Juventude à flor da pele

By Kalliel

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É difícil dizer o momento exato em que se ama ou mesmo explicar exatamente como acontece. No minuto em que to... More

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
5 anos depois

Epílogo

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By Kalliel

Há uma estranha e indecifrável magia que envolve um sujeito no momento em que ele percebe que a vida esta, enfim, completa. Sendo cada humano na terra único e inigualável, claramente essa completude nunca é a mesma para todas as pessoas. Para mim foi em uma piscina azul inflável no meio da sala, com a minha mulher gritando no inacreditável desafio da dor do trabalho de parto, me observando de um jeito estranho - meio homicida, meio maníaco e meio aliviado - como se eu fosse um ponto de foco para sua concentração ou talvez somente uma representação do seu desejo de vingança.

Mesmo temendo que posteriormente ela pudesse realmente me sufocar deliciosa e lentamente por fazê-la passar por aquilo mais uma vez, não houve nem um segundo que eu desejasse mudar em todo o nosso tempo juntos. Todos os nossos risos e nossas conversas, nossos momentos juntos sozinhos ou rodeados pela família... As brigas! Tivemos brigas ótimas... Ou mesmo a ordem que as coisas aconteceram. Acho que tudo foi perfeito do jeito que foi.

Claro que quando éramos só nós dois e o Tommy já era maravilhoso, mas já havíamos decidido que queríamos dar muitos netos para nossos pais mimarem além de um único menino de de 6 anos - tivemos o nosso pequenino Tate, uma gestação tranquila até que no momento de nascer ele desistiu no meio do caminho. O parto demorou umas boas 36 horas com minha garota implorando por algo que fizesse aquilo parar, no entanto assim que Tate se moveu um pouquinho, seu nascimento foi quase uma escorregada nos últimos cinco minutos. E eu fui pai de um recém nascido pela primeira vez. E aquele momento foi mágico! Aquela coisinha rosa e socada, gritando e se esticando e sendo escorregadio que nem um peixe era totalmente nosso e era perfeito!

A primeira semana sempre é difícil, mas depois que se pega o jeito, você realmente pega o jeito da coisa.

Alison havia abandonado a vontade de voltar para o interior, ela estava muito mais acostumada ao ritmo urbano e ao trabalho. Porém, ela ainda desejava um lugar com muito espaço para nossos filhos correrem. Acabamos encontrando uma casa por perto que se encaixava no nosso perfil e nos mudamos assim que o Tate nasceu - embora os pais dela ainda insistiam que não precisávamos deixar a mansão - e pedimos que Tamara viesse conosco já que ela era tão afeiçoada ao Tommy e não poderíamos confiar nossos meninos a outra pessoa mais que a ela quando não estávamos em casa.

E de repente as coisas melhoraram tão rápido. Gostamos tanto de ser pais juntos que queríamos mais daquilo, e quando Tate fez um ano e três meses, decidimos ter outro bebê. E tivemos dois de uma só vez.

Minha doce e tímida Emma, com seus olhos azuis e cabelos cor de mel escuro, assustadoramente parecida com a mãe - assim como o Tate era a minha imagem quando garoto. Emma me tirou do universo de naves espaciais e Cowboy para um cheio de princesas e castelos e me fez amar cada segundo disso, me fez sentir como um herói de contos de fadas e um rei de um lugar muito distante, por ela eu vesti a armadura de pai coruja. Me levando aos seus recitais de balé, aulas de equitação e comparecendo aos seus chás da tarde. Ela sozinha me desarmava completamente - depois da Alison - e para isso bastava aquele beicinho vermelho e tremulo, olhos aguados e bochechas vermelhas enquanto ela miava "... mas, papai..." e ela me tinha na ponta dos dedos.

E logo a Hailey, escorregando para a terra logo após a irmã, e graças a ela decidimos que dois meninos e duas meninas estavam ótimos demais, já que minha caçula, com seus agudos olhos castanhos, se mostrou um pequeno pandemônio. Meu temor por Hailey é que um dia sua boca iria conseguir que a matassem, pois ela não media palavras, mesmo na tão tenra idade de 4 anos, além de possuir uma inacreditável memória para palavrões e uma acuidade impressionante para usá-los no momento correto. Como quando ela mesma desenhou nos relatórios semanais de uma apresentação importante para um projeto novo e quando eu a questionei sobre o que ela achava daquilo ela disse "acho que você esta na merda...", bom, graças aquilo eu estava mesmo, e levei um maldito tempo para arranjar outra cópia. Uma moeda para o pote dos palavrões da Hailey. Com mais algumas e ela poderia pagar sozinha uma viajem à China e uma estadia num hotel. Além da sua afeição a objetos pontiagudos e brilhantes que poderiam machucá-la de verdade.

Além de cada uma das vezes que ela sozinha se meteu em problemas muito maiores que seu miúdo corpinho infantil poderia se livrar, graças a isso e ao número de crianças dentro de casa, decidimos que já tínhamos o suficiente de filhos... entretanto, numa manhã Alison me fitava de um jeito particularmente homicida na mesa do café da manhã enquanto virava chá de hortelã em uma xícara.

— Eu acho que você deve contatar um bom advogado e processar o maldito cirurgião. — Ela disse de repente por sobre a xícara, eu ergui a cabeça e uma sobrancelha tentando pescar o sentido da conversação.

—Mamãe disse uma palavra feia, pague o potinho agora!—Hailey disse batendo uma colher na mesa, mas Alison somente a ignorou.

—E de que diabos você está falando?— Perguntei pousando minha própria xícara sobre a mesa, e ao redor da mesa, nossos quatro filhos giravam suas cabeças na direção de quem falava.

—Que talvez fizemos alguma coisa errada durante a sua recuperação, você disse que já estava bem, me garantiu que estava... — senti meu rosto se aquecer repentinamente, quando concluímos que não desejávamos mais crianças poucos meses atrás, eu considerei a vasectomia por ser uma cirurgia mais simples e de recuperação rápida e logo a fiz—Eu estou grávida, Josh. De novo!

Em minha defesa, apesar de ter seguido todas as prescrições médicas, feito todas as compressas, o repouso e permanecendo com as camisinhas como método contraceptivo, eu não contava que os trinta dias dados pelo cirurgião não houvessem sido suficientes para eliminar todo o esperma residual.

Devagar, tentando organizar aquela informação na cabeça da maneira mais pacífica possível, apertei o dorso do meu nariz com o polegar e o indicador e inspirei, logo esfreguei uma mão no rosto e olhei novamente para minha mulher do outro lado da mesa. Alison não estava realmente zangada, seu olhar homicida já havia se desfeito, mas ela ainda estava surpresa. As crianças nos observavam atentamente, esperando saber o que deviam fazer.

  — Me desculpem, — Tamara invadiu a sala de jantar as pressas, ainda amarrando os cabelos. — eu me atrasei, crianças. Acabei dormindo demais, eu sinto muito...— Ela se calou, notando o ar que rodeava a mesa.

  — Meninos, por que vocês não vão tomar um banho de piscina agora? — Eu lhes pedi. — Tamara pode levar vocês.

Apertando os lábios, Tamara pegou as meninas pela mão e chamou os garotos para que a seguissem.

Eu me levantei de onde estava para me sentar na cadeira mais próxima a Alison e agarrei sua mão entre as minhas.

— O que eu vou fazer? — Ela disparou a pergunta— Cinco crianças, Josh! Cinco! Eu mal consigo dar conta de quatro, mesmo com a Tamara como babá.

— Está tudo bem, Alison... Podemos incluir outra babá se você quiser.

— Não se trata disso, é... Como isso foi acontecer?

— Bom... Ainda temos um quarto para encher. — Minha provocação sutil tinha a intensão de fazê-la rir e se sentir mais aliviada.

— Isso não é uma piada.

— Alison, o que você quer que eu diga? Eu te amo e você tem todo meu apoio, mas a decisão é sua. 

O bebê finalmente nasceu as 11:23h da manhã, após 8 horas de trabalho de parto. Pesando 3 kg e medindo 48 cm. Mantivemos tudo como uma surpresa, não quisemos saber o sexo até o último minutos, quando finalmente escorregou de dentro do útero materno para a água morna e eu amparei o pequeno corpinho escorregadio e chorei junto com Alison. Uma filha. Um momento delicado dividido por mim e por Alison, além de uma Doula e da enfermeira-obstetra. Diferente dos outros quatro que nasceram em um hospital, nossa pequenina nasceu no berço e no calor do lar e cada minuto foi intenso, assustador e maravilhoso. Senti meu peito se enchendo de orgulho por Alison ter decidido que daquela vez queria sentir a criança do início ao fim, sem tubos em suas veias e nem drogas no seu organismo, sem um monte de mãos estranhas levando nossa filha para longe e só retornando depois de horas, ela queria participar de tudo e queria acima de tudo que eu fosse uma parte mais ativa no processo.

— O bebê pode tomar banho de piscina?— Emma perguntou ajoelhada no bordo da piscina inflável a qualquer um que se propusesse a responder. Tate ainda estava com um pouco de sono pois o trabalho de parto havia começado bastante cedo e logo a casa ficou agitada com os preparativos para o nascimento, então ele tirava uma soneca no sofá.

— Acho que pode. — Tommy respondeu distraído com o seu game boy.

— Olha, está saindo! Está saindo!— Hailey gritava apontando o dedinho. O resto dos adultos preferiram manter o silencio, permitindo que somente a Alison falasse e gemesse para aliviar a dor.—  Oh, merda, olha isso!

— Hailey!— Eu a repreendi voltando a cabeça em sua direção— Menos vinte centavos.

— Josh!— Alison ficou mais firme e se colocou sobre seus joelhos, levou uma mão para baixo e com a outra se apoiou nos meus braços.

Seu rosto estava corado, tenso. Todo seu corpo estava concentrado, focado em uma só coisa. Alison tremia rigidamente pela força que fazia, e estava determinada a não desistir. "Ter uma cabeça saindo de dentro da sua vagina não deve ser fácil sem nenhum bom relaxante muscular" eu pensei, evitando rir de nervosismo. Alison de repente levou sua outra mão para o meio das coxas e puxou o recém nascido de dentro do seu corpo, finalmente podendo se sentar, recostar e tentar se recuperar. A peça que faltava nas nossas vidas foi posta no seu devido lugar. A emoção em mim não podia ser nomeada, depois de enxugar os meus olhos acariciei brandamente o seu pequeno rostinho e ela ergueu sua miúda mãozinha e apertou meu indicador, como se reconhecesse o meu toque e o meu calor de todas as vezes que toquei o ventre arredondado da mãe dela desde meses atrás e dissesse "Oi, dada". Eu era papai outra vez... E eu estaria fodido dali em diante.

— Eu achei que só Emma poderia me dobrar fácil, mas... — Eu perdi o fôlego outra vez e Alison deu uma fraca risada.

— Esta é a manipuladora, Emma foi um refresco.

Sim, ela tinha razão. Eu estaria aos diminutos pés desta, sem mais nem menos.

— Ela é tão linda... — Eu sussurrei, sabendo que ainda estava chorando.

— É.— Ela concordou alisando a ponta dos dedos nas bochechinhas do bebê e sussurrando docemente — Olá, Olivia... Bem vinda à bagunça. 

— Olivia? — Meu coração se confrangeu ao ouvi-la dizer o nome da nossa nova filha.

— Achei que você fosse gostar. — Me limitei a menear a cabeça e a beijei apaixonadamente.

A enfermeira tomou as providências para examinar o bebê e conferir se tudo estava bem enquanto a doula ajudava Alison a sair da água e ir se trocar. De repente as crianças queriam muitas coisas ao mesmo tempo e eu as levei à cozinha para almoçarem, era domingo e Tamara estava de folga então eu devia servir aos quatro sozinho. Preparei uma refeição nutritiva o mais rápido que pude para poder ajudar a Alison com o pós-parto e deixá-la tranquila.

  — Certo, me ouçam bem agora, crianças. — Avisei me abaixando na altura dos monstrinhos sentados a mesa— Mamãe está muito cansada agora e precisa de repouso. Então nada de gritos e nada de bagunça, quero que liguem a televisão e assistam aos seus desenhos favoritos sem nenhuma briga - Tate e Hailey, isto foi para vocês dois - e qualquer coisa que queiram venham me chamar.

As quatro cabecinhas loiras se sacudiram numa afirmativa e eu pude respirar tranquilamente. Os levei até a sala e entreguei o controle ao mais velho avisando que ele devia ficar de olho nos outros. Fui até o nosso quarto e Alison havia terminado de se trocar e amamentava a Olivia, ela me fitou relaxadamente e me deu um sorriso preguiçoso.

— 5 da sorte? — perguntei me aproximando da cama.

— 5 da sorte...— Ela repetiu cansadamente e logo impôs com veemência — Chega de bebês!

— Certo. — Concordei plenamente, beijando o topo da cabecinha da minha filha e, em seguida, os lábios da minha mulher.


FIM

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