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(16 meses depois)

Any parou o carro em frente à escola primária onde Cauê e Luca estudavam e logo viu os dois garotinhos vindo correndo, cada qual com sua mochila de rodinhas. Então, feliz com aquela cena que já havia se tornado rotineira, a morena desceu do veículo e abriu a porta para que os dois entrassem, enquanto ela guardava suas mochilas.

Any- Como foi a aula? (perguntou Any saindo com o carro enquanto olhava, ora ou outra, para o retrovisor interno)

Cauê- Chata. (Cauê murmurou colocando os pés sobre o banco)

Any- Filho, senta direito! Não faz nem três meses que eu troquei o couro desse banco.

Contra sua vontade, Cauê fez o ordenado pela morena e ligou a televisão instalada no banco da frente.

Any- E você, Luca? Gostou da aula?

Luca- Eu gostei! (respondeu ele, sem esconder sua empolgação) A tia mandou a gente escolher um livro na biblioteca para ler durante o final de semana e eu escolhi Dom Quixote.

Any ergueu as sobrancelhas e, quando olhou pelo retrovisor, viu Luca tirando o livro de dentro da mochila.

Any- E você já começou a ler? (perguntou a morena, admirada)

Os últimos meses foram bastante reveladores para Any, que descobriu, da melhor maneira possível, o quão inteligente e prodigioso Luca era.

Luca- Ainda não, mas vou começar hoje. (ele respondeu, determinado)

Any- E você, Cauê? Que livro escolheu?

O garoto, cujos cabelos escuros e cacheados estavam eriçados, apenas abriu sua mochila, da mesma maneira que Luca havia feito, e tirou de lá um livrinho de figuras. Então Any riu ao ver aquilo pelo retrovisor. A diferença era grande entre os dois garotinhos, mas o seu amor era o mesmo. Cada qual com sua personalidade lhe enchia o peito de alegria.

[...]

Lurdes- Olha lá quem está chegando! (Lurdes exclamou apontando para Any que acabava de descer do carro na garagem)

Letícia, que segurava uma mamadeira rosa quase inteiramente vazia, ao ver a morena, estendeu-lhe os braços imediatamente, sendo logo recebida por Any, que deu-lhe um beijo na bochecha e disse à Lurdes, que já estava pronta para ir embora:

Any- Ai, Gilda. Me desculpe! Eu me atrasei de novo. É que eu tive que passar numa farmácia ali, para comprar um remédio, e acabei te deixando aí, plantada.

Lurdes- Não se preocupe com isso! (a mulher, sempre simpática, exclamou e beijou a mão de Letícia) Foi até bom porque aproveitei e já dei banho na Leh.

Any- Você deu banho nela?

Lurdes- Dei.

Any- Lurdes, você é um anjo. Eu vim pensando que ainda teria que fazer isso.

Any beijou a filha mais uma vez e abraçou Lurdes, despedindo-se dela, que logo foi embora. Então, pensando em todas as coisas que ainda teria que fazer, a morena entrou em casa, encontrando Joaquim fazendo o que pareceu ser seu dever de casa na mesinha de centro da sala.

Any- E aí, Jô! Tudo bem, filho? (Any perguntou passando direto pela sala e indo até a cozinha, pois Letícia, que já havia terminado de tomar a mamadeira, pedia por água)

Joaquim, que viu apenas o vulto da mãe, respondeu sem tirar a atenção do caderno:

Joaquim- Tudo bem sim, mãe.

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