Bexley Tales

By GabriellaFrattari

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A cidade de Bexley esconde verdades de seus cidadãos que a própria verdade desconhece. Isso, até que um supos... More

☁ Primeiro Ato ☁
☁ Galatia Gray ☁
☁ Colt Carlile ☁
☁ Angela Ashwood ☁
☁ Bay Batchmann ☁
☁ Marina Muller ☁
☁ Leon Lockhead ☁
Capítulo 1: Toda Garota Quer
Capítulo 2: P = U. i
Capítulo 3: Visões Que Só o Dinheiro Pode Comprar
Capítulo 4: Lobos Que Predam Esquilos
Capítulo 5: O Jeito Americano de Viver
Capítulo 6: O Que Bexley Vê o Coração de Colt Não Sente
Capítulo 7: Antes da Tempestade Vem a Calmaria
Capítulo 8: Bexley High
Capítulo 9: Mudança de Tempo
Capítulo 10: O Dia da Chuva
Capítulo 11: Antes Fosse Mais Um Romance
Capítulo 12: Z3R0 À Esquerda
Capítulo 13: O Começo Da Investigação Sobre Um Fim
Capítulo 14: Nada Mudou Mas Tudo Ficou Diferente
Capítulo 15: Guerra Sedutora
Capítulo 16: Reunião
Capítulo 17: Os Balthazar
Capítulo 18: Uma Noite Cinza
Capítulo 19: Confissões Desamorosas
Capítulo 20: Quebra de Expectativa
Capítulo 21: Parece Que o Jogo Virou
Capítulo 22: Dançar Conforme a Música
Capítulo 23: Monstro do Lago Champlain
Capítulo 24: Aquele Em Que O Colt Acorda de Um Coma
Capítulo 25: Esquenta
Capítulo 26: Quando as Máscaras Sobem
Capítulo 27: Quando as Máscaras Caem
Capítulo 28: Fugindo Do Controle
Capítulo 29: Novos Medos
Capítulo 30: Quem Ama Deixa Partir
Capítulo 31: Fechem As Cortinas
☁ Segundo Ato ☁
Capítulo 2: Dor de Coração
Capítulo 3: Tudo é Possível
Capítulo 4: Então Parece Que Temos Uma Máquina de Xerox Por Aqui
Capítulo 5: Quebra-Cabeça
Capítulo 6: Missão Impossível (De Resistir)
Capítulo 7: Ilusão Sob Culpa
Capítulo 8: Instantes Livres & Pensamentos Perigosos
Capítulo 9: ''C'' de Cac@#%!
Capítulo 10: Zero Nomes No Telão
Capítulo 11: Cedrick Carlile
Capítulo 12: Não Salvou O Dia
Capítulo 13: Qual o Nome Daquela Novela do Vampiro Mesmo?
Capítulo 14: Hortelã
Capítulo 15: Junt0s Pel0 Acas0
Capítulo 16: Noite de Não-Crimes
Capítulo 17: Trio Parada Dura
Capítulo 18: Amizades Reviravoltosas
Capítulo 19: Foragida
Capítulo 20: Mergulhos & Iscas
Capítulo 21: São Os Que Vem das Costas
Capítulo 22: Aquele Aonde A Vida Amorosa de Angela Salva o Dia
Capítulo 23: Aquele Aonde Ela Tem Que Lutar
Capítulo 24: Obsessão
Capítulo 25: O Conto de Bexley

Capítulo 1: Até Uva-Passa

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By GabriellaFrattari

Seis meses depois...

O céu azul-cristal desprovido de nuvens - cenário típico de um começo de primavera - clareava de forma gradual enquanto a brisa congelante perdia sua potência noturna e se dissipava no ar frio. Frio que não era tão frio, pois desde fevereiro o calor parecia estar mandando lembranças e promessas de que voltaria em breve.

Não só o tempo havia mudado, como o tempo havia mudado tudo aquilo que a tão pouco tempo atrás parecia imutável.

A vigilância havia voltado à sua função natural e exclusiva de interditar festas adolescentes. O lago Champlain havia voltado a se tornar o melhor ponto para amassos despreocupados tarde da noite. A praça dos Andarilhos agora era recheada por crianças que iam brincar na rua depois da escola. O Sr. e a Sra. Stuart voltaram a fazer sua clássica torta de maçã caramelizada e vendê-la na feirinha até o cair noturno.

As pessoas não tinham mais medo do que poderia acontecer no escuro e no meio da madrugada. Ninguém mais temia o mímico e clamava por respostas por parte da polícia. Ninguém ligava mais, por que são poucos os medos no mundo que o tempo não cura.

São muitas as coisas que se portam como gigantes mas se tornam irrelevantes e pequenas com um bom e velho passar de um tempo.

Paradoxalmente, eventos como o que estava acontecendo naquele exato começo de manhã na casa grande de tijolos marrons da família Lockhead, provavam que o tempo também trazia consigo muitas surpresas - e até novos problemas.

Leon Lockhead não resistiu - assim que deixou sua cabeça pender no travesseiro - em soltar dos lábios cerrados um gemido que fez seu corpo todo tremer de forma breve.

- Caralho.

Assim que respirou fundo e concentrou forças para abrir os olhos azuis e erguer a cabeça com uma tensionada de pescoço, a figura da menina que se esfregava em todas as suas partes mais deliciosamente sensíveis fez o menino não aguentar em deixar tombar a cabeça mais uma vez e repetir seu mantra.

- Angela, você vai me matar - Sussurrou por que não tinha capacidade de dizer aquilo em alto tom enquanto a loira cedia ''abertura'' para Leon e inclinava o corpo para beijá-lo no pescoço. Nem estava tentando soar sexy, só estava realmente a alertando da possibilidade de sofrer uma parada cardíaca ali mesmo.

- Diga que eu sou linda - Angela ordenou, mordendo a orelha do menino que, novamente com os olhos fechados, disse o que ela queria ouvir mil vezes, coisa que a fez gemer ainda mais alto. Leon, em seus momentos de sanidade mental aonde o tesão falava mais baixo, achava aquele fetiche egocentrista um pouco ''diferenciado'', mas em momentos como aquele aonde não respondia por suas próprias atitudes, qualquer coisa que fizesse Angela Ashwood revirar os olhos daquele jeito estava valendo.

Quando já se beijavam de forma exorbitante e suas mãos já a apertavam em lugares inapropriados, a voz de sua avó Leta o chamando para a escola trouxe os dois de volta para a realidade.

Em um salto ágil a loira alcançou suas roupas íntimas no chão e o vestido casual que tinha jogado por cima do corpo; e que corpo.

- Te vejo na escola - Disse, com um sorrisinho, antes de limpar os lábios com as costas das mãos e desaparecer pela janela do mesmo jeito que tinha entrado na noite anterior.

Leon esticou os braços em sua cama, tão ofegante quanto estaria se tivesse travado uma luta com um rinoceronte e só pudesse usar uma colher. Quando pensou naquela metáfora apertou as sobrancelhas desapontado com sua própria falta de criatividade, então ergueu o corpo e encontrou seu reflexo magro de cabelos negros e rosto avermelhado.

Aquele cara ali estava transando com a Angela Ashwood?

Pois é, nem Leon sabia explicar como aquilo tinha se sucedido.

Já na residência dos Carlile, o tempo provava que existiam vícios nos quais ele só contribuía para mudar do ruim para o ainda pior.

Camille bocejou de forma alta, como já era religioso em todas as manhãs que vivia naquele casarão repleto de mordomias. O bocejo alto chamou a atenção de duas das governantas que correram até a cozinha e voltaram em tempo recorde com uma xícara delicada de café com leite e precisos dois cubos e meio de açúcar em um pequeno prato ao lado.

- Bom dia, Sra. Carlile - Uma delas cumprimentou, mas a mulher sonolenta só respondeu com um bocejo e um acenar de mãos grosseiro que tinha como intenção final dispensar as duas.

Assim que afastou a xícara de café que secou em um só gole, a visão de seu marido em um blazer formal e o óculos atraiu seus olhos verdes.

- Já vai sair benzinho? - Perguntou, balançando as pernas grossas e bronzeadas por um produto artificial e laranja.

- Tenho uma reunião em Nova-Iorque daqui uma hora, estarei de volta para o almoço - Charles respondeu, sempre tão objetivo e descolorido quanto um robô.

- Estive pensando... - A mulher começou, erguendo a xícara para dar mais um gole só para se dar conta que já tinha a esvaziado - Saiu uma nova coleção de bolsas da Chanel e me encantei muito com uma delas... Você poderia trazer para mim de Nova-Iorque, não poderia, Benzinho?

Se teve uma coisa que sua experiência de quase-morte a ensinou há seis meses atrás, é que Camille estava aproveitando de toda a mordomia que lhe era disposta de forma muito sutil. Portanto, desde o dia em que voltou do hospital de Burlington com uma cicatriz horrorosa em um lado da cintura, decidiu que não iria poupar nenhum de seus pedidos.

Charles revirou os olhos enquanto ajustava um pequeno broche de ouro na gola de seu paletó. Ele não iria conseguir negar mais aquela vontade, principalmente depois de outro desejo da mulher que o marido havia realizado a pouco menos de um mês. Desejo que quando realizado, tornou quase impossível fazê-lo resistir qualquer outro pedido: Um novo par de exagerados seios siliconados.

- Tudo bem. Me mande a foto do modelo e peça para alguma das funcionárias acordar o Colt para a escola - O homem acatou antes de lançar um último olhar para a esposa que jogava os braços para o ar de forma deselegantemente animada.

- Pode deixar, Benzinho!

Também existem mentalidades que o tempo muda de forma radical e inexplicável. Com tamanha violência que parece aniquilar uma alma antiga e fazer surgir uma nova tudo dentro de uma só pessoa.

A pergunta que resta é: Será que para o bem?

Bay Bachmann iniciou sua caminhada até o bebedouro, já planejando mentalmente que livro recolheria da biblioteca antes do começo das aulas. Para a sua auto-satisfação, tinha chegado cedo na escola e tinha tempo de sobra para todos os seus planos.

Foi quando Alice Adams com seus lábios desenhados e seios explodindo contra a camisa social amarrada no estômago, se colocou em sua frente com um olhar extremamente sugestivo.

- Bay, você não respondeu minhas mensagens! Estou com saudades suas, faz tempo que não nos encontramos... - Disse de forma quase-cantada, com os olhos percorrendo o menino de um jeito que o Bay, antigo, não era capaz de resistir.

- Eu acho melhor nós não nos vermos mais, garotinha. Para o bem da sua vida eterna - Respondeu, arqueando uma das sobrancelhas ruivas até o cabelo comportado.

- Pare com isso! Por quanto tempo vai ficar pagando de crente!? Vamos sair esse final de semana, porfavorzinho! - Ela inclinou a cabeça para o lado na intenção de se portar como mais atraente.

Bay vislumbrou-a por alguns segundos com os olhos amarelos gritando derrota.

- Tudo bem... - Se deu por vencido - Você vai fazer alguma coisa no sábado?

Alice sacudiu a cabeça e abriu um sorriso, contente com sua conquista.

- Estou to-tal-men-te livre. Aonde vamos nos encontrar?

Bay levou a mão até a mochila e a remexeu por um tempo, até retira-la agarrada a um panfleto. Em seguida estendeu ele para a menina que o levou curiosa até os olhos.

- Culto da celebração de jesus...? - Alice foi absorvendo as palavras enquanto as lia.

Então, quando finalmente as processou, soltou um bufo revoltado e deu meia-volta para longe do ruivo.

Também existem os laços que o tempo só fortalece.

- Leonito! Você chegou atrasado! Pensei que ia ter que vivenciar a aula de gramática sem ter você sentado atrás de mim para me manter viva - Marina chamou pelo melhor amigo assim que o viu atravessando os portões do campus esbaforido.

- Eu não estava fazendo nada, só me atrasei! - Se defendeu, embora não tivesse sido atacado.

Só nos seis metros que percorreu para alcançar a melhor amiga, acenou para para pelo menos outros três alunos espalhados pelo gramado.

''A festa da piscina foi irada!'' - Um deles gritou.

- Quem diria que Leon Lockhead terminaria o seu último ano popular? - Marina comentou, cruzando os braços e abrindo um sorriso espirituoso.

- Eu não sou popular - Seu tom dessa vez não era defensivo, pois tinha gostado da acusação. A verdade é que depois que Colt Carlile se isolou socialmente para se dedicar as suas atividades extracurriculares e intercâmbios de um mês para França, e o garanhão Bay Bachmann deixou de ser um garanhão, Bexley High teve que eleger uma nova distração em forma de homem. Por isso desde o dia em que Leon acertou um bastão na cara do fugitivo, seu potencial como bad-boy havia florescido aos olhos do resto do colégio.

- Contanto que você não me abandone e continue passando meu número para todos os seus novos amigos gatos, eu não vou te julgar - Marina prometeu, entrelaçando seus braços nos do melhor amigo e levando os olhos até o pequeno, e recente, alargador cravado em sua orelha esquerda - Quer dizer, isso aqui eu e a vovó Leta vamos sempre julgar.

Leon revirou os olhos.

- É estiloso!

Aiden Azura cruzou o corredor ao lado dos dois, ignorando a presença de Marina como esteve fazendo desde o dia em que acordou no hospital e recebeu a notícia de que a menina tinha o deixado para morrer em um sofá com um bilhete anunciando um término. Mesmo sabendo que não era proposital e Marina tinha acreditado na hora que ele só estava intoxicado por bebida, Aiden não tinha sido capaz de perdoa-la.

Leon levou os olhos preocupados a Marina, que os tinha cravado no chão, culpada.

- Ei... - Estava prestes de consola-la quando a conselheira Sra. Jones se materializou em sua frente.

- Bom dia queridos! - Cumprimentou energética e alegre como de costume e os dois responderam com o mesmo entusiasmo - A amiga de vocês, a senhorita Galatia Gray, se inscreveu para um dos nossos times de esporte como atividade extracurricular. Precisava conversar com ela antes do recreio para informá-la sobre os horários. Vocês sabem aonde é que ela está?

Leon e Marina trocaram um olhar entristecido.

- A Galatia não está mais morando em Bexley desde o começo do ano letivo... - Marina informou fazendo a Sra. Jones voltar a sua atenção a prancheta para confirmar se tinha lido o nome corretamente.

- Mas tenho certeza de que é o nome dela aqui... - Disse, abaixando os óculos que até então repousavam em sua cabeça e passando o dedo indicador pela folha para confirmar.

- Ela tinha se inscrito começo do ano, mas ela mudou para Virgínia em setembro... - Foi a vez de Leon justificar.

- Pois é... A respeito dessa mudança...

Uma voz vinda das costas de Leon e Marina fez com que se virassem imediatamente.

- Galatia?!

A loira passou apontou os dedos indicadores para si, como quem diz: ''Eu mesma'', então foi envolvida por um abraço caloroso e esmagador dos dois melhores amigos.

- Você cortou o cabelo! - Marina foi a primeira a notar que agora os cabelos lisos de Galatia estavam um pouco acima dos ombros em um corte Chanel.

- Você está muito bronzeada! - Foi a vez de Galatia analisar a amiga com os lábios escancarados.

- Esse nem é o pior! Olhe só isso! - Marina puxou a orelha de Leon para expô-la para Galatia.

- Você colocou alargador!? - Galatia soltou uma gargalhada que Leon harmonizou com a sua própria, então os três amigos se abraçaram mais uma vez.

~~

- Temos tanta coisa para conversar! Vai ser na casa do Leon, na sua, na minha? - Marina disparou o falatório enquanto caminhava ao lado dos amigos na saída da escola - Poderia ser na sua, né? Faz tempo que eu não vejo o Gabe.

- O Gabe só vai voltar no mês que vem, fui eu quem forcei meus pais a me deixarem voltar mais cedo - Galatia interrompeu a caminhada - Antes... Eu precisava dizer algo a vocês...

- O quê? - Leon questionou.

- Eu não estava em Newport, Virgínia...

Leon e Marina se entreolharam de forma breve e surpresa.

- Como assim? Aonde é que você estava então, garota?!

- Meus pais me mandaram para Orlando para passar um tempo com a minha avó... Eles pediram para que eu não contasse para ninguém... Nem vocês - A loira entrelaçou as próprias mãos atrás das costas, envergonhada.

- Orlando?! Por isso você vivia falando que estava em semana de provas todas as vezes que falamos de ir te visitar?! - Leon ligou os pontos e Galatia assentiu com a cabeça.

- Me desculpem, de verdade!

Marina cruzou os braços e trocou outro olhar com Leon.

- É óbvio que te desculpamos! Só estou feliz por você estar aqui de novo - A morena a envolveu com os braços e Leon assistiu com um sorriso - Eu tenho tanta coisa para te contar sobre os meninos daqui e quero tanto que você me conte as histórias de lá!

- Que tal uma festa do pijama lá em casa, hoje? - Galatia sugeriu e Marina acatou de pronto. Leon demorou alguns segundos a mais enquanto fabricava a desculpa que daria para não se encontrar com Angela naquela noite.

- Perfeito. Tem problema se chamarmos a Galatia reserva? Eu e você tínhamos combinado de sair com ela hoje - Leon lembrou Marina.

- Galatia reserva? - A Galatia original questionou, arqueando a sobrancelha, intrigada.

- É a Blanche Balthazar - explicou - Ela é bem legal quando não está julgando o estilo de vida de pessoas não tão cristãs quanto ela - Marina concordou com a cabeça - Falando em pessoas convertidas você não vai acreditar quem virou o maior evangélico da cidade.

- Não vai mesmo - Marina adicionou - E não vai acreditar quem é o novo bad-boy - Disse, dando uma cotovelada discreta na costela do menino.

- Não vejo a hora de vocês me contarem tudo isso. E também faço questão que convidem essa Blanche - Galatia disse, ansiosa para conhecer melhor a nova amiga - Só tem um detalhe, prometi para a Sra. Jones que iria na aula noturna de natação. Ela deve acabar umas sete horas, nos encontramos lá em casa esse horário?

Leon e Marina concordaram com o plano antes de tomarem seus rumos para casa na movimentada saída de Bexley High.

Galatia, por sua vez, deu meia volta até seu armário para se apropriar de seu maio e short de tecido.

Demorou - muito tempo - e foram necessários muitos acontecimentos - para que Galatia finalmente encontrasse sua paixão extracurricular: Natação.

Embora tivesse praticado natação em Orlando durante quatro meses, não se sentia nem perto de ser uma exímio nadadora. Fator que contribuiu para o frio crescente em sua barriga enquanto descia as escadas para o andar subsolo.

Assim que empurrou a larga porta de ferro com os ombros, se deparou com as costas o treinador Silvester e sua singela regata vermelha que pouco continha seu corpo exageradamente musculoso. Seria ele o professor de natação?

O homem discursava sobre dieta e disciplina ara os rapazes do outro lado da piscina, cujos Galatia não enxergava por estar escondida atrás da curva da porta de entrada.

Galatia Gray passou os olhos pela cena, as pernas grossas que conseguia enxergar indiciaram que talvez ela fosse a única garota na turma. Alguns fiapos do que parecia confete nadavam com o movimento natural da piscina. Será que tinham feito alguma festa ali? Galatia se contorceu em timidez com a ideia de ser a única menina na turma, por mais retrógrado que aquilo soasse.

- Srta. Gray? - Uma voz feminina e firme a fez virar assustada para a porta de entrada, aonde uma mulher de corpo malhado e pele canela esperava por resposta.

- Ah! Sim... Sou eu! - Disse, baixinho, para não ser ouvida. A mulher, de aparentes 40 anos ajustou o boné azul em cima de seu cabelo castanho brilhante e sorriu, notando que a menina se escondia ali por timidez.

- Muito prazer! Sou sua treinadora de natação, Denise - Ela se apresentou em alto e bom tom, chamando a atenção dos outros rapazes e do treinador Silvester - Venha.

Sem esperar autorização Denise, que embora relativamente baixa em altura possuía uma postura impecável, arrastou Galatia pelos braços para a frente da piscina.

- Ah! Treinadora! Estamos te esperando para começar a aula - Disse, Silvester, enquanto os outros rapazes, que Galatia ainda não tinha criado coragem para olhar no rosto, calavam-se.

- Grata, Silvester - Denise agradeceu, com o braço ainda firmemente envolvido no de Galatia Gray - Rapazes, acredito que essa seja a nossa segunda semana de aula, correto?

Alguns "Sim" ecoaram do pequeno grupo. Galatia passou os olhos pelo vidro úmido que rodeava a sala tentando parecer casual.

- Antes de nos aquecermos vamos começar a aula com a apresentação da nossa nova integrante - Se desfazendo do braço da jovem, a mulher incentivou que ela desse um passo à frente.

Com os olhos pateticamente voltados ao piso molhado, Galatia balbuciou algumas vezes em quanto pensava no que dizer.

- Bem... Eu voltei de Newport ontem... Acho que todo mundo aqui me conhece por que todo mundo se conhece em Bexley... Quer dizer, isso soou meio presunçoso - Seus olhos se ergueram até a água cristalina da piscina - É mais provável que me conheçam como a menina que escapou de um possível assassino em um baile de máscaras que aconteceu a alguns meses atrás.

Algumas risadinhas ecoaram por parte dos rapazes que acharam graça em seu discurso. Galatia balançou o rosto e sorriu antes de tomar coragem de olhar para a sua plateia.

Por uma fração de segundo, os acontecimentos do baile cruzaram sua mente, em especial aqueles que dividiu com Colt Carlile. Ela e o menino não trocaram uma palavra se quer nos últimos seis meses, e a única coisa que soube a seu respeito foi que ele havia se tornado um dos líderes dos Cavalheiros da Tábula Rasa e pouco frequentava a escola pelo tanto que viajava.

Ainda assim, quando se desprendeu da imagem do garoto por um segundo, percebeu que aqueles seis meses não tinha amenizado nada do que sentia.

Foi quando ela tomou coragem de erguer os olhos e encontrar os de Colt do outro lado da piscina. Os olhos cinzas a observavam com a mesma delicadeza e surpresa que os dela.

E naquele instante e só por aquele instante, Galatia teve a certeza de que ele sentia o mesmo que ela.

Por que apesar de tudo, tem coisas que nem o tempo é forte o suficiente para intervir.

Tem coisas que o tempo não anula.

E sentimentos que o tempo não muda.

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