Aquários

Par EuropaSanzio

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Gregório é um homem frustrado com sua atual vida. Sempre sonhou grande e, contrariando as suas expectativas... Plus

Epígrafe
Primeira Parte - Post mortem, ante vitae
16 de Julho de 1950
21 de Julho de 1950
2 de Agosto de 1950
14 de Agosto de 1950
18 de Agosto de 1950
22 de Agosto de 1950
Segunda Parte - A Vida em Cor-de-Rosa
24 de Agosto de 1950
3 de Setembro de 1950
8 de Setembro de 1950
21 de Setembro de 1950
24 de Outubro de 1950
1 de Novembro de 1950
7 de Novembro de 1950
29 de Novembro de 1950
2 de Dezembro de 1950
Primeira Carta
Segunda Carta
Terceira Carta
Quarta Carta
Quinta Carta
Sexta Carta
Terceira Parte - Arroubos e Arrufos
23 de Janeiro de 1951
25 de Janeiro de 1951
28 de Janeiro de 1951
14 de Fevereiro de 1951
5 de Março de 1951
28 de Março de 1951
12 de Abril de 1951
2 de Maio de 1951
3 de Junho de 1951
Quarta Parte - A Última das Obras
20 de Junho de 1951
26 de Junho de 1951
4 de Julho de 1951
Quem foi Aquários - ou o que deveria ter sido

9 de Setembro de 1950

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Par EuropaSanzio

Sábado, 9 de Setembro

Oh, Deus! Nunca me senti tão tolo como no dia de hoje! Ontem estava tudo tão perfeito, com aquele momento tão vívido e me senti tão dono desse universo. De repente, tudo se esvai. Tão, tão, mas tão um homem ridículo eu acabei por me tornar! Escrevo isso à noitinha, como quase sempre, trazendo uma espécie de ironia para tudo. Afinal, esse dia permanece a me afetar tanto, enquanto que, a essa hora, todo mundo dessa cidade já dorme e esse dia, que ainda me é tão custoso, já se tornou passado em cada casa. Para mim, ele ainda não teve seu fim. Está ressoando. E que melodia irritante ele tem!

Tudo começou no café da manhã. Ah, não, minto. Foi antes. Um dia anterior a esse maldito dia. Sabia, agora, que Melinda gostava de ouvir música escondida dos tios. Que detalhezinho precioso. Gostava de livros e de ouvir com todo estimo suas musiquinhas. Pois bem, lá fui eu, tolo, ridículo e imbecil como sou, em Ouro Branco. Fui procurar para Melinda, entre tantos e tantos toca discos, o mais sublime de todos. Escolhi uma maletinha azul turquesa, compacto, tão Melinda! Para mim, era a cor que faltava entre as que ela já usava; vermelho, azul anil, ah... Pararei por aqui. Sou tremendamente repetitivo quando começo a falar das cores da menina. Pois bem. Voltei todo satisfeito para casa com a caixa, já idealizando a boa conversa que eu teria com Melinda, após presenteá-la com aquele mimo. Faria questão, claro, de ir em um momento estratégico, quando nenhum de seus odiosos tios estivessem em casa. Tinha eu noção do horário de trabalho do Sr. Dorneles, quanto à Sara, eu teria que ficar à espreita a ver uma hora em que ela saísse da casinha ordinária. Tudinho pensado. Como fazia tempo que não planejava as coisas de forma tão pormenorizada! Um fato curioso é que isso me deixou até meio nervoso. Sabe, senhores, depois que se fica velho e possuidor somente de uma vida em que nada acontece, coisas assim, uma simples conversação com uma menina (que nem sequer ainda havia acontecido), pode se transformar em seu ponto alta da semana. Do mês!

Agora vem o café da manhã. Hoje, estava eu à mesa, com a caixinha toda discreta em baixo do móvel. Só Bernardo, o infeliz mais novo, estava me fazendo companhia. Daí chega Teresa, toda amuada, resmungando alguma coisa sobre o infeliz mais velho.

Ficará aqui durante essa manhã, não irá? Perguntou a mulher ao fim de um grito.

Como? Eu? Ah, não! Tenho coisa para fazer essa manhã.

É inacreditável! Seu filho está prestes a ir embora e não há quase nada resolvido sobre a sua viagem e estadia. Tem de ficar aqui e resolver.

Essa manhã não posso. Estou ocupado.

O que tem para fazer? Afinal, você, ocupado? Com o quê? Desde quando há algo que você tenha que fazer com urgência?

Fechei o jornal, fingindo ofensa e assumi meu típico ar de pessoa atarefada. Simplesmente detestava quando alguém me tinha por desocupado. Teresa era mestra em fazer tal coisa.

Tenho minhas coisas. Não fale do que não sabe.

A menina dos Dorneles?

Só o que me faltava era isso, Teresa encucada com Melinda!

Não faça essa cara de sonso! Eu sei de tudo que se passa. Essa cidade não é tão grande, você é o que mais sabe disso. As notícias correm e é capaz de todos já saberem do seu apadrinhamento. Agora, diga-me, por que diabos deu para ajudar os necessitados? O que tem essa menina com a sua vida? E pior, por que os Dorneles?

Eu ia conversar isso com você. Mas já que soube antes, bem...

Conversar comigo sobre algo? Duvido! Ia era me esconder isso, como sempre faz com tudo.

Eu conheci a mãe da menina, há muito tempo. Fazia certas coisas na fazenda. Sinto-me no dever de ajudar à órfã.

Tem graça! Você, sentindo-se no dever com algo? Que piada!

Eu ajudo mais pessoas do que supõe.

Essa história está estranha demais, Gregório! Ei, aonde pensa que vai?

Estava eu me levantado, feliz só de pensar na possibilidade doce que seria aquela, eu indo para longe daquelas acusações e indo ter minha preciosa conversação com Melinda.

Vou cumprir meus afazeres do dia.

Abaixei-me e peguei a maletinha de madeira, com toda a naturalidade desse mundo.

E o teu filho? Não vai acertar as coisas da ida dele? O que tem de mais importante para fazer do que a tua família?

Ajeitarei as coisas dele. Depois. Há tempo.

Foi só dar o primeiro passo para a libertação para tudo voltar à estaca zero.

Por que do toca disco, pai? Perguntou o infeliz mais novo, que até então estava quieto comendo.

Que toca disco? Teresa logo quis saber.

O meu. Menti, sacudindo a maleta em minhas mãos. Não está funcionando como deveria, vou atrás de uma solução.

Esse é o teu afazer? E outra, teu toca disco é maior que essa caixa ai! Pensa que me faz de boba!

Teresa conspirava de braços cruzados, com seu olhar afiado e seu tom acusativo.

Impressão sua, mulher!

Aposto que isso tem a ver com a menina!

O que uma coisa tem a ver com a outra?

Se eu souber, Gregório, se eu souber que você está dando predileção a essa menina filha de ninguém que o ao seu próprio filho...

O que fará!?

Deixando Teresa sem ter o que responder, sai todo apressado da casa, certo de que a possibilidade ainda era presente. Eu estava saindo dali para algo melhor. Que Teresa e todos os outros odiosos falassem e falassem! Estava para ter uma amistosa conversa com Melinda, era somente isso que eu queria, senhores, trocar palavras entre mim e aquela garota. Desejava saber sobre ela, ouvi-la falar sem parar e observar os detalhes que ainda me passavam despercebidos. Eu estava para ter isso! Discussões bobas com Teresa pouco me eram importantes naqueles instantes que antecediam à grandiosidade.

Fui fazendo tudo premeditado, desde saber o horário do trabalho de seu tio até esperar a sua tia sair de casa. Como fiquei ansioso nesse meio tempo! Nem tinha certeza se a acharia sozinha em casa. Mas vi, eu próprio, tanto o homem sair quanto, alguns bons minutos depois, a mulher, com uma sacola de feira nos braços. Não havia nada que denunciasse que Melinda estava fora daquela residência pálida. Tinha eu plena certeza que ela estava lá dentro, sozinha, esperando, sem saber, por mim.

Bati com três toques a porta, toc, toc, toc, e pum. Meu primeiro baque. Quem atendeu a porta não foi Melinda, como eu esperava, mas sim a gorda empregada de unhas sujas. Depois de alguns segundos em meu silêncio, apenas tentando espiar o lado de dentro da casa, a mulher já tinha um olhar todo interrogativo para mim.

Sou Gregório Albuquerque.

Disso eu sei, meu senhor. Está atrás do Sr. Dorneles? Ele foi trabalhar ainda há pouco.

Não estou atrás dele.

Ah, está à procura da Sra. Sara? Saiu para fazer compras ainda agora. Acho melhor o senhor voltar à tarde, depois do almoço.

Não estou atrás de nenhum dos dois. eu ainda tentava ver o lado de dentro da casa Melinda está?

A mulher quase deu um passo para trás, meio desconfiada, exclamando em um misto de surpresa e repulsa.

Melinda? O que o senhor quer com ela?

Por que tanto intrometimento? Meu Deus! O que havia de tão complicado assim em me deixar com a menina?

Tenho algo a dar-lhe. Ela está?

A odiosa mulher, a quem eu já queria empurrar à rua, virou-se para trás e gritou o nome da menina. Tudo bem, logo ela daria conta de si e deixaria que eu e Melinda falássemos em paz, sem a sua detestável presença. Eu já até mesmo tinha esquecido da mulher quando Melinda fora aparecendo aos poucos no fundo da casa, andando apressada, com seus rabos de cavalo saltitando, ficando cada vez mais próxima até chegar à porta com seu sorriso.

Bom dia! Disse para mim.

Esse senhor disse que quer vê-la. Que raiva tive dessa frase da odiosa mulher. Detestei tudo. O seu tom de desdém, as palavras que usou. Suas bochechas gordas cedendo enquanto falava. Ah, com quanta raiva eu estava!

Melinda, meio surpresa, olhou para mim para confirmar o que a mulher tinha dito. E lá se fora minha raiva.

Por que não mandou ele entrar, Joana? A menina perguntou, ainda olhando para mim.

Porque seus tios não estão em casa. Não é de meu feitio convidar estranhos para entrar.

Melinda deu de ombros, olhando para mulher como quem dissesse Que tremenda bobagem!

Ele não é um estranho. protestou.

Em questão de milésimos de segundos, Melinda estava com a sua mãozinha em meu braço, puxando-me suavemente para dentro. Quão íntimo foi aquilo! Separados somente pelo tecido de meu paletó!

Venha, venha. tomou a situação por conta própria, fechando a porta atrás de mim, enquanto eu continuava em meu silêncio contemplativo Tem certeza que procura por mim? Não é por minha tia? Ela sorria e tão lindo era seu sorriso sem jeito!

Procurava à senhorita, mesmo.

Senhorita. Gostei. ela repetiu, meio zombeteira, sorrindo ainda mais Mas e então? com seus bracinhos cruzados, procurava com o olhar uma resposta para a minha presença ali.

Olhei de relance para a mulher gorda ao nosso lado, que continuava encarando à cena com ar de tédio. Se mesmo após a minha olhada ela não notou que sua presença era indesejada, realmente não sabia o que mais poderia eu fazer para que notasse!

Bem, trouxe-lhe algo. talvez com o passar dos minutos a empregada poderia decidir ir embora? Naquele dia... eu estava gaguejando, muito porque eu tinha as palavras certas para usar, pois já tinha as ensaiado um dia antes. Mas em meu idealismo, senhores, uma mulher intrometida não estava presente! Naquele dia achei mui...mui verdadeiro! Verdadeiro! queria usar bonito, deslumbrante A senhorita ouvindo aquela canção. Mas deixou-me triste saber que não podia fazer sempre, se é que me compreende... Por isso trouxe-lhe isso.

Ah, se tivesse eu usando as mesmas palavras que disse em meus pensamentos! Quão linda estava ouvindo La Vie En Rose! Teria eu pagado milhões somente para aprecia-la por um concerto inteiro, vendo somente seus sentimentos daquela forma tão nua! Deixe-me dar-lhe isso como pagamento por aquele quadro que pintou em minha cabeça! Deixe! Aceite! Fique com esse presente de nada, somente porque meu coração clama para dar-lhe algo que faça de ti alguém minimamente feliz. Gosta de música, não gosta? Pois escute! Quero que isso te faça entreter! Pelo amor de Deus! Era isso que queria falar-lhe. Isso! Mas com que cara eu diria isso com aquela infeliz mulher servindo de espectadora? Já era temeroso demais confessar tudo aquilo somente à Melinda. Afinal, vai que ela pensasse outra coisa de mim? Imagine só dar aquelas palavras àquela mulher! Não, não! Se tinham elas de pertencer a alguém, era somente à doce menina de Bouguereau.

Abri-lhe a caixinha, ainda em minhas mãos, mostrando-lhe o azul turquesa do toca discos. Ela olhou com curiosidade para a peça e, em seguida, negou com a cabeça.

Não posso aceitar. disse, com profundo pesar.

Não pode mesmo! Concordou a empregada. Olhe para isso, deve ter sido caro!

Mas por que não? Perguntei à Melinda, ignorando a mulher Pertencia ao meu filho menti ele nunca gostou de música. Estava lá em casa, jogado, inutilizado. Permita-me dar-lhe isso.

Meus tios não deixarão que eu fique. Brigarão e me farão devolver. É muita gentileza do senhor, muita mesmo. Mas sei que não poderei ficar com ele.

Falarei com seu tio. Ele me escuta. É só um presentinho bobo, não há mal. E mais, é de segunda mão, algo que iria se perder em alguns anos. É bem melhor que fique aqui e que a senhorita faça uso dele.

A mulher odiosa se aproximou da caixa em minhas mãos, averiguando a peça com o olhar todo desconfiado.

Parece-me novo demais para algo de segunda mão. Comentou. Diria que foi comprado hoje.

Meu filho mal tocou nele. Rebati com rispidez, com ainda mais vontade de jogar aquela mulher à rua, ver seu rosto ralar nos paralelepípedos para, em seguida, um carro corta-la em alta velocidade, roendo seus ossos um por um. Não faça tal desfeita, Melinda. Falarei com seu tio, estou lhe dizendo, prometendo.

Ela estava tentada a aceitar, provavelmente não teria recusado se aquela mulher não estivesse ali.

Tudo bem. Mas o senhor terá que vir aqui e contar sobre. Isso o mais rápido que o senhor puder, pois meus tios não acreditarão em mim quando eu disser que o senhor insistiu para que eu ficasse...

Eu poderia passar uma manhã completa esperando por eles parar explicar-lhes.

Diante de minha fala, o olhar de Melinda subiu um pouco, bem de leve, acompanhado pelas suas sobrancelhas. Talvez nem tivesse sido minha fala em si que tenha provocado tal movimento, mas o meu tom. Foi baixo e olhei profundamente demais para suas pupilas. Já estaria ela pensado coisa errada de mim? Sou mesmo um tolo!

Uma manhã completa? Cruzes! Tratou de exclamar a mulher Tenho que aprontar o almoço e Melinda tem coisas da escola para fazer, não tem? Não acharia bom o senhor passar a manhã toda esperando aqui, sozinho.

Em suma, estava me chutando para fora.

Posso fazer as coisas da escola depois. Disse Melinda, brincando com a ponta de seu cabelo.

Não pode não. Como diz isso na frente do homem que lhe paga a escola? Achará que você é ingrata e irresponsável.

Melinda cruzou os braços e revirou os olhos, da mesma forma que todo jovem faz quando é contrariado. Sorri diante da sua birra, pois ela guardava detalhes únicos; fosse seu ritmo particular de tomar ar ou a dança que fazia com os ombros.

Não achará, meu senhor? Perguntou a mulher odiosa a mim, fazendo meu sorriso morrer.

Seria incapaz de achar isso de Melinda. Minha ordem a ela, agora, seria que ela tomasse esse presente e fosse ouvir música. Mas como sei que ela não poderá fazer isso... Desejo somente que ela tenha um bom proveito da tal tarefa escolar que ela tem de fazer.

Estendi a maleta à menina, que a tomou com certa dificuldade, apoiando-a na barriga e abraçando com os braços.

Direi da sua visita ao Sr. e a Sra. Dorneles. Disse a odiosa, em tom de ameaça.

Faz bem.

Então era isso! Estava eu indo embora sem ter a minha idealizada conversa com Melinda! Sabia sobre ela o mesmo tanto que antes. Nada havia mudado, nenhuma nova informação acrescentada. Imaginar que pensei em tantos rumos para aquela visita, mas nenhum acabaria com uma mulher odiosa e intrometida nos vigiando!

Deixe que eu faça as despedidas do senhor Gregório Pediu Melinda, pondo a maleta em cima do sofá Muito obrigada! O senhor foi mesmo muito gentil por pensar em mim.

Não há de quê!

Dir-lhe-ia que gasto muito tempo pensando nela, mas isso poderia soar deveras estranho. Bem certo que pensei umas trezentas vezes em quais discos ela poderia gostar, isso porque quis, vejam bem, comprar-lhe uma dezena. Mas não fiz isso, ainda bem! Minha vergonha poderia ter sido maior. Mas só não o fiz porque tive medo de errar em seus gostos. Fora isso, penso também nela passando batom e, ah, em seus sapatinhos vermelhos! Olhei para seus pés e lá estavam o par da vez!

Foi ela quem abriu a porta para a minha dolorosa saída e, ao fazer, tomei sua mão que segurava o trinco e beijei por mais segundos do que o normal permitia.

Fique bem, Melinda, fique bem!

Nunca havia eu dito seu nome diretamente para ela. Quando o fiz, hoje pela manhã, notei o quanto ele escorria pela boca. Melinda! Consigo mesmo sentir o gosto do mel, mesmo agora, quando já nem tenho ela na minha frente.

Que tolice foi essa minha! Ir perturbá-la, achando que poderia eu ter uma gloriosa conversa com ela. Mereci o que tive! Ideia boba. Não deixo de pensar no quanto tudo aquilo foi desastroso e tão vergonhoso. Aquela mulher ali, encarando a nós dois, pensando mil coisas e tirando conclusões que eu lá sei. A própria Melinda pode ter feito o mesmo, porém era doce demais para transpor algo odioso, manteve sua cordialidade por puro decoro. Tolo, tolo!

Mesmo assim, senhores, tendo noção do quanto foi vergonhosa essa minha conduta, olharei para essa manhã pelo resto da noite, com todo o amor do mundo. Salvo as vezes que terei vergonha de mim mesmo e esconderei o rosto com as mãos. Haverá esses momentos. Como agora. Mas a maior parte dessa noite será eu me deliciando, iludindo-me e excluindo a vergonha. Pois sou bem assim! Mesmo derrotado, irei pegar minhas poucas vitórias e pensar nelas pelo resto dessa madrugada; o olhar de mel de Melinda, sua corrida até a porta, sua mexida nas pontas do cabelo! Fui tolo, como fui! Mas se não tivesse sido, não teria essas novas recordações sobre ela.

De todo caso, ridículo ou imbecil, amanhã ou segunda estarei eu na mesma casa, por Melinda, falando com seus tios para que a deixem se divertir com suas músicas. Com o que for. A porta me lembrará as expectativas que se foram. A mobília, a vergonha. A empregada, a raiva. Mas o trinco, esse, caros, lembrar-me-á com ternura minha mão áspera contrastando com a maciez de Melinda.

E lá se vão as derrotas! Dia péssimo, miserável, nada como planejei! Ficarei quietinho bem aqui, fingindo que ganhei algo.

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