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(NARRADORA)

Noah- Cara, eu garanto que você conheceu a melhor pessoa do mundo. (disse Noah a Josh com os olhos cheios de brilho)

Josh, após toda a confusão e enquanto Any ainda estava em seu quarto, contou aos pais e ao irmão da morena toda a história de como a havia conhecido. E, a princípio, ele até achou que a família dela esboçaria certa estranheza, mas tudo apontava para o fato de que todos ali conheciam o bom coração dela.

Noah- A Ny é aquele tipo de pessoa com a qual você pode contar em qualquer momento da sua vida. (Noah prosseguiu)

Josh sorriu, pois já havia notado boa parte de suas qualidades.

Priscila- É por isso que, ver ela e Larissa brigando desse jeito, aperta nosso coração. Não é, querido? (Priscila se virou para o marido, que assentiu em silêncio)

Noah- A Larissa sempre foi uma mal-amada. (disse Noah, sem pensar)

Priscila- No...

Noah- Não, mãe. É a mais pura verdade! (o jovem insistiu) A Ny sempre fez tudo por ela e ela nunca teve a humildade de agradecer.

Priscila e Silvio balançaram a cabeça, como se concordasse, mas nada disseram.

[...]

Joaquim bateu na porta do quarto de Any pela sexta vez, mas não obteve resposta. O garoto estava com o coração apertado. Dona Priscila, sua avó, lhe havia aconselhado a deixar a morena sozinha um pouco, mas ele não conseguia. Aquele domingo tão ensolarado, tão alegre, de repente, se tornou cinzento. O que era para ser uma tarde em família, terminou sendo uma tarde tensa.

Cauê- Cadê minha mãe? (Cauê perguntou ao cruzar com Joaquim na escada)

Joaquim- Brigou com a tia Larissa.

Cauê- De novo? (Cauê perguntou e, de certa forma, para os mais observadores, era possível notar um tom em sua voz que denunciava sua preocupação de criança)

Luca- Quem é Larissa? (Luca perguntou inocentemente)

Cauê- É a irmã da minha mãe. Eu odeio ela. (respondeu Cauê)

Joaquim, que tinha quase o mesmo sentimento que o irmão, mas não costumava confessar em voz alta, prosseguiu seu caminho até o andar debaixo, onde insistiu com a avó mais uma vez:

Joaquim- Vó, eu tô preocupado com a minha mãe.

Priscila- Oh, querido! Ela...

Noah- Eu vou lá falar com ela. (Noah se prontificou, levantando-se)

Mas, tão logo o jovem moreno subiu, ele desceu novamente, sem respostas.

Noah- Acho que o jeito é esperar que ela queira sair de lá de dentro. (disse o moreno, sentando-se novamente no sofá)

Josh, um pouco indeciso sobre se devia ou não se oferecer em ajuda, se levantou e perguntou, hesitante:

Josh- Será que...? (todos voltaram seus olhares para o jovem rapaz, que hesitou ainda mais:) Será que eu posso tentar falar com ela? É o mínimo que eu posso fazer depois de tudo que ela tem feito por mim.

Ninguém se opôs à ideia e, então, Josh deixou a sala.

[...]

Any estava na sacada do seu quarto tentando controlar as lágrimas que pareciam não ter fim. Às vezes, ela pendia a cabeça para trás e fungava, limpando as proximidades dos olhos com a ponta dos dedos. Mesmo quando não havia ninguém a observando, ela não gostava de chorar.

Então, pela enésima vez desde que ela se trancou em seu quarto, batidas na porta soaram e Any as teria ignorado completamente, como fizera com as outras, se, juntamente com as batidas, não tivesse soado também uma voz amena que perguntava:

Josh- Está tudo bem? (aquela voz era inconfundível) Está todo mundo preocupado com você. (uma pausa e a morena deixou a sacada, indo na direção da porta) Eu estarei aqui se você quiser...

Any abriu a porta no meio da frase de Josh, que conteve as palavras quando a viu.

Any- Me desculpe! Eu te convidei para um almoço e, agora, você provavelmente está tendo uma indigestão com toda essa confusão. (disse a morena tentando ressuscitar seu senso de humor)

Josh- Você não precisa se desculpar por isso. Eu entendo perfeitamente.

Any- Não é sempre assim, eu juro. É que a minha irmã me tira do sério.

Josh- Eu vi...

Any- A propósito, ela te chutou... Tá tudo bem?

Josh- Comigo, sim. E com você?

Any riu, não porque achou graça da pergunta, mas sim porque lhe bateu uma tristeza de repente.

Any- Eu tento me apegar às coisas boas. (respondeu a morena, saindo pela tangente do assunto)

Josh- Isso é importante. Sempre olhar o copo meio cheio, né?

Any assentiu e, concentrando-se para não chorar, prosseguiu:

Any- Apesar de que tem dias que a gente não quer nem levantar da cama, mas aí eu lembro que eu tenho filhos, pacientes, família, amigos... (a morena concluiu com um suspiro alto, olhando para cima e piscando várias vezes, em uma vã tentativa de espantar as lágrimas) E é tipo, (retomou ela) "Levanta a cabeça, Lorena!", mas... Isso cansa, sabe? Ser forte o tempo todo, cansa.

Josh- Existe um versículo, e eu gosto muito dele, que diz...

Any enxugou as lágrimas e fitou o jovem rapaz, que fechou os olhos por alguns instantes, a fim de apanhar da memória as palavras que queria dizer:

Josh- O meu corpo e o meu coração poderão fraquejar, mas Deus é a força do meu coração e a minha herança para sempre.

Josh abriu os olhos, revelando-os marejados, e completou:

Josh- Eu repito esse versículo na minha cabeça sempre que eu penso em desistir. Não é nenhuma fórmula mágica, mas sempre me ajudou.

Any sorriu, mais calma, e disse, admirada:

Any- Eu queria ter a sua fé. Você perdeu os seus pais, teve que criar o seu irmão sozinho na rua e, ainda assim, continua acreditando em Deus. Eu perdi a minha fé por muito menos do que isso.

Josh- Se eu tivesse deixado de acreditar nele, nada mais me restaria.

Ambos sustentaram seus olhares um sobre o outro por mais alguns segundos e, então, Any começou a rir abafado.

Josh- Que foi? (Josh perguntou quase sendo contagiado pelo riso da morena)

Any- Você é tão ajuizado que me deixa até sem graça. Eu tenho certeza que, se eu tivesse metade do juízo que você tem quando eu tinha a sua idade, eu teria evitado muita coisa na minha vida.

Josh sorriu abaixando a cabeça, enquanto ficava vermelho de vergonha.

Any- Mas agora vamos descer porque eu ainda tenho um domingo para salvar. (disse Any ao cabo de alguns segundos) E... Ah, antes que eu me esqueça. Obrigada por entrar na frente quando a Larissa tentou me chutar.

Josh- Não precisa me agradecer.

Any- Foi bom ter essa conversa com você. Acho que eu precisava disso. E me desculpe pelos desabafos é que... É tanta coisa, sabe?

Josh- Tudo bem. Eu te entendo.

Any sorriu mais uma vez e, então, desceram para o primeiro andar. De maneira que a família da morena ficou levemente surpresa quando viu que ela já tinha recuperado seu semblante alegre, como se a tempestade de minutos atrás nunca tivesse acontecido.

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Autora da obra oficial: anac_ssilva

O Malabarista✓Where stories live. Discover now