repente. Algumas coisas pareciam não terem mudado.

Any- Bom, então vamos! (Any disse de repente, se afastando de mim e apanhando a bolsa que estava sobre a cama)

Eu- Pode deixar que eu levo a bolsa. (falei, pois sabia que ali estavam algumas coisas minhas. Nada mais justo do que eu carregar)

Mas Any girou sobre seus calcanhares, me fazendo rir antes de qualquer palavra, e disse:

Any- Não, senhor. Você ainda está de repouso.

Eu- Mas ela não está pesada.

Any- Josh... (ela disse meu nome com um tom de advertência e eu me entreguei, risonho:)

Eu- Está bem. Você venceu.

Ela me jogou uma piscadela divertida e, então, saímos do quarto.

No caminho, até o estacionamento, uma série de pessoas vieram me cumprimentar. Muitas pessoas, eu sequer conhecia, mas, mesmo assim, aceitei os cumprimentos. Afinal, de certa forma, eu sabia que havia voltado à vida através de um milagre.

Any- Alguém está famoso, hein! (Any exclamou assim que entramos no carro)

Acho que senti falta até do aroma que sempre abraçava seu carro. Aquele aromatizante que Any usava, combinado com o frio do ar-condicionado, foi minha pedra de tropeço na noite em que ela levou Luca e eu para casa, pois sentia vergonha do contraste entre a polidez do veículo e a sujeira do meu corpo. Mas, agora, aquele cheiro me acolheu. Eu me sentia em casa.

Eu- Acho que nunca cumprimentei tanta gente na minha vida. (falei colocando o cinto de segurança)

Any- Todos estavam torcendo pela sua melhora. E te ver assim, bem, é...

Ela não completou a frase, apenas sorriu e ligou o carro, mas eu não consegui sossegar o meu espírito.

Precisava falar algo.

Eu- Any, (tomei a palavra, cheio de coisas para falar) eu queria muito te agradecer por... Por tudo, sabe?

Ela me olhou de relance enquanto dirigia. O trânsito estava livre, mas o dia era nublado e fazia um frio ameno.

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