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(NARRADORA)

Sabina caiu sentada sobre a cama de Any enquanto a observava colocar os brincos. Ainda há pouco, a morena havia contado à amiga toda a história. Disse que contrataria Josh em sua clínica odontológica para substituir o rapaz da segurança que havia saído; contou que lhe concederia o seu apartamento que estava fechado há um bom tempo e ainda comentou sobre o problema nos rins que ele estava enfrentando.

Ao cabo de vários minutos, Sabina se viu sem palavras.

Any- Eu acho que estou ficando louca. (Any confessou com um certo ar de graça)

Sabina- Não, amiga. Louca você não está. Mas... Eu só estou tentando montar esse quebra-cabeça na minha mente.

Any- Eu não te culpo. Quero dizer, eu nunca fui o tipo de pessoa que sai por aí ajudando o próximo. Você que sempre foi assim.

Realmente, entre as duas, Sabina era a mais voltada para a caridade. Any, por sua vez, sempre foi um pouco mais indiferente aos problemas do mundo.

Sabina- Como é mesmo o nome dele? (Sabina perguntou, imersa em seus pensamentos)

Any- De quem?

Sabina- Do rapaz.

Any- Josh.

Sabina- Josh... (Sabina repetiu, pensativa)

Any- Ele é de Pernambuco. Não tem pai, nem mãe... Acredita que, quando eles foram morar na rua, o Luca tinha só 3 anos? Não consigo entender como ninguém o ajudou até hoje.

Sabina, saindo dos seus próprios pensamentos com aquelas palavras, sorriu docilmente e afirmou:

Sabina- Você o ajudou.

Any maneou a cabeça, concordando um pouco, e disse:

Any Agora mesmo, eu vou levá-los para conhecer o apartamento. Quer vir?

Sabina- Eu iria, mas tenho aula de pilates às três. (respondeu Sabina olhando as horas no celular)

Any- Meu Deus! O pilates. Se você soubesse há quanto tempo eu não faço.

Sabina- Falando nisso... (Sabina abriu a bolsa e apanhou o macacãozinho do qual havia falado mais cedo) É lindo ou não é?

Any apanhou a roupinha e a observou por um instante. Depois, disse, um pouco abatida:

Any- É lindo, sim.

Então, notando seu abatimento, Sabina se levantou e foi até a morena, apoiando uma mão em seu ombro direito e dizendo em um tom compassivo:

Sabina- Var dar tudo certo, Ny.

Any- Eu espero que sim. Mas é que, às vezes, eu só fico meio... Você sabe. Eu não queria ter mais filhos e muito menos com o David. E o cara de pau ainda teve a coragem de dizer que o filho não é dele. Como não é dele?

Ao ver que estava se alterando um pouco, Any conteve os ânimos e respirou fundo. Ela sabia que não valeria a pena se estressar por causa daquilo.

Sabina- Ele voltou a aparecer aqui? (Sabina perguntou, preocupada)

Any- Não. Mas é que, toda vez que eu lembro das merdas que ele fez e falou comigo, eu fico...

Outra vez, a morena se deteve e engoliu o palavrão que quis falar.

(TRÊS MESES ANTES)

Any estava sentada sobre sua cama, dividindo a atenção entre a TV e o MacBook em seu colo quando, sem a menor delicadeza, David abriu a porta e entrou, fazendo um cheiro forte de bebida invadir o quarto junto com ele.

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