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"O número de vítimas fatais do acidente envolvendo dois ônibus da viação Gontijo aumentou para 37 pessoas. Mas, felizmente, foram encontradas 15 pessoas ainda com vida. Treze delas foram encaminhadas para o Hospital São Rafael e as outras duas foram transportadas em estado grave para Salvador.

Os bombeiros estudam estratégias para agilizar o resgate, pois mesmo com o auxílio de dois helicópteros e equipe especializada, não se sabe quando serão encontradas todas as vítimas."

(Any Gabrielly)

Eu não sei descrever o tamanho do vazio que me bateu quando liguei para o celular de Josh e não obtive nenhuma resposta. Eu tentei, mesmo que lá no fundo, ter uma fagulha de esperança de que aquele não fosse o ônibus em que ele e Luca embarcou, mas a realidade me estapeou.

Os jornais diziam que o acidente havia acontecido entre 2:51 e 3:00 horas da madrugada. Diante daquilo, eu não pude deixar de pensar na última mensagem que Josh me mandou. E se eu não tivesse dormido? Alguma coisa poderia ter saído diferente?

Mas eu não tinha tempo para ficar de perguntas. Eu queria desesperadamente ir até a Bahia e encontrá-los. Meu único medo era saber que eles estavam entre as vítimas fatais. Porém, eu sabia que precisava deixar meus medos de lado e ir ao encontro de Josh e Luca. Eles precisavam de mim. Quem mais poderia estar lá por eles?

A primeira coisa que fiz foi ligar para Ravi. O pai dele tinha um jatinho e eu precisava chegar na Bahia o mais rápido possível. Eu conhecia sua família e ela me conhecia, por isso, quando contei tudo, eles rapidamente me cederam o jatinho e uma pequena tripulação com três pessoas.

Na sequência, chamei o Noah para ir comigo. Meus pais quiseram fazer algo, mas eu recusei a ajuda deles. Talvez não tenha sido o certo. Na verdade, quando falei ao telefone que o Noah e eu daríamos conta de tudo, até sorri triste ao me lembrar de Josh. Se ele estivesse ali comigo, certamente falaria sobre o perdão e sua importância.

Embarcamos por volta das dez e meia da manhã e chegamos a Salvador pouco depois de meio-dia. Então eu aluguei um carro e estava pronta para sair de hospital em hospital apenas para encontrar Luca e Josh, mas Noah me deteve com as palavras quando ainda estávamos no estacionamento da locadora de carros.

Noah- Você não acha melhor nós almoçarmos primeiro?

Eu- Eu não tô com apetite. (respondi ligando o carro)

Noah- Nem eu, Ny. Mas descuidar de você não vai adiantar nada. Você está grávida.

Eu- Nono, o mais importante agora não sou eu... (argumentei)

Noah- E como você pretende ajudá-los se não estiver bem?

Eu- Eu tô bem!

Noah- Não tá, Any!

Encarei meu irmão por alguns segundos, irritada. Eu queria me jogar de cabeça naquilo. Faria o que fosse necessário para encontrar Luca e Josh, nem que, para isso, eu fizesse um jejum de três dias. Mas, por outro lado, eu sabia que ele estava apenas preocupado comigo. E saber disso foi o suficiente para que eu cedesse.

Eu- Está bem... (concordei por fim)

Noah- Mas não se preocupe, enquanto comemos, eu ligo para alguns hospitais para agilizarmos.

A ideia era ótima e eu acatei.

Assim, seguimos para um restaurante e, já no caminho, enquanto eu dirigia, Noah começou as ligações, mas não obtivemos nenhuma resposta que pudesse aliviar a nossa tensão.

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