LOVE-MALÉVOLA E DIAVAL

By RadijhaR

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LIVRO 2 DA SÉRIE MALÉVOLA E DIAVAL Malévola e Diaval descobriram o real amor entre si,e agora,podiam finalmen... More

Epígrafe
Apresentação e agradecimentos
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 51 -FINAL

Capítulo 11

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By RadijhaR

Malévola

Aquele não parecia tratar-se de um lugar que eu já conhecera antes.Na realidade,não aparentava ser nem mesmo um lugar,onde se podia existir vida.A escuridão,o mau cheiro,que me causava náuseas,o ambiente imundo,tudo aquilo recordava aqueles espaços específicos,onde os humanos,moradores de Ulstead jogavam os seus entulhos,e refugos,de comida,só que mil vezes pior,e mais desconfortável.Lembro bem que a única vez que voei por cima de uma ilha de dejetos assim,me fez querer nunca passar por aquele caminho outra vez.

E agora,cá estava eu,num lugar que se assemelhava a este,que tanto repudiei.Não sabia como havia parado aqui,mas tinha consciência que não fora intencionalmente.Qualquer criatura,por mais perturbada que fosse,não gostaria de passar um minuto sequer onde eu me encontrava.

Meus pés,descalços,se feriam com facilidade,em objetos espalhados pelo chão.Objetos estes que não pude identificar de que material cortante eram feitos.Meu corpo inteiro,sentia um calafrio avassalador,mesmo que as temperaturas não fossem das mais baixas,e por mais alguns instantes ali,era certo que eu acabaria desmaiando.

Procurei por algum conhecido.Alguma voz.Qualquer sinal.Nada,encontrei.Diaval não estava ali.Aurora,não estava ali.Sophie,muito menos.Por alguns instantes,tive vontade de chorar.Eu me encontrava sozinha.E não fazia a menor ideia de como voltar para casa.

Tinha esquecido o caminho.Não lembrava nem ao menos como se voava.Senti-me semelhante a uma criança trevosa,que ainda está aprendendo a usar suas asas.

Acontece que eu não era mais uma criança.

-Diaval? -gritei,o mais alto que permitia minha voz -Aurora,Sophie?

Não obtive qualquer resposta.

-Eles não vão vim te salvar,Malévola -desdenhou um sussurro,pouco agradável.

-Que...quem...quem está aí? -questionei,aflita.

-Seu pior pesadelo! -murmurou a voz,em uma risada maléfica.

De repente,fui transferida para um outro local.Não era fétido,como o antigo,que eu estava antes,e se encontrava ao ar livre.Observei melhor,e vi que existia um abismo abaixo de meus pés.Fui acorrentada,misteriosamente,e por mais que eu gritasse,pedisse socorro,minha voz não era liberada por minha boca.

Um filme começou a passar pela minha cabeça.Vi Aurora,ainda bebê.Vi o dia que adotei Sophie.Vi quando Diaval se declarou para mim.Aquelas eram algumas das melhores memórias da minha vida.

Após cada cena,cada imagem,que me fora apresentada em riqueza de detalhes,notei uma angústia crescendo dentro de mim,junto a um eco interior que me repetia:

"Você destruiu tudo isso."

Não compreendi o porquê estava ouvindo tal coisa.Não entendi o motivo de estar ali.

Ao olhar ao meu redor com mais exatidão,percebi algo diferente.O abismo em que eu me encontrava tinha um outro lado,que eu conhecia bem.

Moors.

A floresta estava ali,ao meu alcance.

Tentei em vão voar até lá.Minhas asas não estavam machucadas,nem nada assim,porém eu achava-me presa nas mãos e pés,por utensílios bem mais fortes que correntes.Após diversas investidas fracassadas de sair do meu lugar,fui rendida ao cansaço,e caí de bruços no chão,coberto de musgos,daquela pequena ilha no meio de um imenso buraco que eu havia sido posta.

Olhei mais uma vez para o ambiente,sem força alguma para emitir sons de súplica.Observei o que podia fazer para escapar,até me deparar com Aurora.

Sim,Aurora.Ela apareceu.Próxima,porém não o suficiente para alcançar-me,ou me socorrer.

Sussurrei um fraco "filha",por meus lábios,quase que inaudível.Permiti ao meu rosto,adquirir um sorriso.Era ela.

Minha princesa.Minha praga.

Senti uma esperança acender,no fim do túnel.Uma chama de alegria no meu coração.Mas essa felicidade não durou muito.

Aurora se transformou em uma princesa horrenda,com um rosto desfigurado e uma expressão ameaçadora.Ela ainda tinha sua aparência reconhecível.Dava para notar que era minha menina.Mas de uma maneira completamente oposta ao seu natural.

A criatura repetia coisas que me faziam derramar as lágrimas que busquei esconder,durante toda uma vida.Algo não me permitia entender aquelas palavras,mas era como se meu subconsciente estivesse entendendo.

Nada fazia sentido.

Meu peito começou a sangrar,como se eu me encontrasse sendo baleada por uma das bestas de ferro da Rainha Ingrith novamente.Em vão,coloquei a mão,no local ferido para tentar sarar.Minha magia não funcionava.Não naquela hora.Não com ferros.

E as estranhas palavras que Aurora pronunciava,eram como ferros dentro de mim.

O meu corpo inteiro enfraqueceu,até eu não conseguir nem mesmo ficar mais em pé.Ao virar a cabeça,vi ele.

Diaval.

Diferente de Aurora,ele situava-se mais distante,com Sophie em seus braços.O homem não estava dentro do abismo,mas fora dele.Em Moors.Como se apenas eu e Aurora estivéssemos,por qualquer razão,presas ali dentro,daquele lugar horrível.

Senti medo,de que o meu amigo,meu companheiro viesse a tornar-se um ser monstruoso também,mas isso não aconteceu.

Os gemidos de tristeza de minha caçula me feriam ainda mais,como facas pontiagudas cravadas em meu corpo.Sophie,nos braços do pai,estendia suas mãos para mim,como sempre fazia,para pedir um abraço,um beijo,ou um carinho.

Ela me chamava,e eu me sentia triste,por estar incapaz de ir até a mesma.Diaval,me olhava preocupado,entretanto,sua boca nenhuma palavra proferia.

Era complicado.Muito agonizante.

Eu só queria sair dali.Só queria voltar,para minha casa,meu lar.Desejava,almejante,tornar a minha realidade normal.Era o que precisava.

Só isso.

Até que meus olhos se abriram,e percebi que tudo se tratava apenas de um pesadelo.O mesmo que eu estava tendo a dias.Só que a cada noite,ele parecia piorar cem vezes mais,e aos poucos,tornar-se realidade.Dores no coração já estavam sendo frequentes para mim,fazia um tempo.

Sentei-me em meu leito,baixei minha cabeça,a colocando em cima de meus joelhos,e encolhi um pouco minhas asas.Aquela experiência estava tornando-se traumática.

E eu estava ficando exausta.

Noites sem dormir acabavam com meu físico e psicológico.Meus olhos pesados,e minhas asas cansadas,mesmo que eu pouco as estivesse usando,eram provas vivas disso.

Apesar de já ter falado com Aurora,e exposto para ela a verdade,eu ainda não me livrara deste sonho.Já não conseguia mais entender absolutamente nada que estava acontecendo.A minha vida virava de cabeça para baixo,em questão de poucos dias.Senti uma forte enxaqueca,só de relembrar as palavras de minha filha,naquele castelo.As suas últimas,que a mim dirigira.

"Não quero lhe ver nunca mais!"

Aquilo doía.Céus,o que eu fizera?

E como se não bastasse eu ter perdido Aurora,meu sonho estranho parecia me avisar que eu perderia Sophie e Diaval também,sabe-se lá por quais razões,e odiava isso.Porém sentia que iria acontecer.

Em momentos assim,me via vulnerável,pois por mais poder,e magia de fênix que eu possuísse,nada poderia fazer para manter minha família sob controle totalmente.

Aqueles que amo,se afastam de mim.E se não o fazem,pressinto como se um dia fossem fazer.

Não um afastamento temporário,da forma que já tive com Aurora,Diaval,e até mesmo a própia Sophie,por brigas,ou discussões,meio tolas,mas um afastamento real e definitivo.

Que estava eu,infelizmente,passando com Aurora agora.

Não,nós não brigamos.Foi muito,muito pior do que isso.Mas eu realmente não quero relembrar.O mais evidente é que ganhei um belo machucado na testa,que talvez nunca mais saia,e vire uma cicatriz,bem exposta.

Diaval tem várias,e se orgulha disso.Não que eu ache feio,já que tudo nele para mim está ótimo,porém,é bizarro.

Suspirei fundo,tentando me acalmar.Levantei uma de minhas mãos,e apenas enxerguei o como minhas veias eram mais expostas que o normal,e o quanto eu estava tremendo.

Aqui encontrava-se eu,sozinha,no pico de Moors,com a companhia apenas da lua,e de algumas estrelas,que brilhavam fracamente esta noite.Elas pareciam não quererem me ver,e afastavam-se cada vez mais de minha pessoa,impossibilitando-me de apreciá-las com mais clareza.Parecia que o universo inteiro estavam me dando as costas.

Tudo por culpa de uma mentira.Um medo.Apenas isso foi suficiente para desmoronar meu mundo.

Claro,eu tinha as risadas de Sophie,para colorir os meus dias de neblina.Tinha sua alegria,para despertar em mim,o meu melhor.Mas a questão era,quanto tempo eu ainda a teria?Será que seria eu capaz de estragar tudo entre nós duas também?Por mais quantos dias ou anos,possuiria as mãos delicadas da menina,tocando meu pescoço em seus abraços carinhosos ou alisando meus cabelos,que eu decidira manter soltos -graças a pedidos insistentes de Diaval -,embaixo de sombras frescas,enquanto ríamos felizes?

E quanto a Diaval?Ele era o amor que busquei na minha vida,e por anos rejeitei.Era meu melhor amigo,que não exigia de minha pessoa,confissões para entender-me.Era meu fiel servo,que dedicou-se a mim com prontidão,e acabou tornando-se mais importante do que eu imaginaria ser possível.Porém até quando eu o teria?Qual o prazo desse amor,que me diz palavras bonitas,e mostra minha importância,de uma maneira que ninguém nunca mostrou?Por quanto tempo eu teria a ele por perto?

Será que iria eu,desapontá-los também?O que menos gostaria de ver,eram seus sofrimentos e decepções,para comigo.Eu odiava saber que por ter o poder mal dentro de mim,poderia a qualquer momento,acabar com meu lar,inconscientemente.

Se é que já não estava fazendo isso.

Desde a morte de Connal,aprendi  a dar valor a uma coisa muito preciosa,chamada paz.

A paz é muitos momentos,a maior responsável pela felicidade.Um ambiente pacífico é o sinônimo de alegria,e amor.Todavia,quando você é uma criatura propícia a destruir tudo e todos ao seu redor,como pode confiar em si mesma para garantir sua própia paz?

Eu posso até dar a paz para as fadas trevosas,cuidando delas,e lhes dando tudo o que precisam.Posso passar paz para meus aprendizes,como Maynon,que vê em meu ser,sua maior figura de inspiração,para seguir com sua brilhante jornada de cuidar de um povo inteiro entre nossa espécie.Posso dar o sentimento de paz para Moors,de uma certa forma,mesmo que minhas emoções contaminem o ambiente,mas e quanto a mim?Sou apta a disfarçar as brigas interiores que possuo,mas não sou capaz de ficar bem com elas.

Será que eu sou ao menos hábil para ficar em paz,tendo por dentro,não apenas o belo poder da vida,mas também o da morte?Não somente a magia da reconstrução,mas junto a ela a da destruição?

Não.Eu não era.Por mim, retiraria de meu ser,as partes ruins,que me foram herdadas,nem que tivesse que tornar-se uma criatura normal,de menor importância para os demais,ou o que quer que seja.Tudo para viver em harmonia.

Provavelmente,a única certeza que eu tinha nesta altura era da minha capacidade de ser terrível.

Eu era uma criatura abominável.Uma péssima noiva e principalmente,uma péssima mãe.

Todo o esforço da minha vida,de nada valia mais.Que adiantava,cada sucesso,cada degrau que alcancei,se no final,sempre conseguia desmanchar tudo,e cair escada a baixo?

A maldade do meu coração conseguia ser mais forte do que eu,muitas vezes.Minha capacidade de simplesmente nunca ser boa o suficiente,apenas provava isso.

Minhas duas filhas estão sofrendo.E a culpa era toda minha.

Aurora sofreu,pelo que fiz.Sophie sofreu pelo que tentei esconder dela.Estava sendo injusta com ambas.

Ao ouvir Diaval ontem,falar-me que Sophie estava tendo o mesmo pesadelo que eu,fique sem chão.Queria que aquilo fosse só meu.Que se fosse de fazer mal,que fizesse somente a mim.Mas não.

Agora,uma criança de nove anos sofria,por minha causa.Uma adulta com mais de vinte,chorava  por minha causa.Tudo era eu mesma que fizera.

Os negros olhos do homem corvo,pareciam brilhar,como uma joia preciosa e rara,de Moors,quando nos vimos,na tarde do dia anterior.Ele não fazia ideia de como eu sentia falta dele.De seu toque,de sua presença.Isso porque,independente do que estava acontecendo,e dos problemas que eu havia posto e adotado em minha vida outra vez,Diaval continuava simplesmente sendo o mesmo Diaval que eu conhecia e me apegara.Era bom saber que ele estava ali,para tudo.Era bom saber que ele me aceitava,da forma que eu realmente era.

Problemática e impulsiva.

Por impulso de agonia,deixei meu ex servo falando sozinho,e sei que posso ter sido rude ao fazer isso,mas eu precisava ir embora,naquele momento exato.Precisava pensar,e foi o que fiz,por um bom tempo,até adormecer.

No aniversário de Sophie,disse eu que por ela,daria minha vida se necessário fosse,e não menti.Faria de tudo por cada uma de minhas filhas,ainda que elas não fizessem o mesmo para mim.Isso não importava.Eu só queria vê-las bem e nada mais.

Um papel voa sobre minha cabeça,e o pego rapidamente.Devia ser mais uma daquelas cartas misteriosas.

Desde que voltei de Ulstead,essas mensagens sem remetente se tornaram tão frequentes,quanto meu pesadelo.Todas as noites,recebo uma,duas ou até mais,nos meus ápices de insônia.Elas não faziam sentido algum,porém eu as guardava mesmo assim.

"Volte para sua família".

Era o que esta dizia.Franzi minha testa.

Foi uma das mais curtas mensagens que recebi.A caligrafia,parecia ser feita,por alguma espécie de magia,por ser simplesmente impecável.Aquela letra,meio fluorescente que brilhava na escuridão e me permitia visualizar o que tinha escrito perfeitamente,por algum motivo,me fazia lembrar algo,ou alguém.Mas eu não sabia quem,muito menos o quê.

Eu nem conhecia o dono,ou dona daqueles recados.

Tinham apenas meu nome escrito,como destinatário,uma frase,ou alguns parágrafos,e nada mais.Era excêntrico.

Outro me disse algo do tipo:

"Você não é má.Não liberte esse lado novamente".

Isso era sem nexo,porém muito condizia com minha atual realidade estapafúrdia.

Eu não fazia ideia de onde vinham estas coisas,e estava chateada demais para pensar direito.Era com Aurora?Sim.Mas eu não podia culpar somente ela pelo que houve.Talvez,a princesa nem fosse a culpada de fato.

E sim eu.


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