O Malabarista✓

(71)

(Any Gabrielly)

De madrugada, eu acordei de repente e senti falta de Josh na cama, mas quando vi a porta de vidro que dava para a pequena sacada levemente aberta, deduzi logo que ele estava lá fora, o que não deixou de me surpreender. Afinal, Josh não era de acordar no meio da noite, exceto quando acontecia algo. Por isso, me levantei e fui até ele, que, como eu presumi, estava debruçado sobre o parapeito olhando fixamente para a praia que estava logo ali em frente.

Eu- Está tudo bem? (perguntei ao me aproximar, o que o fez se virar de uma vez, como se tivesse se assustado)

Josh- Está, sim. (Josh respondeu, esforçando-se para sorrir)

Eu o conhecia muito bem e por isso sabia que, apesar do seu tom de voz sempre sereno e do seu semblante que parecia querer transparecer tranquilidade, algo o estava incomodando.

Eu- O que está fazendo aqui fora a essa hora? (perguntei, tentando fazê-lo me contar o que havia de errado)

Josh- Ah, eu só estava... Sei lá. É que eu perdi o sono e resolvi vir ficar um pouco aqui fora.

Josh nunca perdia o sono. Na verdade, às vezes, ele dormia até demais. Por isso, a estranheza de sua insônia.

Eu- O que te fez perder o sono?

Josh- Não sei. Talvez, eu só esteja cansado.

Ele passou uma mão pelo rosto e fez menção de voltar para o quarto, mas eu o detive com minhas palavras:

Eu- Pode me contar, amor. O que foi?

Josh- É bobagem. (ele desconversou enquanto coçava a nuca)

Eu- Não é bobagem se te faz perder o sono. (argumentei)

Josh resistiu por mais alguns instantes, mas, por fim, voltou-se na minha direção e perguntou num tom que revelava a sua profunda hesitação:

Josh- Você está feliz com nós dois?

De todas as coisas possíveis, eu nunca imaginei que se tratasse daquilo. E justamente por isso, a princípio, eu fiquei sem palavras para responder. Eu achava que a minha felicidade estava óbvia, porém, depois da pergunta de Josh, já não pude mais ter muita certeza.

Eu- Claro que eu estou, amor. (respondi, por fim) Por que você está perguntando?

Ele deu de ombros e disse que não era nada, desconversando outra vez. E, novamente, eu o detive, desta vez, porém, segurando seu braço.

Eu- Ei, vem cá.

Puxei-o para perto e quis saber mais uma vez:

Eu- O que está acontecendo?

Josh- É que...

Josh pausou por um momento, como se buscasse pelas palavras mais adequadas. Por fim, confessou em meio a um suspiro:

Josh- Eu acho que estou fazendo tudo errado.

Eu- Tudo errado?

Josh- Você não está feliz comigo e...

Eu- Calma aí!

Eu tive que interrompê-lo no mesmo instante. Aquela foi a primeira vez que eu ouvi Josh falar uma baita mentira. De onde ele havia tirado aquela ideia?

Eu- Quem te falou que eu não estou feliz com você?

Josh- Ninguém me falou. Eu apenas me sinto insuficiente.